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Caso de polícia, mas também de política

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A Polícia Federal deflagrou nesta sexta (12) a Operação Bullish, que investiga possíveis fraudes e irregularidades em aportes concedidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) à JBS.

Alvíssaras! Mesmo que não tenha havido fraude, essa política de “campeões nacionais” promovida pelo PT, através do BNDES, foi das coisas mais nocivas que poderia ter acontecido à economia tupiniquim. É preciso parar de vez com esse negócio de dar dinheiro público para os amigos do rei.

A coisa era tão surreal que, enquanto o governo dispunha de um órgão (CADE) cujo objetivo era zelar pela concorrência, utilizava outro (BNDES) justamente para incentivar a concentração do mercado. No mesmo diapasão, enquanto o BC promovia uma política monetária de juros altos, na tentativa de frear a inflação, o BNDES puxava a corda para o outro lado, emprestando somas altíssimas a juros reais baixíssimos, muitas vezes até negativos.  Ou seja, a política monetária do Governo Dilma enxugava gelo.  Não por acaso, terminamos numa baita estagflação, que mistura inflação alta e recessão.

Mas não pensem que tal política era apenas economicamente desastrada. Havia carne debaixo daquele angu, como se diz na gíria.  Senão, vejamos: Desde que os recursos do BNDES começaram a ser drenados pela JBS, em 2005, aquela empresa já repassou nada menos que R$ 463,4 milhões a políticos e partidos nas eleições de 2006, 2008, 2010 e 2014.

R$ 463 milhões é muita grana, não é mesmo?  Está certo que o faturamento do grupo anda pela casa das dezenas de bilhões, mas, ainda assim, é preciso amar muito a democracia para doar tanto dinheiro a políticos.  Sim, pois das duas, uma: ou estamos diante de uma paixão arrebatadora pela democracia, ou de um baita investimento com retornos fabulosos esperados no futuro.

BNDES tem investido naquele grupo algo em torno de R$ 10,5 bilhões, sendo 8,5 bilhões em ações e 2,1 bilhões em empréstimos subsidiados.  Muito graças a esses investimentos do BNDES, o JBS se consolidou como um dos maiores grupos do mundo em sua área, tendo adquirido diversos concorrentes, aqui e no exterior, numa demonstração inequívoca de que a política de escolha de campeões, tão cara aos petistas, também promove a consolidação de monopólios.

É preciso que a sociedade brasileira entenda, de uma vez por todas, que, enquanto os governos detiverem poder tanto para levar empresários à fortuna quanto à ruína, será quase impossível escapar do compadrio político, uma prática conveniente para ambos os lados, tanto para os governos inchados e sedentos de poder, quanto para os empresários oportunistas.

A sociedade só conseguirá mudar esta tendência de conluio e corrupção galopantes quando cortar drasticamente os suprimentos de dinheiro e poder que fazem a festa de políticos, burocratas e empresários.  Mas esta é uma tarefa hercúlea.

Peguem, por exemplo, qualquer medida do governo para tentar equilibrar o orçamento, um problema que tem tirado o sono de onze em cada dez pessoas sensatas, atualmente.  Na maioria das vezes, as propostas se resumem a aumentar impostos ou reduzir algumas despesas, mas quase ninguém fala em privatizar empresas estatais ou reduzir drasticamente os recursos do BNDES destinados a subsidiar os amigos do rei, duas medidas que, sozinhas, poderiam ajudar muito na cobertura do déficit.

Será que os políticos não enxergam o óbvio, ou simplesmente não querem largar o osso?

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

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