Um farol de esperança

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Nos últimos anos, a sociedade ocidental tem testemunhado uma inquietante erosão dos valores fundamentais que sustentam sua liberdade e prosperidade. Esse fenômeno não é apenas uma preocupação teórica, mas uma realidade tangível, refletida nas instituições educacionais, nas políticas públicas e até mesmo nas alianças políticas. A urgência de um despertar coletivo para esses valores essenciais não poderia ser maior.

A educação deveria ser um baluarte do pensamento crítico e do debate aberto. No entanto, muitos que passaram por escolas e universidades ocidentais sentiram na pele o peso de uma doutrinação de viés esquerdista. A promessa de uma educação pluralista e inclusiva foi substituída por um ambiente onde a divergência é vista com desconfiança, e o pensamento independente, com hostilidade. Essa experiência pessoal, compartilhada por muitos, revela um sistema que falha em promover o verdadeiro debate intelectual.

A crença de que o estado, ao taxar os ricos para redistribuir renda, pode resolver as desigualdades sociais é uma ideia sedutora para os incautos, mas absolutamente falaciosa. Como destacado pela crítica de Deirdre McCloskey ao livro de Thomas Piketty, a história nos mostra que a verdadeira elevação dos padrões de vida vem da inovação e da competição em um mercado livre, não da redistribuição forçada. Os impostos progressivos tendem a fortalecer a burocracia estatal, que consome recursos valiosos sem necessariamente melhorar as condições de vida dos mais pobres.

Nesse passo, vale trazer à baila uma passagem de Milton Friedman em seu famoso livro Capitalismo e Liberdade:

“Vista como um meio para a obtenção da liberdade política, a organização econômica é importante devido ao seu efeito na concentração ou dispersão do poder. O tipo de organização econômica que promove diretamente a liberdade econômica, isto é, o capitalismo competitivo, também promove a liberdade política porque separa o poder econômico do poder político e, desse modo, permite que um controle o outro.

A evidência histórica fala de modo unânime da relação existente entre liberdade política e mercado livre. Não conheço nenhum exemplo de uma sociedade que apresentasse grande liberdade política e que também não tivesse usado algo comparável com um mercado livre para organizar a maior parte da atividade econômica. Pelo fato de vivermos numa sociedade em grande parte livre, temos a tendência de esquecer como é limitado o período de tempo e a parte do globo em que tenha existido algo parecido com liberdade política: o estado típico da humanidade é a tirania, a servidão e a miséria. O século XIX e o início do século XX no mundo ocidental aparecem como exceções notáveis da linha geral de desenvolvimento histórico. A liberdade política nesse caso sempre acompanhou o mercado livre e o desenvolvimento de instituições capitalistas.”

O personagem de Ayn Rand, Francisco D’Anconia, em A Revolta de Atlas, questiona: “Então você acha que o dinheiro é a raiz de todo mal? Já se perguntou alguma vez qual é a raiz do dinheiro? O dinheiro é um instrumento de troca, que não pode existir a menos que haja bens produzidos e homens capazes de produzi-los. O dinheiro é a forma material do princípio de que os homens que querem lidar uns com os outros devem lidar através do comércio e dar valor por valor. O dinheiro é feito possível apenas pelos homens que produzem. É isso o que você considera maligno?” Essa passagem ilustra a importância do valor criado através do trabalho e da troca justa, destacando a falácia de demonizar a riqueza e o sucesso econômico.

Além disso devemos pensar axiologicamente. Nada exemplifica melhor a perda de consciência sobre os valores ocidentais, por exemplo, do que o apoio da comunidade LGBT ao Hamas, um grupo que governa Gaza, onde a homossexualidade é punida com severidade, muitas vezes até com a morte. Enquanto isso, Israel, que reconhece e protege os direitos LGBT, é vilipendiado. Esse paradoxo ilustra uma desconexão alarmante entre as ações e os princípios que deveriam guiar a luta por direitos humanos. A defesa cega de certas causas, sem considerar as implicações mais amplas, resulta em uma perigosa perda de perspectiva.

Outro ponto essencial, a intervenção estatal excessiva é outro tema recorrente nas críticas aos atuais governos ocidentais. Estados que se expandiram além de suas funções clássicas – saúde, educação básica, segurança, justiça e defesa – acabaram se tornando máquinas burocráticas que engolem recursos sem proporcionar benefícios proporcionais. Grandes empresas, por sua vez, capturam o estado, usando regulações para minar a competição e perpetuar seu poder, um fenômeno que vemos refletido no pensamento de George Stigler.

Last but not least, está a perda dos valores fundamentais que moldaram a civilização ocidental. A juventude de hoje, muitas vezes, não tem mais a dimensão dos princípios consagrados, e.g., na Declaração de Independência Americana, escrita por Thomas Jefferson. Princípios como a igualdade, a liberdade e os direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à busca da felicidade estão sendo esquecidos. Sem esses valores, a própria base da nossa civilização está em risco.

É hora de um despertar. Um retorno aos princípios que fizeram do Ocidente uma potência de liberdade e prosperidade. Devemos relembrar e reafirmar os valores que nos trouxeram até aqui, resistir à doutrinação unidimensional e defender um mercado livre e justo. Somente assim poderemos garantir que futuras gerações não apenas compreendam, mas também valorizem e protejam os ideais que garantem nossa liberdade e nosso modo de vida.

Se não agirmos agora, corremos o risco de perder tudo o que foi conquistado com tanto sacrifício. O estado não é a solução; o estado, muitas vezes, é o problema (Reagan falou isso em celebrado discurso). A liberdade, a inovação e a responsabilidade individual são os verdadeiros caminhos para um futuro próspero e justo. Vamos redescobrir e revitalizar os valores que fizeram do Ocidente um farol de esperança para o mundo.

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Leonardo Correa

Leonardo Correa

Advogado e LLM pela University of Pennsylvania, articulista no Instituto Liberal.

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