As consequências da “cultura do cancelamento”
A chamada cultura do cancelamento tem origem certa e conhecida. Quando a verdade incomoda, cancela-se a verdade em vez de abraçá-la. Os canceladores da verdade que incomoda abraçam a falsidade, o subjetivismo, o arbítrio, e são apoiados por aqueles que como eles enxergam o mundo sob seu prisma muito particular e falso.
A verdade cancelada leva a uma sucessão de cancelamentos sem fim, até que começa a doer a parte mais sensível do corpo humano: o bolso. Cancelamentos são deletérios, niilistas; não poderia ser diferente quando o primeiro cancelamento é a verdade.
Cancelamentos não resgatam a verdade, apenas iniciam uma trajetória infindável de negações. Querer restabelecer a verdade requer mais do que cancelamentos. Requer saber a verdade para colocá-la de volta no lugar.
Cancelamentos são um alerta de que algo está errado e requer a atenção do cancelado para revisitar as premissas que o fizeram alvo de um cancelador.
Cancelamento não é um fim em si mesmo. Deve ser o início de um processo de revitalização da verdade, do que é certo, do que é justo, do que é moral, sob um prisma objetivo, universal, filosófico. Lembrem-se de que, na vida, o cancelamento derradeiro é a morte.
Ontem eu cancelei minha conta do iFood. Perdi eu, perdeu o iFood, mas a minha integridade moral se manteve intacta. Eu sou livre para me associar com quem eu quiser e eu me sinto no dever de julgar quem age imoralmente. Não basta cancelar, tem que expor e criticar.