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A autossabotagem brasileira

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O Brasil é um país com grande potencial de mercado, vasta extensão territorial, recursos naturais abundantes e com diversidade cultural e étnica de sua população. Poderia estar figurando entre as maiores potências econômicas e sociais do mundo, mas algo parece impedir que esse potencial seja plenamente aproveitado. Instituições ruins acabam por gerar um custo Brasil que nos mantém mais pobres, e, como afirma a economista Zeina Latif, são herança de nossas escolhas. Em outras palavras, o Brasil fez escolhas que caracterizam uma autossabotagem.

As instituições são os pilares fundamentais de qualquer sociedade. Elas englobam o sistema jurídico, político, regulatório e burocrático, entre outros aspectos que geram incentivos perversos ou virtuosos que moldam o comportamento de indivíduos e como a sociedade funciona. No Brasil, infelizmente, essas instituições são muito insuficientes.

Entre os erros institucionais do Brasil estão a corrupção, a burocracia excessiva, a falta de transparência e a impunidade, problemas crônicos que minam a confiança dos cidadãos e dos investidores.

Em relação à corrupção, houve casos emblemáticos como o Mensalão e a Operação Lava Jato, que revelaram esquemas sofisticados de desvio de recursos públicos, os quais envolveram altos funcionários do governo, políticos e empresários. Além do impacto direto na economia, a corrupção gera uma sensação de impunidade e descrença nas instituições, minando a confiança da população e afastando investimentos.

Nesse sentido, falta de transparência é um obstáculo adicional. A opacidade nos processos decisórios e a ausência de mecanismos efetivos de prestação de contas dificultam o acompanhamento das ações governamentais e a participação ativa da sociedade. Sem transparência, a corrupção se torna mais fácil e as oportunidades de melhorias são desperdiçadas.

A impunidade é um dos principais reflexos das instituições ruins. A sensação de que os poderosos não são responsabilizados por seus atos gera um ambiente propício para a corrupção e o descumprimento das leis. A justiça lenta e a falta de punição efetiva contribuem para a perpetuação de práticas ilícitas e prejudicam a construção de uma sociedade mais justa.

Esse conjunto de problemas acaba por criar um cenário em que há vantagens competitivas para empresas corruptas, o que prejudica o ambiente de negócios.

Isso porque empreendedores também enfrentam uma infinidade de trâmites e regulamentações para abrir e manter um negócio, a chamada burocracia. São licenças, alvarás, taxas e uma miríade de obrigações que consomem tempo e recursos preciosos. O Brasil ocupa posições desfavoráveis em rankings internacionais de facilidade de fazer negócios (124º entre 190 países, segundo o Banco Mundial), o que afasta investidores e limita o crescimento econômico.

Todos esses problemas podem ser resumidos a entraves no ambiente de negócios, que geram um custo adicional de R$ 1,7 trilhão para empresas brasileiras. Esse indicador foi revelado em estudo do Movimento Brasil Competitivo (MBC), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Entre os fatores de maior impacto, estão o capital humano, infraestrutura e tributação. Isso faz com que as organizações brasileiras tenham um custo adicional de até R$ 310 bilhões por atuarem no país, na comparação com outros países da OCDE, minando a competitividade das empresas brasileiras e aumentando os custos para os brasileiros.

Isso representa cerca de 20% do PIB brasileiro anualmente, afetando diretamente a vida dos brasileiros. Ele se traduz em preços mais altos, menor qualidade de serviços públicos, menor produtividade das empresas e falta de investimentos em áreas fundamentais como educação, saúde e infraestrutura. O país deixa de aproveitar oportunidades de crescimento, afastando investimentos e limitando o desenvolvimento social.

A má notícia é que todo esse cenário foi provocado pelas escolhas dos próprios brasileiros. A boa notícia é que o fator de mudança também pode se dar por meio da decisão dos brasileiros. Reformas estruturais são necessárias para simplificar a burocracia e criar um ambiente mais favorável aos negócios, como a reforma tributária e uma reforma administrativa ampla. Além disso, é essencial investir na educação para melhoria de capital humano.

Ou paramos de nos autossabotar, ou os brasileiros nunca terão o país que sonham e merecem viver.

*Luan Sperandio – Associado III do Instituto Líderes do Amanhã.

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Luan Sperandio

Luan Sperandio

Analista político, colunista de Folha Business. Foi eleito Top Global Leader do Students for Liberty em 2017 e é associado do Instituto Líderes do Amanhã. É ainda Diretor de Operações da Rede Liberdade, Conselheiro da Ranking dos Políticos e Conselheiro Consultivo do Instituto Liberal.

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