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Quem foi Benito Mussolini: o líder do fascismo italiano

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Benito Mussolini nasceu em Predappio, no norte da Itália, no dia 29 de julho de 1883, e podemos afirmar que seu período como líder do fascismo italiano é usado como receita do que não fazer na política.

Todavia, por mais fortes que hoje sejam as críticas ao fascismo, muitos dos seus adversários compartilham diversas características essenciais daquilo que diziam desprezar. Esses antifascistas originam-se de personagens e movimentos que, na década precedente à Segunda Guerra Mundial, admiravam as ideias de Mussolini.

Entre os exemplos, o laureado pelo prêmio Nobel de Literatura de 1925 e reconhecido socialista, George Bernard Shaw, por exemplo, afirmou que, antes de tudo: “Mussolini, [Mustafa] Kemal, [Jozef] Pilsudski, [Adolf] Hitler e o resto podem contar comigo para julgá-los pela sua habilidade de entregar bons resultados e não por … noções confortáveis de liberdade”.

Além dele, Franklin Delano Roosevelt (FDR), presidente dos Estados Unidos entre 1933 e 1945, e seu governo manifestaram admiração pelo fascismo italiano. Entretanto, as rivalidades criadas na Segunda Guerra Mundial abafam, daí em diante, a proximidade entre esses estilos intervencionistas de governar, a ponto de considerarmos o “capitalismo” de FDR como oposto ao fascismo de Mussolini.

Nesse sentido, a história do chamado “Duce” (líder em italiano) até a guerra faz-se de interesse por revelar muito dessa relação entre fascismo, nazismo, socialismo e intervencionismo. Além do que, de uma forma ou outra, a ideologia fascista e o combate a ela moldou todo o cenário político desde as batalhas entre os Aliados e o Eixo até os dias de hoje.

O passado socialista de Mussolini 

Sob influência de seu pai, um ferrenho anarquista, Mussolini se filiou ao Partido Socialista Italiano em 1900, pouco antes de receber seu diploma de professor em Forlimpopoli, no norte da Itália. Em termos de militância, ele se tornou um sindicalista importante. Entre 1902 e 1904, quando viveu na Suíça, juntou-se a outras lideranças sindicais e trabalhadores, lutando pela destituição do capitalismo por meio de greves gerais e ações violentas. Não à toa, foi preso no cantão de Berna em 1903 por defender abertamente uma greve geral violenta.

Além disso, Mussolini tornou-se um prolífico jornalista, contribuindo para diversos jornais socialistas Itália afora e sempre divulgando as ideias que lhe inspiravam: o sindicalismo de Georges Sorel, os socialistas Gustave Hervé, Friedrich Engels e Karl Marx e o anarquista Errico Malatesta. Inclusive, ele traduziu textos dos filósofos Friedrich Nietzsche, Arthur Schopenhauer e Immanuel Kant, o que atestava seu intelectualismo de forma geral.

Aqui, merece destaque a sua ascensão ao cargo de editor do jornal Avanti! em 1912, que pôs a figura do líder italiano em ainda mais evidência. Não apenas isso: a tiragem do jornal cresceu consideravelmente com a sua contribuição, assim como novos ingressos no Partido Socialista.

O passado socialista de Mussolini atesta a tese que o economista austríaco Friedrich Hayek advoga no seu livro O Caminho da Servidão: “Não menos significativa é a história intelectual de muitos líderes nazistas e fascistas. Todos os que têm observado a evolução desses movimentos na Itália ou na Alemanha surpreenderam-se com o número de líderes, começando por Benito Mussolini … que, a princípio, foram socialistas e acabaram se tornando fascistas ou nazistas” (O Caminho da Servidão, p. 101).

Além disso, complementa Hayek: “É verdade que, na Alemanha, antes de 1933, e na Itália, antes de 1922, comunistas e nazistas ou fascistas entravam mais frequentemente em conflito entre si do que com os outros partidos. Disputavam o apoio de pessoas da mesma mentalidade e votavam uns aos outros o ódio que se tem aos hereges. … Para ambos, o verdadeiro inimigo, o homem com o qual nada tinham em comum e ao qual não poderiam esperar convencer, era o liberal da velha escola” (O Caminho da Servidão, p. 101-2).

A ruptura de Mussolini com o Marxismo e a marcha sobre Roma 

Apesar de inicialmente ter sido contra a participação na Primeira Guerra Mundial, o posterior apoio de Mussolini à participação na Grande Guerra acabou por expulsá-lo do Partido Socialista. Isso porque sua posição intervencionista conflitava com aquela de muitos líderes do partido e o dissidente usou diversas vezes suas colunas, sobretudo no Avanti!, para criticar as lideranças pacifistas.

Para ele, entrar no conflito era uma questão de fazer dela uma guerra revolucionária. Além disso, ele defendeu que as circunstâncias do cenário exigiam uma revisão das bases do Marxismo ortodoxo. Sua visão naquele momento era de que a identidade nacional tornou-se mais importante que a classe social, e qualquer revolução social deveria levar em conta a nação. Em um discurso proferido no dia 28 de dezembro de 1914, em Gênova, ele disse: “A classe não pode destruir a nação. A classe se revela como um conjunto de interesses, mas a nação é uma história de sentimentos, tradições, língua, cultura e linhagem. A classe pode se tornar parte integrante da nação, mas uma não pode ofuscar a outra”.

Na sua defesa do nacionalismo, entretanto, Mussolini citou diversos teóricos marxistas como embasamento, inclusive o próprio Marx. Sua ruptura com o Marxismo tradicional levou-o à criação do Partido Revolucionário Fascista em 1915.

Nos anos subsequentes, houve diversos Congressos Fascistas e manifestações divulgando a ideologia, catapultando a figura de Mussolini a destaque nacional. A adesão aos “camisas negras”, como ficaram conhecidos os militantes fascistas, cresceu até que, em 1922, a insatisfação com o governo do recém-eleito primeiro-ministro Luigi Facta levou a movimentações em direção à “revolução fascista”.

Entre os dias 27 e 31 de outubro, organizou-se a Marcha sobre Roma, uma grande manifestação na capital do país denunciando abertamente o socialismo e o governo de Facta. Em decorrência do seu sucesso, o rei Vítor Manuel III declarou Mussolini o primeiro-ministro, procurando manter a estabilidade nacional, mas sua ascensão tinha apoio do exército e das elites econômicas também.

A participação da Itália na Segunda Guerra Mundial

Até 1925, Mussolini consolidou seus poderes e efetivamente tornou-se um ditador, impondo censura à imprensa. Até 1929, ele desmontou paulatinamente as instituições italianas, mesmo que inconstitucionalmente, até formar um estado totalitário, em que as liberdades de expressão e associação foram desmanchadas.

Com o despertar da Segunda Guerra Mundial, o Duce viu no conflito uma oportunidade de realizar seu desejo de reconstruir o grande Império Romano e restaurar os dias de glória da Itália. Mesmo sabendo que seu exército não estava pronto para o domínio da Europa, mas convencido de que a guerra logo terminaria, visto o até então sucesso da Alemanha de Hitler, Mussolini entrou na guerra em junho de 1940 do lado do Eixo.

Entretanto, a participação dos italianos não foi de todo produtiva. Em primeiro lugar, porque as ações do seu exército não foram coordenadas com os nazistas e, em segundo lugar, porque o Duce escolheu aquelas batalhas que, pensou, o levariam mais perto do seu sonho de ver a Grande Itália.

Seus fracassos nas campanhas, sobretudo no Egito e na Grécia, levaram-no a pedir socorro às forças alemãs, que, de prontidão, ajudaram. Essa ajuda, porém, desviou o foco e recursos de Hitler, o que atrapalhou os planos do Terceiro Reich, principalmente na invasão à União Soviética. Isso contribuiu decisivamente para o resultado da guerra, dando uma vantagem aos aliados.

Em 1945, ao caminhar para o final da guerra, Mussolini foi capturado pela Resistência Italiana, grupo diverso de opositores que o mataram no dia 28 de abril, juntamente à sua esposa Clara Petacci.

Os corpos foram expostos pendurados de cabeça para baixo em uma praça, a Piazzale Loreto, diante de uma multidão em fúria.

O fascismo ainda vive hoje, disfarçado de antifascismo 

A jornada de Benito Mussolini até o fascismo é muito interessante, sobretudo porque revela uma relação entre os intervencionistas de maneira geral. Essa relação é apagada nos dias de hoje, mesmo sabendo que os ditos “antifascistas” apresentam diversas características atribuídas ao fascismo.

O economista austríaco Ludwig von Mises, escrevendo durante a Segunda Guerra Mundial, relata um cenário que lembra muito parte das relações políticas de hoje:

“O fascismo … foi uma variante do socialismo italiano. Ajustou-se às condições específicas das massas na Itália superpopulosa. Não foi uma criação da mente de Benito Mussolini e sobreviverá à queda de Mussolini.… Nos últimos anos, as inovações semânticas dos comunistas avançaram ainda mais. Chamam de fascista todos de quem não gostam, todo defensor do sistema de livre iniciativa. O bolchevismo, dizem eles, é o único sistema verdadeiramente democrático. Todos os países e partidos não comunistas são essencialmente antidemocráticos e fascistas.’ (Caos Planejado, p. 186 e 187)

Nesse sentido, combater o fascismo, na verdade, deveria significar combater, de modo geral, as pautas intervencionistas. Afinal de contas, aqueles a quem os fascistas realmente odeiam são os defensores do livre mercado e da livre iniciativa.

*Artigo publicado originalmente no site Ideias Radicais. Matheus Fialho estuda e trabalha com Engenharia Eletrônica e de Telecomunicações em Belo Horizonte.

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