A farmácia de Ayn Rand
É impossível ler Ayn Rand e não mudar algum aspecto da vida, seja alguma obra sua ou mesmo sobre o objetivismo, que é a filosofia, como a própria autora por vezes falou, “para viver na Terra”.
Dennys Xavier, autor do livro A farmácia de Ayn Rand (2021), escreve e esclarece alguns temas importantes da filosofia que Rand apresentou ao mundo por meio das suas principais, romanceadas e mais conhecidas obras: A revolta de Atlas (1957) e A nascente (1943).
Na obra, Xavier optou por dividir a abordagem em duas partes bastante singulares e também trazer uma entrevista que virou um apêndice:
b) Na segunda, Xavier apresenta aos leitores: (i) o que é o Objetivismo; (ii) qual a ética envolvida nessa filosofia e como entendê-la; (iii) expõe o seu antagonista principal, o coletivismo; (iv) aborda e fundamenta uma tese de que o capitalismo é o único sistema sobre o qual se pode viver o objetivismo na plenitude, assumindo que o racismo é uma das formas mais perversas de coletivismo; (v) reflete sobre a felicidade, dentro da visão objetivista.
Xavier escreve, de maneira peculiar, sempre demonstrando com simplicidade e linguagem acessível seu profundo conhecimento literário com inserções assertivas de referências e bases históricas, fazendo fechamentos reflexivos.
Rand é defensora do “bom” egoísmo, que chama de “racional”, em que o indivíduo que luta pelo seu próprio interesse tem ética, integridade e é orgulhoso – esta última qualidade no sentido de “ambição moral”, busca a todo momento de sua felicidade, que é a efetiva concretização da vivência dos seus valores, no âmbito da realidade. “Ninguém deve se prejudicar por ninguém” (pág. 153). Entretanto, morrer por alguém que se ama, também está presente dentro do conceito. Isso significa integridade: a vida de alguém que se ama é tão forte que viver sabendo que nada foi feito por você significa uma morte.
É uma filosofia extremada, percebe-se isso na conversa de Xavier com Nesteruk; entretanto, um direcionador do que mais pode se aproximar do conceito de justiça. Ou seja, “a sua própria justiça consigo mesmo”, com o perdão do pleonasmo.
Avalio como livro complementar e essencial para o entendimento do objetivismo. Recomendo, ainda, que seja lido logo após as obras de Rand, assim como fiz, já que promove esclarecimentos e firma diversos conceitos.
Felipe Fernandes – Associado III do Instituto Lideres do Amanhã.