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A história nacional e a mudança nas narrativas

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A mentalidade nacionalista, estatista e progressista faz parte da realdade nacional há anos. A discussão em torno das ciências humanas sempre foi povoada de chavões ideológicos que eram hermeticamente fechados em torno de uma única narrativa vigente, e questionar esta narrativa era um convite a ser esculachado publicamente.

Livros didáticos de história apresentavam coisas como D. Pedro II ser um déspota, a Proclamação da República um movimento popular e a Guerra do Paraguai uma chacina covarde do Império Brasileiro. Livros de filosofia pincelavam sobre liberalismo com chavões de criminalização da ideia, sendo vendida como um maléfico egoísmo. Além disso, existiam livros de sociologia que referenciavam o governo do social democrata Fernando Henrique Cardoso como um governo de direita liberal sem nenhuma preocupação com a causa social. Não foi à toa que Roberto Campos descreveu a situação nacional na pitoresca frase: “admitir o ‘liberalismo explícito’, num país de cultura dirigista, é coisa tão esquisita como praticar sexo explícito em público.”

Declarar publicamente ser a favor da opção liberal, globalizante, privatizante, contra o dirigismo era uma situação que simplesmente beirava o absurdo na mente coletiva nacional; porém, em determinado momento, a internet deu um lugar de graça para a ascensão desta possibilidade de questionar os fatos pelo exercício de informação. Os resultados demoraram e certas coisas nasceram de narrativas contrárias tão pitorescas quanto a narrativa oficial, é verdade, porém hoje as delimitações têm se colocado em uma determinada direção para que o que antes era apenas um adestramento de narrativa se torne de fato uma educação em humanas de alguma forma.

A atual novela das 18h da Rede Globo que estreou ontem já trouxe uma amostra do quanto essa possibilidade de questionar alterou a percepção geral sobre certos temas. Se, há dez anos, D. Pedro II era visto como mero déspota, hoje é reconhecida sua natureza de homem culto, sem negar as contradições que viveu em vida como um homem de mentalidade republicana liberal, mas que permitiu a um país viver um despotismo censitário e que prolongou a escravidão por anos. A Guerra do Paraguai, por anos vendida como uma chacina imperialista a mando da Inglaterra, hoje passou ao que realmente é: uma guerra de defesa contra um ditador megalomaníaco. Já não se faz mais o heroísmo de Deodoro, afinal, não há heroísmo algum em golpear o governo vigente e fracassar em uma tentativa de autogolpe, que sempre fora omitida na história que era publicada no ensino oficial.

Ainda vemos hoje que finalmente temos caminhado em certos pontos para a correção desta linha, para haver o espaço de uma oposição em campos de ideias nas ciências humanas como esta deve ser, com a inclusão das ideias liberais de Milton Friedman em materiais didáticos, bem como de pensadores liberais, sem excluir as contribuições e ideias de pensadores marxistas, keynesianos, progressistas, pois o objetivo é uma mentalidade aberta ao debate e não a mera doutrinação hermética – que apenas preservaria a patética estrutura de ensino com o sinal trocado.

O que antes era um tabu hoje é visto como uma parte integrante da sociedade, porém ainda é tratado como um “renascimento”. Claro que um renascimento em termos de representação política; a direita brasileira pode até mesmo ter ficado acuada, e com motivos para tal. Porém, nunca desapareceu a oposição aos mesmos caminhos trilhados há oito décadas que atrasaram o país.

*Artigo publicado originalmente na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

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