O pós réveillon e os incentivos errados
Há quem recrimine a elite pela sujeira deixada nas praias e nas ruas adjacentes após o réveillon.
Talvez muitos dos que emporcalharam o local público sejam os mesmos que passaram o réveillon com os familiares e amigos nos condomínios chiques onde se comportaram exemplarmente.
Essa meninada foi majoritariamente educada com mensagens do tipo “não se preocupe filhinho, deixa que eu resolvo”; ou pior, “não te preocupa cidadão, o estado está aqui para servir e resolver todos os problemas do berço ao caixão”.
Ora, ora, o espaço público é terra de ninguém. A tragédia dos comuns é uma teoria obtida da observação da realidade ao longo de milênios e da aplicação da lógica para definir causas e consequências que envolvem o fenômeno da inexistência da propriedade privada.
O problema não é de educação, que é péssima, mas de incentivos. Se fosse em uma festa privada, isso não aconteceria ou, se acontecesse, o dono do lugar já teria tomado as providências cabíveis.
Isso é consequência de uma geração hedonista formada com a meia entrada, o almoço grátis, a cota para privilegiados e com a ideia de que piratear o que outro produziu para viver não tem nada de mau.