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O estatismo nos planos de saúde

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RODRIGO CONSTANTINO *

Deu no GLOBO sobre planos de saúde: Pacotes empresariais são até 149% mais baratos que cobertura individual

Planos coletivos empresariais de saúde (contratados pelas empresas para seus funcionários) custam, na média das coberturas oferecidas no mercado, a metade do valor cobrado pelos planos individuais (contratados pelas famílias), de acordo com um levantamento feito pela Mercer Marsh Benefícios para o GLOBO.
Na faixa etária de 34 a 38 anos, a diferença de preço é ainda mais acentuada. Considerando a cobertura mais básica, que prevê abrangência regional, acomodação em enfermaria e reembolso de R$ 74,86 por consulta médica, o plano pode sair a R$ 245,89 nos planos individuais e R$ 98,65 nos empresariais, o que significa uma diferença de 149%.

O total de beneficiários dos planos coletivos cresceu 231% entre 2000 e 2012 e este segmento já representa 77% do mercado, com 37 milhões de pessoas. Os planos coletivos ficaram mais populares desde maio do ano passado, quando passou a ser permitida a manutenção em planos empresariais de aposentados e ex-funcionários demitidos sem justa causa, desde que tenham contribuído com mensalidades.


O mercado de “seguro de saúde” no Brasil foi totalmente destruído pelo excesso de intervenção estatal. Explico os principais pontos:

  • Seguro – Quando fazemos um seguro de casa ou automóvel, qual é a nossa ideia? Não utilizá-lo! Ele serve justamente contra sinistros, contra catástrofes importantes. Mas ninguém faz um seguro de automóvel para manutenção mensal, para troca de óleo, para gastos esperados no dia a dia de quem possui um carro. Essa era a ideia original de um seguro de saúde. Pagamos para o caso de uma emergência. Só que hoje, por regras do governo, um plano de saúde cobre todo tipo de consulta básica, de rotina, do cotidiano. É óbvio que isso criou distorções enormes no setor. Imagina se os seguros de carro tivessem que cobrir qualquer visita ao mecânico, por qualquer probleminha ou suspeita de problema. Esse seguro tenderia a encarecer, cada vez mais, e os usuários teriam um incentivo de abusar dele. Um simples barulhinho? Seguro! E, com o passar do tempo, ele ficaria absurdamente caro, inviabilizando o serviço para indivíduos mais humildes, até porque quem pagaria o grosso seriam as empresas. E, na PJ (pessoa jurídica), sabemos que há menos cuidado ainda por parte dos trabalhadores no uso adequado do serviço. Logo, o “seguro” de saúde passa a ser incorporado no salário, de forma indireta, e seu uso passa a ser relaxado, desleixado, o que só aumenta seu preço. Um sistema perfeito para grandes grupos seguradores, que monopolizam o mercado;
  • Discriminação – Na era do politicamente correto, é proibido discriminar, seja por sexo, idade, gênero, o que for. Só que seguros trabalham com estatística, com grandes números. Claro que um jovem tem mais probabilidade de causar um acidente de carro do que um adulto. Claro que um idoso tem mais chance de ficar doente e precisar de recursos da medicina do que um jovem. Enfim, gerir um plano de saúde é discriminar com base em grupos, categorias, classes comportamentais. Só que isso é cada vez mais difícil, pois o governo não permite. Quando as empresas são obrigadas a tratar todos iguais, e ainda por cima oferecer inúmeros itens por obrigação estatal, claro que elas vão cortar por cima, ou seja, vão cobrir os piores perfis como se fossem a média. Se alguém quiser fazer um plano específico mais barato, sem tantas coberturas, e tiver um perfil menos arriscado, ele simplesmente não será capaz disso! O governo obriga as empresas a colocá-lo em um pacote mais amplo, que abrange muito mais coisa e um perfil mais arriscado. Resultado: o plano não atenderá sua demanda específica.

Em resumo, esse é um setor que sofre demasiada intervenção estatal. Aquilo que era para ser um produto como outro qualquer no mercado, passou a ser ultra-regulado. Imaginem se a venda de alimentos fosse feita dessa forma, tendo que atender a um enorme grupo geral, sem nichos específicos, sem demanda e oferta caso a caso. Como seria? Sem dúvida não haveria a mesma quantidade enorme de produtos, para todos os gostos e bolsos. Pois é. E ainda reclamam que praticamente não há mais planos de saúde individuais. Por que será?

* PRESIDENTE DO INSTITUTO LIBERAL

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