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Paulo Freire e o viés marxista na educação brasileira

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Poderia ter escrito este texto em 15 de outubro, no famigerado dia do professor, pois o tema teria encaixe perfeito com a data em que o Brasil, polarizado em seu ápice, se digladiou em dois âmbitos: aqueles que acreditam que Paulo Freire é responsável por todos os problemas educacionais desde que o Padre Anchieta abriu o primeiro colégio brasileiro, e aqueles que acreditam em Paulo Freire como um dogma, considerando que toda sua defesa da educação é perfeita e inquestionável.

Como professor e liberal, não tenho apreço nenhum pelas ideias de Freire e nunca tive, mesmo quando ainda me formava um liberal. Porém, diferentemente das disputas entre preto e branco de eventuais narrativas sobre a educação, tudo nesta vida se trata de tons de cinza em degradê onde aparecem o brilhantismo e o erro crasso de toda figura.

No caso de Freire, ressalto apenas um único ponto de brilhantismo: a crítica ao modelo de educação conteudista, chamado por ele de “educação bancária”, em que ele exemplifica que os vícios do ensino brasileiro se manifestam nos professores que acreditam que basta entregar toneladas de conteúdo para o aluno e esperar que alguma manifestação, como se fosse uma taxa de rendimento de poupança, funcionasse a favor do aluno.

Por outro lado, seus erros crassos se empilham: Freire acreditava no fracassado modelo de alfabetização global, que já fora banido em países da OCDE por causar atraso no desenvolvimento educacional; Freire pouco menciona trabalhos pedagógicos relevantes em sua obra, como Maria Montessori ou Levy Vigotski, preferindo revolucionários marxistas como exemplos, tais quais Ernesto “Che” Guevara, Fidel Castro e Lenin; defendia uma educação supostamente crítica cujo único objetivo possível era a crítica ao capitalismo e a aceitação da superioridade moral do socialismo; e o grande produto de sua obra como educador, a alfabetização em tempo recorde dos moradores de Angico, fora alvo de questionamentos acadêmicos antes de seu mútuo endeusamento pela esquerda brasileira, e seu relato da experiência se perde num misto confuso de explicações metodológicas com relatos emocionados da alfabetização, sem explicar como mediu os resultados como uma alfabetização de sucesso em apenas 45 dias em uma situação jamais repetida na história do mundo.

Freire, em grande parte, é estudado mundo afora como um filósofo da educação de viés marxista, explicando o motivo de Freire ser tão citado no exterior, principalmente por ser um lobo solitário na matéria educacional quando se trata da tradição de esquerda com relevância para ser levado minimamente a sério.

Sua elevação a patrono da educação brasileira deriva totalmente da influência petista no governo brasileiro. Paulo Freire fora elevado em 2012, no primeiro mandato do governo Dilma, como patrono da educação, para a alegria dos dogmáticos de plantão que adoram Freire sem nunca ter tocado em um de seus livros.

A posição ideológica que favoreceu Freire criou falsas concepções, como a de que seus métodos são aplicados em larga escala no país e que todos os defeitos do sistema de ensino são sua culpa. Fato é que é apenas uma posição ideológica sustentada pelo Partido dos Trabalhadores enquanto governo.

Desde a elevação de Freire a patrono da educação, nada mudou em termos educacionais. A LDB, Lei de Diretrizes e Bases, que rege a educação nacional, não sofreu nenhuma grande alteração relevante, exceto a inclusão de programas de estudos de cultura indígena e africana.

Porém, a posição simbólica de Freire é resultado da ascensão estética petista enquanto governo federal, uma vez que figuras muito mais relevantes para a educação se tornaram ignoradas por aquele que fora filiado do petismo a certa altura do fim da vida.

Figuras como Anísio Teixeira, grande mentor da Escola Nova, símbolo de resistência contra o autoritarismo do Estado Novo de Vargas, precisam ser resgatadas como verdadeiros patronos da educação por suas verdadeiras contribuições em obras sólidas para o país, ao invés de ideólogos preocupados com resoluções revolucionárias e histórias milagrosas de regiões distantes.

O resgate dos verdadeiros símbolos nacionais deve começar o mais cedo possível.

*Artigo publicado originalmente na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

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