Escrito por Saifedean Ammous, professor de Economia na Universidade Americano-Libanesa e membro do Centro sobre Capitalismo e Sociedade da Universidade de Columbia, O Padrão Bitcoin explica o surgimento do dinheiro e a evolução da moeda ao longo dos anos até o surgimento do Bitcoin. Em suas palavras, Ammous afirma que “este livro foi escrito para ajudar o leitor a entender a economia do Bitcoin e como ele serve como a iteração digital das muitas tecnologias usadas para cumprir as funções do dinheiro ao longo da história”.

Inicialmente, o autor busca trazer o raciocínio de quais são os problemas que o dinheiro visa solucionar. Ammous aborda que a função do dinheiro é facilitar as trocas entre seres humanos, de forma que possibilite o comércio, as trocas voluntárias, a especialização de tarefas e a prosperidade dos indivíduos.

Caso o dinheiro fosse extinto do mundo, nós retornaríamos à velha forma de celebrar trocas entre indivíduos, o escambo, e a consequente impossibilidade de produção de riqueza. Isso porque, caso o que você tenha a oferecer para realizar a troca não seja desejado pela outra pessoa, ficará impossibilitado de desfrutar de determinado bem ou serviço. Dessa forma, é necessário que haja algo que se transmite em uma unidade de valor que represente os bens de forma precificada. Ao longo da história, diversos tipos de bens foram ferramentas que funcionavam como dinheiro.

Ammous trata do padrão ouro. Até o século XIX, ele havia sido o melhor tipo de padrão monetário para a humanidade, principalmente pela sua escassez, o que permitia que o preço conseguisse ser mantido ao longo de diversos anos. Entretanto, o ouro era concentrado nos bancos centrais e, devido ao histórico de guerras, ao longo da Primeira Guerra Mundial, houve um confisco aos cofres. Diante disso, os indivíduos perderam o poder de resgatar o ouro que possuíam e foram obrigados a adotar as moedas estatais. Aqueles que tentaram escapar delas começaram a sofrer as duras penas dos controles de capital por parte do Estado.

Após o fim do padrão-ouro, deu-se início a estatização do dinheiro. Devido a isso, a inflação e os desequilíbrios econômicos se tornaram frequentes. As crises econômicas se tornaram algo comum durante o século XX, principalmente pelo cenário constante de guerras que exigiam gastos bélicos enormes e davam carta branca para que os Bancos Centrais emitissem moeda à vontade. Infelizmente essa é uma realidade que persiste até hoje e resulta na instabilidade constante da inflação.

O surgimento do Bitcoin ocorre justamente pela instabilidade do Banco Central.  Durante a crise de 2008, a ideia foi desenvolvida para que a população tivesse o seu próprio dinheiro que fosse desvinculado do padrão monetário estatal. Diante do seu desenvolvimento, a moeda virtual não consegue ser confiscada pelo Banco Central. Apenas o portador da moeda é quem consegue realizar transações com ele, sendo totalmente impossível que o Estado intervenha nessa modalidade monetária.

Outro fator que preserva a valorização da moeda é a sua escassez. Devido às novas emissões serem custosas, a mineração ocorre e, por isso, é impossível criar mais bitcoins além daqueles autorizados. Apelidado de ouro digital pela sua raridade, a moeda consegue ser ainda mais preciosa, justamente pela complexidade que o ouro requer para a sua preservação. No padrão bitcoin, não há a necessidade de criação de um cofre e manutenção, o que o torna ainda mais valioso.

Portanto, o Bitcoin se transformou em um dinheiro muito mais valioso e com o melhor padrão desenvolvido ao longo da história do dinheiro na humanidade – justamente pela autonomia que o indivíduo possui sem precisar que o Estado regule a sua riqueza e principalmente a forma como você a deseja acumular. É inevitável que, ao longo dos anos, as pessoas migrem ainda mais para essa moeda, haja vista o crescimento das compras ao longo dos últimos anos.

Infelizmente, o Estado retirou da sociedade a possibilidade de ter uma moeda forte a partir do confisco de riquezas. O Bitcoin surgiu como uma possibilidade de que a humanidade retire das mãos do Banco Central sua riqueza e prosperidade.

*Mateus Oliveira – Associado II do Instituto Lideres do Amanhã.