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Como iniciar seus estudos em Escola Austríaca?

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Desde a promulgação da atual constituição em 1988, podemos dizer que as manifestações de 2013 estão dentro dos grandes acontecimentos políticos desse período. Com elas, a nova direita, em grande parte submersa nas redes sociais, paulatinamente ganhou adeptos e cada vez mais influencia o debate público do país no esteio das manifestações populares.

Aproximando um pouco a nossa lupa e olhando para o interior dessa nova direita, é inegável a importância da Escola Austríaca de Economia para esse movimento. Apesar de sua maior afinidade com o pensamento liberal, as teses austríacas permitiram uma aproximação destes com os conservadores (que se apropriaram das críticas ao socialismo feitas por Mises e da seminal discussão de Hayek sobre a Ordem Espontânea) e libertários (que encontram em Rothbard e Hoppe suas maiores influências), estabelecendo um mínimo de coesão neste movimento.

Provada a importância da Escola Austríaca de Economia para a nova direita, consideramos que a leitura do pensamento austríaco permite ao leitor uma boa base para iniciar seus estudos nos pensamentos liberal, conservador e libertário que inspiraram esse movimento. Agora, fica a pergunta: por onde começar a ler o pensamento da Escola Austríaca? Indicaremos três possíveis caminhos, apontando vantagens e desvantagens desses caminhos.

O primeiro possível caminho, e recomendado por muitos estudiosos, para o início dos estudos em Escola Austríaca de Economia tem o seu início no livro As Seis Lições. Esse livro consiste em seis palestras que o economista Ludwig von Mises (1881-1973) ministrou na Argentina sobre Capitalismo, Socialismo, Intervencionismo, Inflação, Investimento Estrangeiro e Política e Ideias. As pessoas que recomendam esse caminho indicam como possíveis sequências a leitura dos seguintes livros: A Lei, de Frédéric Bastiat (1801-1850), e Economia em uma Única Lição, de Henry Hazlitt (1894-1993).

As vantagens desse caminho estão na abertura que essas obras fornecem a um conhecimento econômico, bem como na introdução a algumas noções de Direito. Porém, deve-se ressaltar que estes livros, apesar de pertencerem à tradição da Escola Austríaca, pouco a diferenciam de outras correntes do pensamento econômico liberal, como a Escola de Chicago e a Escola da Escolha Pública. De qualquer forma, reconhece-se este caminho como tradicional, na melhor acepção da palavra.

Um segundo caminho indicado para se iniciar o estudo da Escola Austríaca de Economia está no livro A Escola Austríaca: Mercado e Criatividade Empresarial, do economista espanhol Jesús Huerta de Soto (n. 1956). De Soto pauta sua discussão a partir de dois polos. No primeiro, ele busca diferenciar o pensamento austríaco daquele chamado “Mainstream”, ou seja, a síntese atual das ciências econômicas, a que os austríacos muito criticam. Finalmente, ele alça um voo panorâmico sobre a história da Escola Austríaca de Economia, tendo como ponto de partida as doutrinas escolásticas espanholas do século XVI e terminando no chamado “Renascimento” do pensamento austríaco na década de 1970.

De Soto merece o reconhecimento de, neste livro, realizar um breve histórico da Escola Austríaca, permitindo um olhar de como se estabeleceu esta corrente de pensamento, bem como sua posterior evolução. Todavia, um possível percalço na leitura pode ser a discussão um tanto precoce dos princípios da ciência econômica dita “mainstream”, que pode levar o leitor a um esforço deletério de acusar, por muitas vezes de forma superficial e sem o reconhecimento da devida importância do pensamento econômico tradicional, esta corrente de pensamento.

O último caminho indicado por nós encontra-se no importantíssimo livro Ação, Tempo e Conhecimento: A Escola Austríaca de Economia, do brasileiro Ubiratan Jorge Iorio (n. 1946). Este livro é uma reflexão madura do autor, que já havia escrito o primeiro livro introdutório sobre a Escola Austríaca de Economia na década de 1990, intitulado Economia e Liberdade: A Escola Austríaca e a Economia Brasileira. Resumindo brevemente o livro, trata-se de uma apresentação universal ao pensamento austríaco e suas lições para os diversos campos da economia, como moeda, epistemologia, ciclos econômicos e política econômica.

Longe de ser um ufanismo nosso, e sem desmerecer os outros caminhos acima citados, entendemos que este caminho é superior aos demais. Ubiratan Jorge Iorio reúne em seu livro as melhores qualidades dos demais caminhos, como a atenção para a relação próxima entre o pensamento austríaco e a doutrina liberal e as necessárias pitadas históricas sobre a evolução da Escola Austríaca, associado a uma apresentação didática da Escola Austríaco. Mais ainda, o autor não abre espaço para possíveis percalços que vislumbramos nos demais caminhos, uma vez que distingue a Escola Austríaca das demais escolas liberais (Chicago e Escolha Pública) e ameniza a franqueza das discussões da ciência econômica “mainstream” de Jesús Huerta de Soto.

Apresentamos no presente texto três possíveis caminhos para um estudo da Escola Austríaca de Economia. Qualquer que seja a sua escolha, caro leitor, aplaudimos e louvamos a sua atitude de buscar conhecimento em uma das mais importantes escolas econômicas dos dias atuais. Temos certeza de que encontrará no pensamento austríaco uma vívida descrição da vida econômica e social que experimentamos em nosso dia a dia. Boa leitura!

*Otavio Ferrari Piaskowski possui Graduação em História pela Universidade Tuiuti do Paraná (2017), Especialização em História Cultural pelas Faculdades Integradas Espírita (2019) e em Escola Austríaca pelo Instituto Ludwig von Mises Brasil (2021).

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