Sobre a redução dos estímulos do governo americano e a hipocrisia brasileira
BERNARDO SANTORO*
O Banco Central americano (FED) anunciou ontem que diminuirá gradativamente a terceira rodada de estímulo à economia americana. Pela rodada atual, o FED injeta mensalmente 85 bilhões de dólares na economia. A partir de janeiro passará a ser de 75 bilhões/mês e a tendência é de diminuição.
Essa situação era particularmente preocupante para o Brasil. Guido Mantega, nosso Ministro da Fazenda, ficou aliviado pois temia que o dólar disparasse. Com a redução gradual, o dólar também vai passar a se valorizar gradualmente.
Interessante notar que Mantega, ao afirmar que o fim das injeções de dólar fortalece a moeda e a economia americana e prejudica a brasileira está, ainda que sorrateiramente, admitindo que é bom para um país ter uma moeda forte e austeridade fiscal.
No entanto, na gestão da nossa economia, está fazendo exatamente o contrário, com o atual descalabro das contas públicas federais e a injeção ininterrupta de crédito no mercado.
O fato é que o Real só não se desvalorizou por completo porque o mundo está numa frenética competição para ver quem é o pior gestor econômico. Os EUA com seus gastos de previdência, guerras e Obamacare, a Europa com seu estado de bem estar social infinito e o Brasil com seu funcionalismo público e alto empresariado glutões.
Com a mínima manifestação de seriedade de qualquer governo estrangeiro, a economia brasileira fica exposta, recursos somem e o custo de vida cresce.
Um governo brasileiro que administrasse pensando no futuro veria o atual estado fiscal das principais potências como uma oportunidade única de ajustar as contas públicas e destravar a economia, recebendo grandes injeções de investimento para crescer de verdade, em ritmo acelerado e ao mesmo tempo sustentável.
Mas acho que isso é pedir demais para gente manifestamente hipócrita.
*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL