As eleições para o congresso americano não são exatamente as mais relevantes para o Brasil, mas elas não deixam de ser uma amostra interessante sobre como o caldo político americano está no momento.

As eleições mostram que os republicanos cresceram e assumiram a câmara dos deputados, o que não é surpresa, uma vez que o partido do presidente tende a perder cadeiras, independente de quem seja.

Mas, nesta eleição, os republicanos estavam projetados a disparar a vantagem nas duas casas, devido à impopularidade de Joe Biden, e iriam ser a maioria absoluta. No entanto, a situação não ocorreu como projetado.

Os republicanos assumiram, de fato, a maioria da Câmara dos Deputados, mas não o Senado, e a maioria dos deputados foi sensivelmente menor do que se esperava.

Muitos dizem que isso seria devido a terem superestimado a rejeição de Biden nesta eleição quando se olha em uma fotografia maior, mas, conforme se foca em alguns casos em específico, descobre-se que há uma outra mudança no próprio partido republicano que se mostra agora e que pode desenhar o futuro do próprio partido.

A maioria dos republicanos que perdeu cadeiras, seja na Câmara ou no Senado, são apoiadores convictos de Donald Trump, alguns no Senado do estado em que o partido republicano derrotou a figura do governador democrata incumbente, inclusive, como Nevada.

Em outros estados, majoritariamente democratas como Califórnia e Nova York, republicanos têm ganhado distritos que estavam há 30 anos com os democratas, e não é coincidência dizer que são distritos de candidatos longe da figura de Trump.

As mid-terms americanas mostram uma resposta de um país a seus presidentes e seus atos. Se, por um lado, uma boa parte deseja romper com o que se pensa sobre política e economia nos últimos 40 anos, por outro lado, irão punir aqueles que radicalizam a forma de mudar este pensamento.

Uma nação fundada, baseada e amadurecida na democracia mostra exatamente como reage a um momento crítico. E, no Brasil, este pensamento precisa ser fortalecido no sistema político para que se caminhe de forma mais assertiva.

* Artigo publicado originalmente na página Liberalismo Brazuca no Facebook.