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Socialismo ou intervenção militar

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intervenção militar

Compreendo o medo de que o Brasil se torne uma Venezuela. O PT sempre tentará nos levar por esse caminho, o que motiva alguns grupos a pedir intervenção militar. O que esses grupos não entendem é que governos militares têm mais semelhanças do que diferenças com os regimes socialistas.

Em primeiro lugar, devemos nos lembrar de que grande parte da esquerda argumenta que o fracasso de todas as experiências socialistas ao longo do último século foi resultado de deturpações do próprio ideal socialista. Dizem isso depois que as tragédias aconteceram. Dizem isso depois de terem apoiado as experiências. O início da revolução bolivariana contou com o apoio de muitas pessoas que hoje se manifestam contra ela.

Devemos nos lembrar também que muitas pessoas, instituições e meios de comunicação que apoiaram a intervenção militar em 1964, no Brasil, se decepcionaram ao ver que os militares que assumiram o poder para interromper os absurdos de João Goulart acabaram promovendo seus próprios absurdos. O fato do regime resultante da intervenção militar ter perseguido, torturado e assassinado muito menos pessoas do que os regimes comunistas de sua época não faz dele um bom regime, não faz dele uma “ditadura do bem”. Todas as intervenções militares da América Latina se apresentaram como restauradoras da democracia, da liberdade e do desenvolvimento, exatamente o mesmo discurso de todas as revoluções socialistas. Todas as intervenções da direita e todas as revoluções da esquerda resultaram em muito mais prejuízos do que benefícios para as suas sociedades.

Em segundo lugar, tanto o socialismo quanto qualquer intervenção militar representam em conceito e em prática o aumento do poder do estado, o que inevitavelmente gera os maiores problemas para os cidadãos, já que toda concentração de poder tende a politizar os assuntos privados, incluindo a economia.

A grave crise econômica brasileira é resultado de basicamente duas coisas: Aumento de gastos públicos e políticas protecionistas; ou simplesmente da ideia de que o estado deve ser o grande propulsor da economia. Não por acaso, essas foram características do regime militar no Brasil. Tanto o regime militar quanto Lula cativaram o apoio da maioria da população celebrando crescimentos econômicos artificiais.

O resultado dos 20 anos do regime militar: Hiperinflação, estagnação econômica e o alto índice de desemprego na década de 1980.

O resultado dos 13 anos de petismo: Aumento da inflação, recessão econômica e a subida do desemprego, todos com tendência de piora.

Bruno Garschagen, em seu excelente livro Pare de Acreditar no Governo, resume muito bem os trágicos resultados do regime militar, que sustentou “uma política em que comandava e administrava os preços a partir de um amplo sistema de concessão de crédito, de incentivos e de subsídios para as empresas privadas, mediante a atuação direta das empresas estatais”. Ou seja: O regime militar e o PT compartilharam o mesmo plano econômico. Ambos os regimes privilegiaram os mais ricos. A maioria das construtoras cooptadas pelos esquemas do PT tiveram suas origens no regime militar. O PT continuou o que o regime militar iniciou.

Aldo Mussacchio e Sergio Lazzarini, no livro Reinventando o Capitalismo de Estado, já citado noutros de meus textos, identificam nada menos do que 168 empresas estatais criadas entre 1964 e 1982.

A política do “empreguismo” que o PT utilizou para sustentar sua rede de militância veio da política do regime militar de utilizar as empresas estatais e as grandes obras de infraestrutura para gerar emprego para a população. “O petróleo é nosso” ecoava mais durante o regime militar do que ecoa hoje. A irresponsabilidade fiscal e monetária foram características do regime militar assim como são do governo petista.

Os militantes socialistas de hoje pregam as mesmas coisas que os líderes socialistas do passado pregavam, o que nos leva a fazer uma simples pergunta: Por que deveríamos acreditar que os atuais socialistas governariam diferente?

Os defensores da intervenção militar no Brasil pregam, hoje, a mesma coisa que os militares pregavam antes de tomarem o poder em 1964, o que também nos leva a perguntar:

Por que deveríamos acreditar que desta vez uma intervenção militar seria boa para o Brasil? A partir do que devemos acreditar que os militares de nosso tempo não seriam tão intervencionistas, tão protecionistas e tão antidemocráticos quanto aqueles que governaram por mais de 20 anos? Por qual razão deveríamos acreditar que uma vez tomado o poder, os militares não cairiam na tentação de usá-lo para cometer os mesmos crimes que outros militares cometeram? Por qual razão deveríamos acreditar que uma intervenção militar não se tornaria um regime tão totalitário quando qualquer regime socialista?

As pessoas que, assim como eu, rejeitam as ideias e os procedimentos socialistas, deveriam entender que foi o regime militar que fortaleceu o discurso da extrema-esquerda brasileira. Foi a truculência do regime militar que transformou criminosos comunistas em heróis nacionais. Foram as restrições à liberdade que possibilitaram que as mais absurdas ideias socialistas se popularizarem logo depois da redemocratização do Brasil. Se não fosse a ditadura militar, uma pessoa como Dilma Rousseff sequer seria conhecida.

Se, ao reler a história, concluímos que o regime militar nos livrou de um provável regime comunista, isso não significa que devemos pedir a mesma solução contra o PT.

Sim, estamos no mesmo caminho da Venezuela, mas ainda estamos distantes de nos tornar uma Venezuela. Ainda contamos com muitas instituições e pessoas independentes. Mais de 90% da população se diz insatisfeita com o atual governo. Mais de 80% têm consciência de que Dilma mentiu para se reeleger. Mais de 60% acha que Dilma deveria ser afastada. Ontem, o STF mandou prender um senador do PT em pleno mandato. O que falta a sociedade brasileira é mobilização. Ir para a rua. Ir para a rua todo dia. Desobedecer o governo. Perder o medo de dizer o que sente. Apoiar as pessoas e os movimentos que tentam heroicamente derrubar esse governo utilizando-se apenas de argumentos.

A Argentina também estava no mesmo caminho da Venezuela. Não está mais. No último domingo elegeu um liberal para a presidência. É assim que se faz.

Se a intenção por trás da derrubada do atual governo é abrir espaço para uma nova mentalidade de administração dos recursos públicos e para revisão do papel do estado na vida das pessoas, então uma intervenção militar não deve ser cogitada. Qualquer slogan pró-intervenção deve ser tão hostilizado quanto qualquer slogan comunista ou nazista.

A persistência não transforma péssimas ideias em boas ideias.

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João Cesar de Melo

João Cesar de Melo

É militante liberal/conservador com consciência libertária.

3 comentários em “Socialismo ou intervenção militar

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    27/11/2015 em 3:42 pm
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    MAIS PARECE O SAMBA DO CRIOULO DOIDO!!!…QUEM ESCREVEU ISSO…TEM CABEÇA COMUNISTA!…MUITO MAU INFORMADO OU INTENCIONADO!!!…OU OS DOIS!!!…LIBERDADE OU ESCRAVIDÃO?…O BEM OU O MAL?…VIAJAR COM O SEU PRÓPRIO DINHEIRO OU SER DEPORTADO PAR OS QUINTOS DOS INFERNOS CONTRA SUA VONTADE?…SAIR COM SUA GRANA E COMPRAR O QUE PUDER OU ENFRENTAR FILAS QUILOMÉTRICAS TODOS OS DIAS PRÁ COMPRAR UMA NINHARIA QUE MAL DÁ PARA UMA CRIANÇA?…DECIDA-SE…CIDADÃO BRASILEIRO!!!…A ISSO QUE EU LI…CHAMO DE “TÁTICAS COMUNISTAS”…LAVAGEM CEREBRAL!!!…COVARDIA!!!…

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    26/11/2015 em 5:46 pm
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    Ao autor. Apreciei muito seu artigo. Em um espaço tão restrito foi capaz de relacionar o medo comunista e a tola solução da ditaduta. Creio apenas que o que nos falta como sociedade poderia ser mais detalhado, discutido – quem sabe em outro artigo. Penso, se me permite, que o que nos falta é heroísmo particular e perder a fé em “salvadores da pátria”. Esse heroísmo, diferente do segundo item, precisa ser focado. É algo por fazer, enquanto o outro é algo a deixar de lado. Que heroísmo é esse? É hora de idealizarmos a nós mesmo, sem modelos massificadores. É hora de um povo tão culturalmente superior a seu ontem, quanto for capaz de imaginar. Um povo autor de sua esperança individual, que se sinta responsável por ser melhor, que se cobre a superioridade. E cuja meta seja maior do que devolver o troco errado da padaria e dar comida ao faminto da calçada.

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    26/11/2015 em 5:30 pm
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    Gostei do texto. Vai de encontro a visão limitada dos dias de hoje em que ou você está com o governo ou é um reaça que quer intervenção militar. E reforça meu pensamento que o que o Brasil precisa não é intervenção militar e sim Intervenção Civil.

Fechado para comentários.

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