A pequena “grande imprensa”

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A vida é como ela é. Não há utopia capaz de contradizer a realidade objetiva. Somos seres humanos imperfeitos e, portanto, falíveis. Não há nenhuma novidade: muitos sucumbem diante das “possibilidades” e das variadas tentações autodestrutivas para se alcançar a “vida boa”.

Tenho afirmado que um dos grandes cancros desta republiqueta das bananas é, sem dúvida, a falha moral. Faroeste sem leis, ou melhor, com interpretações da lei. E como poderia ser diferente? A alavanca do mal são os incentivos, estes, seguramente, pervertidos, e que fomentam a prática desse respectivo mal.

Objetivamente, a terra do pau Brasil é o cenário perfeito para o exercício da corrupção, visto que por aqui quem reina, soberanamente, é a impunidade. Parece valer a pena “praticar o crime”… Tais incentivos promoveram a banalização tupiniquim da corrupção, já que os indivíduos aceitam passivamente fatos surreais de corrupção, potencializando ainda mais tais ações.

O ser humano deseja alcançar poder e status. Para muitos, é desimportante se os meios para o atingimento de tal meta sejam ilegais. Lord Acton acertou na veia quando afirmou que “o poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente”. Fico me questionando se a todos.

Penso que nosso imaginário seja poluído de corrupção, mas, felizmente, a maioria de nós é “barrada” pelo nosso espectador imparcial – nosso próprio juiz moral – e, claro, pelas nossas ligações com o Divino. O grande problema, repito, são os incentivos invertidos e a correspondente e farta convicção de impunidade.

Na seara política, como sabemos, as tentações – e práticas ilícitas – são imensas. Pois acabo de ler artigo no Estadão, “A escalada da desfaçatez”. Nele, há a condenação de Bolsonaro por ter se utilizado da Abin a fim de proteger sua dinastia. De fato, deplorável. Em sua última linha, tal escrito aponta que, se Bolsonaro tivesse logrado êxito no seu intento… o “Brasil estaria perdido”.

Ao imprimir no papel a dissonância cognitiva, o jornalismo nacional pratica, quase que cotidianamente, atos de corrupção. Opiniões revelam o lugar que se ocupa no mundo. Pergunto-me, estaríamos ou estamos perdidos?! O ex-presidiário que se encontra no poder, foi condenado e preso com base em fartas provas cabais atestadas em várias instâncias do nosso poder “judiciário”.

Os negacionistas, incontestavelmente, sofrem dessa mesma dissonância cognitiva! Não é mais possível acreditar nessa pequena “grande imprensa”. Não há como. O que se viu de corrupção nos desgovernos rubros anteriores e o que se vê agora, na sua retumbante volta à cena do crime, penso eu, são meros voos de fantasia da minha mente fértil.

Não, não, o Estadão não está corrompendo pela via do popular “dois pesos e duas medidas”. Talvez seja eu mesmo que esteja sendo injusto e desonesto… é apenas a minha imaginação.

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Alex Pipkin

Alex Pipkin

Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS Pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS. Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul. Foi Diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS. Foi Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.

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