fbpx

As lições na obra de Frédéric Bastiat

Print Friendly, PDF & Email

Na obra “O que se vê e o que não se vê”, publicada em 1849 por Frédéric Bastiat, o autor analisa os fenômenos econômicos não só por causa de suas consequências imediatas, mas também por suas consequências de longo prazo. Debates como liberdade vs protecionismo, exportação de produção agrícola, criação de uma base industrial e o papel paternalista do Estado, compõem os capítulos da obra.

Nascido em 1801 em Baiona (França), Bastiat compôs suas obras no período da Revolução de 1848, quando a França passava por uma forte onda socialista. O autor foi um forte defensor do livre mercado e, com artigos e publicações cada vez mais relevantes, pôde ganhar influência necessária para assumir a Assembleia Constituinte e, na sequência, a Assembleia Legislativa da França. Em todas suas obras, um princípio é visivelmente dominante: “A lei deve proteger o indivíduo, a liberdade e a propriedade privada”, além de defender o Estado como: “grande ficção através da qual todos se esforçam para viver às custas dos demais”.

Para entendermos a importância das produções de Bastiat nesta obra, remeto-nos a fevereiro de 1848, quando a câmara dos deputados proclamou a república Francesa e dez líderes republicanos, incluindo o socialista Louis Blanc, chefiaram um governo provisório. Sob discursos de nacionalização da indústria francesa, Bastiat produziu uma série de periódicos que defendia princípios libertários (conhecidos como La Republique Française), além de artigos para jornais e revistas, que deram forma à obra “O que se vê e o que não se vê”, como o trecho: “O Estado abre uma estrada, constrói um palácio, conserta uma rua, faz um canal; e com esses projetos dá emprego a certos trabalhadores. Isso é o que se vê. Mas também priva certos outros trabalhadores de empregos. Isso é o que não se vê… Será que milhões de francos milagrosamente caem do céu dentro dos cofres de [políticos]? Para o processo se completar, o estado não tem que coletar os fundos, além de gastá-los? Não tem que fazer seus coletores de impostos percorrerem o país, e seus contribuintes pagarem seus impostos?”.

A grande lição da obra de Bastiat está presente naquilo que ele chamou de “Falácia da Vidraça Quebrada”. Neste caso, uma criança quebra a vidraça de uma padaria e o proprietário do estabelecimento contrata um vidraceiro para consertá-la. Com o dinheiro obtido pelo serviço, o vidraceiro compra itens de consumo em um armazém. O que se vê? Ao quebrar a janela da padaria, a criança “fez a economia girar” e, por isso, pode até ser considerado um herói. Mas o autor refuta essa lógica ao apresentar seu pensamento. A janela já estava ali, o que o menino fez foi somente destruir aquele valor, e por isso o vidraceiro foi impedido de utilizar seu dinheiro com aquilo que ele gostaria. Em outras palavras, ao produzir novamente um bem que foi destruído, estamos gastando recursos escassos, simplesmente para voltá-los à situação inicial.

A decisão de utilizar um recurso para reparar uma perda, custa a oportunidade de utilizá-lo para gerar uma nova riqueza. Isto é o que NÃO se vê. Enquanto o reparo da vidraça e o posterior consumo do vidraceiro podem ser vistos, é necessário utilizar a imaginação para entender o valor que deixou de ser gerado.

Apesar de ter sido escrita mais de 170 anos atrás, a obra de Bastiat continua atual em nosso cotidiano. Podemos ver isso ao longo deste século com a falácia “guerra faz bem para economia”. Muito presente em discursos bélicos de presidentes americanos em guerras como Vietnã, Iraque e Afeganistão, por mais que a indústria bélica tenha representatividade no PIB dos EUA, a guerra em si só produz a destruição de valor onde ela ocorre.

Como citou Henry Hazlitt: “A arte da economia está em considerar não só os efeitos imediatos de qualquer ato ou política, mas, também, os mais remotos; está em descobrir as consequências dessa política, não somente para um único grupo, mas para todos eles”.

* Leonard Batista é colaborador no Instituto Líderes do amanhã.

Faça uma doação para o Instituto Liberal. Realize um PIX com o valor que desejar. Você poderá copiar a chave PIX ou escanear o QR Code abaixo:

Copie a chave PIX do IL:

28.014.876/0001-06

Escaneie o QR Code abaixo:

Instituto Liberal

Instituto Liberal

O Instituto Liberal trabalha para promover a pesquisa, a produção e a divulgação de ideias, teorias e conceitos sobre as vantagens de uma sociedade baseada: no Estado de direito, no plano jurídico; na democracia representativa, no plano político; na economia de mercado, no plano econômico; na descentralização do poder, no plano administrativo.

Pular para o conteúdo