fbpx

A instabilidade política nas eleições brasileiras

Print Friendly, PDF & Email

O Brasil, ao longo de sua história política, tem enfrentado períodos de turbulência durante os processos eleitorais. A aceitação dos resultados e a transição pacífica de poder nem sempre foram garantidas, e os episódios de contestação eleitoral são parte integrante da narrativa política do país. Desde o início da República até os dias atuais, a instabilidade política em torno das eleições é um tema recorrente, demonstrando profundas raízes no sistema político brasileiro.

Historicamente, as eleições no Brasil eram marcadas pela incerteza quanto à aceitação dos resultados por parte dos perdedores. Muitas vezes, os adversários políticos buscavam acordos e compromissos para garantir a estabilidade do país após as eleições. No entanto, esses acordos nem sempre foram respeitados, e contestações eram comuns.

Um exemplo recente de contestação eleitoral ocorreu em 2014, quando o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) contestou o resultado das eleições presidenciais após a derrota de Aécio Neves para Dilma Rousseff. Da mesma forma, nas eleições de 2022, o Partido Liberal (PL) também buscou contestar o resultado após a derrota do então presidente Jair Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva. As contestações não foram à frente por decisões do Superior Tribunal Eleitoral (TSE). Contudo, no caso de 2022, eles podem, em parte, ter sido estimulados pela contestação, com a posterior deflagração de eventos de violência política, como os ataques na cidade de Brasília em dezembro e, ambém no dia 8 de Janeiro, com a invasão de milhares de pessoas no Congresso Nacional e no STF.

Esses casos recentes se somam a um histórico de instabilidade política que tem raízes mais profundas.

Ao longo da história do Brasil, houve diversos episódios de golpes e conflitos eleitorais que abalaram a estabilidade política do país. Um exemplo notável ocorreu com a eleição de Juscelino Kubitschek, em 1955. Kubitschek quase não tomou posse como presidente, sendo necessário o envolvimento das Forças Armadas para garantir a sua posse. Isso demonstrou a fragilidade das instituições democráticas em momentos de transição de poder, que sucumbiram menos de uma década depois.

Outro exemplo marcante remonta a julho de 1929, quando Getúlio Vargas, então presidente do estado do Rio Grande do Sul, enviou uma carta ao presidente Washington Luís defendendo que seu sucessor fosse o paulista Júlio Prestes. Vargas se comprometeu a retirar sua candidatura caso outro nome fosse escolhido, mas o acordo não prosperou. Isso levou à formação da Aliança Liberal, que apoiou a candidatura de Vargas e João Pessoa como vice-presidente. Em dezembro, novamente, por meio de Paim Filho, Vargas negociou um acordo com Washington Luís pelo qual ambos os lados se comprometeriam a aceitar eventual derrota. Getúlio também acordou de não fazer campanha além de seu próprio estado, e Prestes teria de se comprometer a garantir a posse dos deputados eleitos pelo partido de Getúlio e restaurar boas relações entre o governo federal e o Rio Grande. Como se sabe, Prestes foi vencedor do pleito e o acordo entre Vargas e Washington Luís não foi cumprido, resultando em um golpe de estado.

Esses episódios de contestação eleitoral e instabilidade política revelam as raízes profundas do autoritarismo na política brasileira. A falta de confiança nas instituições democráticas, a fragilidade dos acordos políticos e a disposição de certos atores em desafiar os resultados eleitorais contribuíram para a história tumultuada do país.

Superar esses desafios requer um compromisso de maior transparência na tomada de decisões e na condução do processo eleitoral, mas também maior autocontenção política.

Faça uma doação para o Instituto Liberal. Realize um PIX com o valor que desejar. Você poderá copiar a chave PIX ou escanear o QR Code abaixo:

Copie a chave PIX do IL:

28.014.876/0001-06

Escaneie o QR Code abaixo:

Luan Sperandio

Luan Sperandio

Analista político, colunista de Folha Business. Foi eleito Top Global Leader do Students for Liberty em 2017 e é associado do Instituto Líderes do Amanhã. É ainda Diretor de Operações da Rede Liberdade, Conselheiro da Ranking dos Políticos e Conselheiro Consultivo do Instituto Liberal.

Pular para o conteúdo