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O Socialismo do Futebol Americano.  Será?

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Um leitor do blog pede que comentemos sobre o pretenso sistema socialista que estaria por trás da poderosa liga de futebol americano, NFL – National Football League.

A analogia com o socialismo é fácil de explicar. NFL impõe aos seus associados não apenas a obrigação de pagar salários mínimos, negociados com o sindicato dos jogadores, mas salários máximos também (na verdade, um montante bruto anual total que pode ser gasto com o pagamento de salários aos jogadores), a fim de impedir a “concorrência predatória”.

Além disso, novos jogadores são selecionados a partir de um pool comum de atletas recém saídos das universidades, muitas delas financiadas com dinheiro público.  Detalhe: os últimos colocados da última temporada têm prioridade nas contratações. Assim, o pior time pode escolher em primeiro lugar, o penúltimo em segundo e assim sucessivamente.  Para muitos, isso seria premiar o fracasso.

Também não há hipótese de queda de times para divisões inferiores, nem tampouco um sistema de acesso. Um time pode perder todos os jogos do ano (como já ocorreu), e ainda assim estará disputando o campeonato no ano seguinte: a liga é uma sociedade fechada e você só consegue acesso a ela adquirindo uma das franquias – que custam muito caro, evidentemente.

E a coisa não pára por aí: existe um programa de partilha de receitas, principalmente de TVs e de merchandising (venda de uniformes).  Como se pode notar, tudo é feito no sentido de que exista um grande equilíbrio de forças, não apenas técnico, mas até mesmo financeiro entre as equipes.  Enfim, trata-se de um sistema eminentemente “igualitarista” e “distributivista”.

Por conta dessas regras, muitos analistas e comentaristas dizem que o sucesso da NFL, cujos estádios ficam absolutamente lotados a temporada inteira, e as receitas com transmissões de TV crescem ano após ano, devendo superar a marca de incríveis US$ 5 bilhões em 2015, se deve à implementação de princípios socialistas pela NFL.

Será mesmo?

Para início de conversa, a NFL é uma entidade de privada que, como qualquer organização social e/ou econômica, detém o direito de elaborar seu próprio estatuto. Aquelas regras acima mencionadas, concordemos com elas ou não, foram elaboradas visando principalmente à maximização das receitas e dos lucros de seus sócios.  Há algo mais capitalista no mundo que maximização de lucros?

Por outro lado, o igualitarismo voluntário, como o que é praticado pela NFL, com vista a equilibrar as forças e tornar os jogos mais competitivos e, portanto, atrativos para o público, difere muito do igualitarismo autoritário, defendido por marxistas e socialistas em geral, que invariavelmente concede ao Estado, independentemente das vontades e escolhas individuais, o poder de decidir sobre tudo e todos.

A NFL não é uma entidade estatal com poder de polícia para confiscar a propriedade privada dos indivíduos. Ela vende um produto, que só pode ser adquirido de forma voluntária pelos consumidores e fãs do esporte, tanto nos EUA quanto resto do mundo. (Vale destacar que o torneio de futebol americano tem ganhado muitos fãs até mesmo no Brasil, onde muitos jogos são transmitidos pela rede ESPN Internacional, para horror dos nacionalistas e antiamericanistas de plantão.)

Em resumo, a NFL é uma corporação totalmente livre para ditar suas próprias regras, e o objetivo de seus sócios, ao fazerem essas regras, não é outro senão maximizar os lucros e minimizar as perdas, como ademais qualquer outro negócio, na América ou em qualquer país capitalista do planeta.

Enfim, enxergar socialismo num arranjo empresarial absolutamente livre e voluntário, cujo objetivo maior é maximizar os lucros de seus associados, através da satisfação do consumidor, é coisa de sofista, que provavelmente não tem mais o que fazer.

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

4 comentários em “O Socialismo do Futebol Americano.  Será?

  • Avatar
    26/10/2015 em 11:44 am
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    É um show para os telespectadores ver o “socialismo” da NFL. A diferença é que os jogadores podem, no fim do jogo, voltar ao capitalismo.
    O socialismo/comunismo nos países SERIA um espetáculo (uma espécie de museu humano, como os que tentam fazer com os indígenas), não fossem os aspectos desumanos do circo de horrores.
    Uma coisa é um suposto socialismo voluntário em uma liga esportiva, sendo o esporte apenas um aspecto da vida do atleta, feito para agradar aos espectadores. Outro é submeter a população inteira à falta de papel higiênico.

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    23/10/2015 em 7:44 pm
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    muito grato pela atenção….valeu mesmo

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    23/10/2015 em 7:43 pm
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    Excelente artigo, Mauad. Você só esqueceu de mencionar que os times da NFL não são empresas independentes como os clubes brasileiros de futebol, eles são FRANQUIAS de uma única empresa, a NFL. Isso faz toda a diferença, pois a NFL pode assim implementar uma política única para maximizar a receita de toda a liga, e não apenas de um ou outro clube, como ocorre no Brasil. Na década passada, os clubes organizaram uma união e negociavam conjuntamente os direitos de transmissão de TV para a Rede Globo. O Corinthians rompeu essa regra e decidiu negociar seus direitos independentemente para ganhar mais. Logo outros clubes fizeram o mesmo e, como resultado, a união se desfez e hoje cada clube negocia seus direitos de transmissão de forma independente. Como resultado, a soma das receitas com direitos de transmissão de todos os clubes é menor do que era antes do rompimento.

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      26/10/2015 em 10:31 am
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      Nada mais falso! Pelo contrário hoje todos os clubes, inclusive os menores, recebem muito mais do que quando existia o chamado clube dos 13, esta sim uma entidade criada para se fazer uma liga independente da CBF, mas que no fim era mais uma entidade burocratizada e sem função alguma e que drenava dinheiro dos clubes para mantê-la, Obviamente clubes maiores e que geram maior procura por seus jogos lucraram mais que os outros, entre estes o Corinthians e o Flamengo por razões óbvias.

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