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Quando o nacionalismo é ferramenta de políticas públicas

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Se o ano é de Copa do Mundo, boa parte dos brasileiros se prepara para acompanhar os jogos, compra camisa da seleção, torce, chora e grita desesperadamente para o fulano fazer gol. Não tem jeito, Copa desperta paixões e rivalidades e é, muito provavelmente, o momento de maior patriotismo do povo brasileiro.

Curioso reparar como cidadãos ao redor do mundo demonstram a ideia de amor à pátria de formas distintas. Nos EUA, por exemplo, não é incomum avistar bandeiras americanas hasteadas permanentemente em frente às casas das pessoas.

O acadêmico britânico Michael Billig, em seu trabalho mais conhecido, intitulado Banal Nationalism, infere que nações ocidentais dependem fortemente de símbolos nacionais em seu cotidiano, seja na forma de competições esportivas ou pelo próprio uso de expressões como  “nós” ou “nosso”.

Billig afirma que a banalidade dessas manifestações cotidianas levou alguns cientistas sociais a negligenciar seu caráter real, rotulando-as positivamente como patriotismo e não com o impetuoso peso do termo “nacionalismo”. Contudo, seriam essas reproduções triviais que possibilitariam a mobilização de sentimentos nacionais em momentos de crise e estimulariam o apoio às ações e intervenções dos governos.

A ideia de nacionalismo foi amplamente usada tanto para justificar guerras quanto para apoiar a construção de Estados de bem estar social. Na esfera econômica, inclusive, foi (e ainda é) invocada para proteger ou subsidiar setores considerados “estratégicos” para a nação.

O que se observa é que, muitas vezes, o sentimento nacional é vítima da invocação nefasta de governos que, em última análise, pouca preocupação dispensam aos seus cidadãos.

Robustecendo essa ideia, o economista Murray Rothbard afirma que o Estado usa acusações de deslealdade e traição para levar as pessoas a lutar por ele. Guerra e revolução são comumente as duas ameaças básicas que, invariavelmente, despertam nos governantes seus maiores esforços e propaganda para mobilizar o povo a apoiar o Estado na crença de que está defendendo a si próprio.

Rothbard aponta que a falácia da ideia torna-se ainda mais evidente quando analisamos a obrigatoriedade do alistamento militar, ou seja, por meio de coerção, o Estado nos obriga a defendê-lo, mas contra essa obrigatoriedade o povo não tem defesa.

A verdade é que grande parte dos governos estão mais interessados em proteger a si mesmo do que a seus súditos; basta lembrar como são punidas as ações dirigidas contra eles, tais como crimes de opinião, conspirações, sonegação de impostos ou falsificação de dinheiro.

Durante a História, são vários os exemplos de governos que, em nome do sentimento patriótico, angariaram apoio da população para projetos em causa própria, como o ocorrido na África do Sul de Nelson Mandela, que, apesar de gozar do título de herói do apartheid, endossou o genocídio, perseguiu opositores, lucrou com esquemas políticos (a exploração de diamantes sendo um deles) e violou direitos humanos.

No Brasil da era Vargas, por meio de campanhas ufanistas que utilizaram slogans como “Ninguém segura esse país”, ocorreu um fechamento para as importações e um grande investimento (com dinheiro público) em empresas estatais, tais como Petrobras e Companhia Siderúrgica Nacional.

Não há qualquer problema no sentimento de apego à sua própria terra natal, mas, quando falamos de governo, o sistema político empregado só tem valor na medida em que ajuda os indivíduos a sobreviver e prosperar.

Lutar por seu país é valioso na medida em que protege seu interesse como indivíduo. Não há traição em se recusar a lutar para preservar um governo cuja agenda pauta-se na criação e manutenção de políticas que restringem os direitos básicos às liberdades.

Ao longo dos anos, narrativas políticas foram construídas com base na suposição de que tínhamos algo em comum e o prezávamos, a ponto de nos sacrificarmos como indivíduos por isso. A menos que tenhamos a liberdade como valor máximo a ser protegido, continuaremos assistindo às aberrações capitaneadas por governos voltados à sua exclusiva conveniência.

​​Quem dera o furor causado pela Copa do Mundo fosse o mesmo despertado pela defesa da liberdade.

Juliana Maia Bravo Klotz – Associada Trainee do Instituto Líderes do Amanhã.

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