Redundou em fracasso a tentativa petista de criminalizar os protestos anti-governo

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por ERIC ABREU*

Presidente Dilma Rousseff

A reação desproporcional dos setores ligados ao petismo com relação às manifestações oposicionistas, até aqui, tem seguido a lógica da criminalização do exercício da democracia: qualquer um que ouse levantar sua voz contra as arbitrariedades do grupo que dirige o país é interpretado como “uma ameaça ao processo democrático”, como se não fossem justamente o Partido dos Trabalhadores e seus aliados ideológicos os maiores inimigos da liberdade.
As falas dos dirigentes petistas José Américo e Alberto Cantalice ontem lembravam mais a retorica dos bolivarianos, já que os dois petistas tentaram inverter a ordem das coisas culpando a vitima pela violência de seu carrasco. Seguindo a mesma lógica, o jornalista esportivo e militante petista Juca Kfouri afirmou sobre essas manifestações de contrariedade com o governo Dilma, em especial o panelaço promovido em doze cidades durante o pronunciamento oficial da presidente no Dia da Mulher, que “isso parte de uma elite branca, que bate panelas de barriga cheia”. Sua camarada Laura Capriglione, a trotskista ex-militante LIBELU também resolveu manifestar seu cinismo de sempre: deixando de lado a Ferrari que comprou junto com a namorada, a trotskista afirmou que ‘em pleno Dia Internacional da Mulher, os ricos resolveram que tinham de desconstruir aos berros a imagem de Dilma, cobrindo-a com o mais abjeto rol de xingamentos a traduzir o preconceito de gênero”. Isso para não falar da própria presidente da República, que abrindo mão do papel de Chefe de Estado e Governo, resolveu mais uma vez apagar o incêndio com gasolina (que por sinal, está muito cara): “Chegamos à democracia e temos que conviver com a manifestação. “O que nós não podemos aceitar é a violência”. E mais: disse que “o Brasil não aceitará uma ruptura democrática”.

 

Vamos aos fatos: o acirramento politico que se vê no Brasil é de inteira responsabilidade do Partido dos Trabalhadores. Nunca antes na história desse país houve uma organização tão autoritária, tão afeita aos conchavos e ao assassinato da ética, tão inimiga do povo brasileiro. Foram eles que racharam a sociedade brasileira quando perceberam que a mandatária estava em vias de perder as eleições. Logo, é natural que existam pessoas dispostas a tirarem o PT do poder. Isso sem levar em conta o componente da corrupção que permeia a era petista desde que Lula assumiu a presidência da Republica em 2003.
Que fique claro: a corrupção é algo próprio dos partidos comunistas. O próprio PT, que abriga em seu seio correntes trotskistas, costuma se basear na moral revolucionária, que como fica claro, difere muito da nossa “velha moral burguesa”. Sendo assim, fica evidente que se nós achamos estarrecedor que um grupo politico se utilize de estatais para abastecer os cofres do partido e financiar os seus planos de poder, eles acreditam que isso é perfeitamente belo e moral. Afinal de contas, se o partido já tirou milhões de brasileiros da miséria e tudo o que seus dirigentes querem é o bem do povo e a afirmação da soberania brasileira frente às potencias imperialistas, qual é o problema em consolidar uma hegemonia politica?
O caráter de censura moral ao contraditório não vem de hoje. Toda vez que algum grupo se articula contra o governo petista se ouve a cantilena de que são ricos, que odeiam pobres, que não suportam que a empregada voe de avião ou que o filho do pedreiro curse o ensino superior. De fato, houve um tempo em que as camadas menos favorecidas eram completamente controladas pelo discurso petista. Mas isso em nada tira legitimidade ou confere menor valor a uma manifestação politica de um indivíduo das classes médias ou altas. Fosse isso verdade, tanto PT quanto PSOL (sua linha-auxiliar), estariam seriamente comprometidos, já que boa parte de sua aguerrida militância é composta pela esquerda caviar. Em São Paulo, por exemplo, é mais fácil achar um militante petista flanando na Vila Madalena do que trabalhando em uma linha de produção. No Rio o habitat dos militantes é o Leblon e Copacabana, e não os morros e bairros populares. Que democracia seria essa em que o cidadão é pleno para pagar impostos mais não é pleno para exercer sua cidadania? Essa é uma pergunta que o Partido dos Trabalhadores não responde.
Nota-se um padrão: ao contrário do que acontece, por exemplo, na Venezuela, qualquer tentativa de defesa da liberdade no Brasil não é reprendida com o uso da força como na Venezuela, mas sim com ataques morais rasteiros através da grande mídia, desqualificando os adversários e reduzindo suas ações ao ridículo. Isso foi feito com os dois protestos convocados pelo Movimento Brasil Livre e Vem Pra Rua, atribuindo o a uma minoria raivosa, acusando os participantes de defenderem uma intervenção militar, rotulando esses atos para trair a ojeriza dos menos informados e dos mais manipuláveis.
Para eles o ideal seria que liberais e conservadores devem apenas assistir passivamente o vandalismo institucionalizado que promovem, seguindo o modelo de atuação tucana, que não representa perigo algum ao projeto bolivariano do partidão. Isso foi observado, por exemplo, com o Movimento Cansei, quando artistas e empresários uniram vozes contra a corrupção, ou quando os apoiadores de Aécio Neves marcharam na Avenida Brigadeiro Faria Lima em São Paulo, quando foi dito na grande mídia que era a “Marcha da Cashmere”. E quem não se lembra do presidente Luis Inácio Lula da Silva em um encontro com o primeiro-ministro britânico Gordon Brown afirmando que “a crise internacional foi provocada por gente branca dos olhos azuis”, constrangendo a sociedade brasileira diante do mundo. Uma experiência pessoal: em 2014, São Paulo sediou o 1° Fórum de Liberdade e Democracia de SP, com participação de grandes personalidades como o economista Alexandre Schwartsman, o ex-senador norte-americano Ron Paul, o argentino Ricardo Murphy, o cubano Carlos Alberto Montaer e a venezuelana Maria Corina Machado (que não pode participar por conta da perseguição politica que sofre por parte do governo chavista). O evento que debatia temas como a liberdade econômica e de expressão foi retratado por um jornalista militante do Opera Mundi como “elitista e ultraliberal”, e pior: segundo o sujeito, só havia três negros no local em meio às centenas de pessoas elegantes que dirigiam ofensas aos lideres latino-americanos e a presidente Dilma Rousseff, ele e dois faxineiros. Mas eu estava lá, e sou tão negro quanto ele. E junto comigo vários negros que por acaso rejeitam o vitimismo em prol do pensamento liberal e conservador.
O que difere a atual conjuntura de todos esses eventos citados, é que agora há um clima completamente desfavorável para a retorica petista. A grande maioria dos brasileiros começa a sofrer na pele os efeitos de uma administração incompetente, e o fantasma da inflação e da recessão são temas de debates acalorados em todos os círculos sociais. Mesmo entre as pessoas mais simples é nítido o esgotamento do modelo petista. Eu, que utilizo ônibus e metro todos os dias, tenho me deparado quase que diariamente com pessoas pertencentes a classes mais baixas reclamando do governo e responsabilizando a presidente por seus infortúnios, e com toda razão: são justamente elas que mais sofrem com esse tipo de intempérie. E eles viram como o governo tratou os caminhoneiros dias atrás. Sendo assim, de nada adianta agora o PT tentar “descontruir” a natureza dos protestos, pois a realidade já é palpável para a população. Prova disso é que a presidente não pode frequentar nenhum local sem ser alvo de vaias. Hoje mesmo ela foi vaiada no 21° Salão Internacional da Construção, e uma foto mostrada no site do Estadão mostrando vários funcionários uniformizados e trabalhadores da construção civil de várias etnias hostilizando Dilma provam que não é só a “elite branca” que não gosta da presidente. O Portal Terra chegou a colher o depoimento de dois participantes das vaias: um marceneiro paraibano e um serralheiro. Pelo visto tentativa de criminalizar o exercício da democracia, tão presente em regimes autoritário s e aspirantes a ditaduras, pode ter funcionado no passado, mas hoje só serve como uma ancora afundando ainda mais o PT no mar de lama em que ele se colocou. O partido e sua militância já não conseguem distinguir a ficção eleitoral de João Santana da dura realidade tupiniquim. Sua cegueira se coloca acima dos fatos e da própria sanidade humana. É por isso que insistem em um modelo de país que já provou ser insustentável, insistindo em justificar o mau momento com uma crise internacional que não existe. E é essa razão da insistência em aplicar na prática uma ideologia fracassada cujo mérito maior foi superar o nazismo em números de mortos.

*Eric Abreu é estudante de Relações Internacionais e criador do blog O Reacionário.

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