fbpx

Somente as democracias liberais permitem que autores as critiquem

Print Friendly, PDF & Email

Há algum tempo, um seguidor da página postou em nosso grupo uma reflexão a respeito de alguns dos mais famosos autores sobre política do mundo ocidental nos últimos dois séculos. Todos são oriundos da liberdade de expressão concebida pelas mais diversas democracias liberais pelo mundo. Pode pesquisar: o que têm em comum os autores Zygmunt Bauman, Domenico Losurdo, Alain Badiou, Slavoj Zizek, Ayn Rand, Hannah Arendt, Simone de Beauvoir, Theodor Adorno, Herbert Marcuse, Michel Foucault, Félix Guattari, Gilles Deleuze, Jean-Paul Sartre, Maurice Merleau-Ponty, Jacques Le Goff, Georges Duby, Ludwig Von Mises, Murray Rothbard, Hans Hermann-Hoppe, Karl Marx e vários outros para evitar gastar mais e mais linhas com nomes? Todos eles são oriundos de uma democracia liberal ou encontraram refúgio nas mesmas para escrever sobre suas ideias.

Independentemente de suas ideias, propostas e concepções sobre uma democracia, é claro notar que todos estes encontraram o refúgio ideal para sua fama e legado nas diversas democracias liberais. O ponto de seu pensamento crítico pode ser ampliado aos limites que só são permitidos pela liberdade de expressão garantida por democracias liberais.

Selecionamos como exemplo os mais diversos autores marxistas que eu mencionei acima: começando com o pai de todos, Karl Marx, que, nascido na Prússia, fora perseguido na juventude pelo Kaiser por suas críticas ao sistema judicial alemão em um sistema plutocrático, porém encontrou refúgio próspero para produzir sua ideologia e sua ideia de ditadura do proletariado nas livres França e Inglaterra Vitoriana.

Sartre foi o maior defensor do stalinismo e do maoísmo do ocidente durante o século XX, porém fez isso não de Moscou ou de Pequim, mas sim de sua sala confortável na Sorbonne, em Paris, onde a liberdade de cátedra da universidade dava níveis de liberdade maiores do que em qualquer lugar do mundo na época.

Maurice Merleau-Ponty, assim como Sartre, fora defensor do stalinismo; porém, quando Nikita Kruschev expôs ao mundo os horrores do stalinismo, o filósofo existencialista francês abandonou a doutrina e se tornou um crítico da mesma. Entretanto, tal qual seu contemporâneo Sartre, se opôs dentro de sua sala na Sorbonne, uma vez que em Moscou seria um convite ao Gulag.

Theodor Adorno e Herbert Marcuse, expoentes neomarxistas da Escola de Frankfurt, encontraram terreno próspero para suas ideias na Universidade da mesma cidade que leva o nome de sua escola, na Alemanha Ocidental, país construído nas bases democráticas ordoliberais de Konrad Adenauer em contraparte à sua metade soviética, responsável pela perseguição massiva de intelectuais pela Stasi. O antigo professor de ambos, Walter Benjamin, criador da escola, por outro lado, foi levado ao exílio, após a ascensão de Hitler, na livre França com a ascensão de Hitler, e posteriormente levado ao suicídio pela invasão do mesmo a Paris em 1940.

Tudo isso apenas mencionando seguidores marxistas.

Quando se trata dos libertários críticos da democracia, o padrão aumenta exponencialmente. Murray Rothbard foi professor universitário nos EUA, expoente da democracia liberal do século XX, enquanto criticava a existência da mesma nos moldes do país que lhe permitia essa liberdade.

Já Hans Hermann-Hoppe, libertário contemporâneo, dissertou em um livro sobre como a democracia liberal é ruim enquanto é professor universitário na mesma Alemanha que permitiu a Adorno e Marcuse serem livres para defender seu neomarxismo. Hoppe vai além e defende uma preferência por uma monarquia absoluta sobre uma democracia liberal. Enquanto filósofos políticos do século XVIII, como Voltaire, principal defensor da liberdade de pensamento, foi um dos elementos mais perseguidos por criticar o exercício de poder absurdo do monarca em seu tempo, precisando diversas vezes ser exilado de sua terra natal por tais críticas.

Estes autores podem criticar e até mesmo desmerecer o papel da democracia liberal em duas coisas: na ascensão da liberdade geral e na permissão de suas ideias contra a mesma prosperarem sem oposição coercitiva; mas todos sabemos que os benefícios gerais da democracia liberal permitem que possamos fazer estas colocações e observações sobre a mesma, coisa que qualquer outro regime impede de realizar.

#Artigo publicado originalmente na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

Faça uma doação para o Instituto Liberal. Realize um PIX com o valor que desejar. Você poderá copiar a chave PIX ou escanear o QR Code abaixo:

Copie a chave PIX do IL:

28.014.876/0001-06

Escaneie o QR Code abaixo:

Instituto Liberal

Instituto Liberal

O Instituto Liberal é uma instituição sem fins lucrativos voltada para a pesquisa, produção e divulgação de idéias, teorias e conceitos que revelam as vantagens de uma sociedade organizada com base em uma ordem liberal.

Pular para o conteúdo