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Lições de Caracas

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Símon Bolívar era militar, político, latifundiário e oligarca. Estudou na Europa, conviveu com a aristocracia e assistiu à coroação de Napoleão. Flertou com as ideias socializantes de Rousseau e liberalizantes de John Locke. Exercitou os ensinamentos do revolucionário francês e, ainda que apreciasse, nunca estabeleceu uma sociedade liberal, como pregava o filósofo inglês.

Personificou papéis paradoxais. Foi aclamado El Libertador e o grande ditador do Continente, que lhe deve a independência. Foi comparado então a George Washington. Hoje é confundido com tiranetes como Hugo Chávez, que de Bolívar, apropriou-se apenas do gosto pela farda e pelo poder. Chávez e seu sucessor, Nicolás Maduro, inspiraram mais o grande general do que foram inspirados por ele.

El Libertador conhecia tipos como estes já há 200 anos. Por isso, não acreditava na possibilidade de replicar a experiência norte-americana, de uma república constitucional, fundada na liberdade individual, no direito de propriedade para a busca da felicidade.

Bolívar entendia que deveria reger a política com pulso firme; considerava a sociedade hispano-americana submetida, como dizia, ao triplo jugo da ignorância, da tirania e do vício. Passados dois séculos, ainda vivem assim.

Aqui no Brasil, colonizado por burocratas portugueses, temos a mesma infelicidade. Não se trata de determinismo histórico; apenas nunca demos a devida atenção aos aspectos culturais e filosóficos que transformariam esta parte da América em um continente de nações desenvolvidas.

Desde os primórdios, a Humanidade segue por caminhos diversos, que se chocam sistematicamente. Um, mantém o Homem como um ser sinistro, místico, afeito à violência, avesso ao entendimento, à cooperação, ao uso da razão. Outro, que ilumina a mente através do reconhecimento da realidade, da eleição de princípios éticos que enobrecem e fazem com que todos prosperem. O primeiro caminho é trilhado por bandos. O segundo, por indivíduos. Sob o triplo jugo da ignorância, da tirania e do vício, chegamos até aqui, convivendo com a violência e a miséria, resultados de uma cultura retrógrada, eivada de coletivismo, focada na luta política deletéria e cega ao caos social institucionalizado. Construir nosso futuro em direção do desenvolvimento é possível e necessário.

John F. Kennedy dizia: “Aqueles que tornam impossível uma revolução pacífica tornam inevitável uma revolução violenta.”

A revolução pacífica, que ainda não passou por aqui, chama-se capitalismo – sistema social que transforma a sociedade naturalmente, criando o novo e o melhor, destruindo o obsoleto e o ruim, sem violência. Entender que o indivíduo é um fim em si mesmo, que tem o seu próprio propósito de vida; que as relações sociais devem ser livres, espontâneas e voluntárias, em regime de cooperação para benefício mútuo, criando valor para todos, são as condições básicas para uma revolução pacífica perene que gere paz e prosperidade. Temos insistido no outro caminho, do uso da força e da opressão. Enquanto assim for, veremos o que sempre se viu: a violência como padrão de revolução.

* Artigo publicado originalmente em 26 de Fevereiro de 2014.

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Roberto Rachewsky

Roberto Rachewsky

Empresário e articulista.

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