Em nossa sociedade, impera a crença e a defesa de que devemos construir um mundo em que o bem-estar social esteja acima de qualquer valor. Dessa forma, o egoísmo é concebido como um sentimento ruim e desprezível do ser humano, de forma que deve ser repreendido. Entretanto, o egoísmo não é só algo benéfico, conforme a filosofia objetivista, como também essencial para pautar os valores de um indivíduo. Nessa perspectiva, suas ações devem se basear na razão e o que guia a sua razão são os seus valores.

Conforme o entendimento da filósofa russo-americana Ayn Rand, os valores de um indivíduo são tudo aquilo em que ele acredita e que luta para manter. Além disso, se não houver valores, também não há o que se falar em liberdade. Isso porque só é possível que um homem faça escolhas com a presença da liberdade. Dessa forma, Rand divide os valores em três pilares: razão, propósito e autoestima e as virtudes definidas: racionalidade, produtividade e orgulho. Ela caracteriza que os valores são aquilo que agimos para ganhar ou manter, e a virtude é o meio pelo qual ganhamos ou mantemos.

Não obstante, o homem que se baseia na racionalidade não irá permitir que o que contraria a razão se contraponha. Justamente pela crença no individualismo e, sobretudo, na ética capitalista, o objetivismo coleciona diversos críticos. Existem aqueles que acreditam que o coletivismo é a melhor forma de vivência humana e agir pela própria razão é uma postura individualista maléfica para o ser humano. Isso ocorre, justamente, porque para os coletivistas o indivíduo não é o foco, portanto, sua opinião é deixada de lado, para que o interesse de uma coletividade se sobreponha.

Atentando-se para como a repressão ao egoísmo racional se dá na prática, podemos citar os movimentos coletivistas: movimento feminista, movimento negro e movimento LGBT. Para esses coletivos e tantos outros, aqueles que possuem as características do movimento e não se identificam com as pautas de defesa são repreendidos e até mesmo ironizados. A ação é praticada como se não houvesse direito de escolha e, simplesmente por pertencer a determinado gênero, raça ou orientação sexual, você é obrigado a compactuar com as causas defendidas pelo movimento.

É justamente por isso que o egoísmo racional não é fácil de ser entendido por quem alimenta esse pensamento.

*Mateus Oliveira – Associado II do Instituto Líderes do Amanhã.