fbpx

Escolas fechadas, o mote da “educação fica pra depois”

Print Friendly, PDF & Email

Na última semana de agosto de 2022, o Centro Nacional de Estatísticas da Educação dos EUA (NCES, na sigla em inglês) divulgou novos dados sobre o assustador declínio das pontuações em testes de aprendizagem aplicados a crianças de 9 anos desde o início da pandemia de COVID-19. Os dados indicam a maior queda em habilidades de leitura desde 1990 e a primeira queda registrada quanto ao desempenho em matemática.

O baque foi ainda maior entre os alunos que apresentavam dificuldades de aprendizado. Os resultados do LLT – sigla em inglês para Avaliação Nacional do Progresso Educacional – indicam que os 10% dos alunos naquelas condições tiveram desempenho quatro vezes pior do que os 90% de alunos de desempenho bom ou regular que, por sua vez, tiveram queda média de três pontos no teste desde o início da pandemia. Isso porque o afastamento prolongado da escola impede não apenas a aquisição de novos conhecimentos, mas também dificulta a consolidação dos conhecimentos anteriormente adquiridos.

No Brasil, os prejuízos do fechamento das escolas durante a pandemia também causaram enormes danos. De acordo com dados do Censo 2019, quatro em cada cinco crianças e adolescentes estão matriculados em escolas públicas, nas quais o retorno presencial foi ainda mais postergado na comparação com escolas particulares, sujeitando esses estudantes a impactos socioeducacionais ainda maiores. O abismo educacional que já existia antes da pandemia se agravou com o fato de que, além de muitos alunos da rede pública (e as próprias escolas) não deterem recursos tecnológicos para acompanharem remotamente as aulas, a merenda oferecida por instituições de ensino públicas tem papel crucial na alimentação diária de muitas crianças.

Além de toda a situação descrita, o ensino remoto ainda desmotivou pais a manterem a rotina escolar com os filhos, especialmente entre aqueles que trabalham fora, o que atingiu, principalmente, crianças em idade de alfabetização, que não possuem autonomia para os estudos. Não se pode ignorar, ainda, os impactos emocionais e físicos à saúde dos pequenos, já que a escola é o primeiro espaço público por eles ocupado. Os encontros com os colegas e o contato com professores oferecem aprendizados extremamente significativos para o desenvolvimento do indivíduo, sendo responsáveis, ainda, pelo fortalecimento da imunidade, considerando não só a interação humana, mas o contato com o exterior.

No entanto, a história poderia ter sido outra se medidas diferentes tivessem sido tomadas. Enquanto veículos de mídia culparam a pandemia pela devastadora perda de aprendizado, fato é que não foi “a pandemia” que forçou as escolas a fechar. Em vez disso, os esforços de muitos políticos e determinados sindicatos de professores mantiveram alunos fora das escolas por mais de um ano, muito depois que as evidências sugeriram que a COVID-19 representava pouco perigo para as crianças.

A ideia de fechar as escolas para manter as crianças seguras sempre foi combatida por aqueles que pautavam o raciocínio em dados. De acordo com a Agência Sueca de Saúde Pública, o país, que manteve as escolas primárias abertas durante toda a pandemia, não registrou mais casos de COVID-19 entre crianças do que a vizinha Finlândia, onde as escolas fecharam por alguns períodos. Coincidentemente (só que não), um estudo de 2022 publicado no International Journal of Educational Research revelou que os alunos suecos do Ensino Fundamental não sofreram perdas de aprendizado durante a pandemia.

Aqueles que lutaram para reabrir as escolas sabiam que elas eram (e são) essenciais, que as crianças enfrentavam o menor risco de desenvolvimento grave de COVID-19, e que justamente elas enfrentariam graves consequências do fechamento prolongado.

Infelizmente, a postura relaxada daqueles que acenaram positivamente à mão pesada do Estado pareceu impedi-los de enxergar que a apropriação dos poderes pelo governo em tempos de crise costuma permanecer em vigor muito depois dela. A fé no papel estatal de microgerenciar nossos comportamentos tirou de indivíduos a clareza de fazer as próprias escolhas, submetendo a conta àqueles em idade escolar.

A avassaladora perda de aprendizado sofrida pelas crianças nos últimos dois anos não era inevitável. Foi o resultado de escolhas feitas por quem não considerou cuidadosamente os danos educacionais em jogo e os esforços hercúleos que serão necessários para, no mínimo, atenuar os impactos no – já problemático – sistema educacional.

* Juliana Bravo – Associada I do Instituto Líderes do Amanhã.

Faça uma doação para o Instituto Liberal. Realize um PIX com o valor que desejar. Você poderá copiar a chave PIX ou escanear o QR Code abaixo:

Copie a chave PIX do IL:

28.014.876/0001-06

Escaneie o QR Code abaixo:

Instituto Liberal

Instituto Liberal

O Instituto Liberal é uma instituição sem fins lucrativos voltada para a pesquisa, produção e divulgação de idéias, teorias e conceitos que revelam as vantagens de uma sociedade organizada com base em uma ordem liberal.

Pular para o conteúdo