A mais estranha declaração da semana parece ser a do Ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo ele, o relatório anual de avaliação de efeitos colaterais do Fundo Monetário Internacional (FMI), que coloca o Brasil no grupo dos “cinco frágeis”, países emergentes que mais podem sofrer com uma deterioração das condições globais, é equivocado. Mas o mais estranho tem a ver com a razão pela qual o FMI estaria errado. É porque o relatório foi feito por pessoas de baixo escalão.

Desde quando ser um empregado faz alguém ser incompetente. Até onde se sabe, Guido Mantega não nasceu Ministro. Já foi de baixo escalão em boa parte da carreira. E se posição profissional fosse equivalente a competência profissional, 90% dos nossos ex-Presidentes não deveriam ter chegado a tal posto, dentre eles o mais caricato, Lula da Silva.

A estratégia de ataque ad hominem perpetrada por Guido Mantega contra os analistas do FMI em muito se parece com a estratégia de desqualificação de opinião feita rotineiramente pelo ex-Presidente, ao chamar alguém que discorda dele de “sub do sub do sub”. Isso quando não perde totalmente a educação, como ao xingar os analistas do Santander que escreveram um texto crítico ao modo de condução da economia pelo PT. Pelo menos Guido Mantega tem classe.

Sobre os analistas do Santander, que perderam o emprego por falar mal da política econômica, só nos resta lamentar pelo péssimo exemplo dado de perseguição política. Essa atitude, que demonstrou todo o bolivarianismo do PT, vai fazer muito mal às pretensões políticas do partido em curto prazo, muito mais do que a carta do Santander em si. A perseguição ao grupo Empiricus apenas reforçou essa impressão.

E não é só de FMI, Santander e Empiricus que estamos falando. Todo o mercado financeiro critica diuturnamente a atual política econômica. E assusta quando se vê que o Governo fecha os ouvidos às críticas. Quando Guido Mantega declara que a economia vai crescer a partir de agora, fica a pergunta: por quê? O que o Governo fez de diferente nos últimos tempos, seja em reformas institucionais, fiscais, legislativas ou econômicas, para justificar uma mudança no atual rumo da economia? A resposta é nada, se quisermos ser complacentes, porque na verdade o Governo está adotando é cada vez mais medidas discutíveis, como por exemplo a nova rodada de estímulos econômicos com subsídios a automóveis e redução do depósito compulsório.

Será que estão todos errados?