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A teoria de Darwin e a compreensão do capitalismo

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Na segunda metade do século XIX, o cientista inglês Charles Darwin ganhou notoriedade na comunidade científica mundial ao propor teorias de cunho evolucionista, ao sugerir que todas as atuais espécies de seres vivos foram originadas a partir de diversas modificações naturais ao longo do tempo. A grande revolução da teoria de Darwin foi propor que a criação e evolução das espécies foi obra do acaso, fruto de uma série de eventos aleatórios e descentralizados, ao contrário da teoria mais aceita até então, que pregava que tudo isso foi um processo centralizado e arbitrado por uma divindade.

Crenças religiosas à parte, é interessante realizar um exercício de comparação e extrapolar a teoria da evolução natural para o ambiente político-econômico. Embasadas na teoria socialista-comunista de Karl Marx, incontáveis pessoas atacaram o atual sistema capitalista, em vigor na maioria dos países. De forma geral, essas pessoas acreditavam que o atual sistema econômico dominante é falho e injusto, devendo ser substituído por um modelo totalmente oposto, baseado na igual distribuição de renda e bens de produção entre todos.

Todavia, o que os defensores do socialismo costumam ignorar é o resultado da aplicação prática dos dois modelos político-econômicos. Do lado socialista, uma quantidade considerável de regimes foi implementada, de forma forçada em quase todos os casos, ao longo do século XX, e nenhuma obteve êxito.

Já o capitalismo começou a tomar a forma conhecida atualmente no século XVI, sob a forma do mercantilismo, ou seja, se provou como bem-sucedido ao longo de mais de 500 anos. O fato de ter sido provado, testado e aprimorado por séculos é justamente um ponto crucial na análise da trajetória do capitalismo.

Na obra Os erros fatais do socialismo, o autor Friedrich Hayek observa justamente o fator perenidade como um ponto chave para o sucesso do atual modelo. Segundo ele, o capitalismo só conseguiu ocupar o seu lugar na sociedade devido aos constantes testes e evoluções incrementais – mas ainda mais importante foi o fato de essas mudanças terem sido promovidas por agentes descentralizados, de forma espontânea, sem um planejamento central pelo Estado.

Ou seja, assim como na teoria proposta por Darwin, o atual modelo político-econômico foi desenvolvido a partir de pequenas e demoradas evoluções. Logo, não é lógico pensar que um modelo proposto por um filósofo alemão do século XIX, sem considerar suas implicações práticas, seja um caminho ideal a ser seguido de forma abrupta.

É evidente que, até mesmo por ser fruto de um processo evolutivo, o modelo capitalista não é algo perfeito. Também não é absurdo assumir que um ou outro pequeno fator da lógica socialista possa até, futuramente, ser pensado, discutido, aprimorado e, talvez, incorporado ao atual modelo.

O que não pode ser normalizado é a tentativa de se impor o modelo socialista na sociedade, como foi feito no passado em alguns países. Afinal, quando estimulada espontaneamente, a sociedade tende a trabalhar de forma capitalista. Uma evidência disso pode ser encontrada no documentário “Cuba e o cameraman”, que relata a vida de cubanos sob o regime ditatorial de Fidel Castro ao longo do tempo. Mesmo sob a opressão da ditadura, correndo o risco de serem feitos prisioneiros pelo regime, alguns dos moradores da ilha adotaram um sistema paralelo, baseado no ganho de capital.

Tanto a constatação de Hayek quanto os relatos do documentário demonstram que, assim como na teoria da evolução das espécies, de Charles Darwin, não há espaço para mudanças bruscas e forçadas de rota. Mudanças forçadas, sem o teste de validação do tempo e planejadas de forma central, não conseguem ser perenes.

*Gabriel Barbosa – Associado II do Instituto Líderes do Amanhã.

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