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Dieese e o salário mínimo de R$ 2.761,58

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BERNARDO SANTORO*

Na madrugada desta quarta-feira, o Congresso Nacional aprovou um Orçamento para 2014 que define o valor do salário mínimo em R$ 724,00 a partir de janeiro. Logo em seguida, o Dieese, que é uma entidade de estatística das centrais sindicais brasileiras, publicou um estudo dizendo que o salário mínimo no Brasil deveria ser de R$ 2.761,58 para suprir efetivamente as necessidades básicas do trabalhador.

Nesse artigo eu não falarei sobre o absurdo que é a regulação de salário mínimo, que vai ficar para outro dia. Hoje falarei da ironia desses estudos do Dieese, partindo do pressuposto que provavelmente o Dieese está certo, pois essa é sim a quantia necessária para que uma pessoa possa viver com o mínimo de dignidade no Brasil.

O que o Dieese não conta é que os sindicatos que financiam o Dieese são parte do problema que fazem com que o custo de vida seja alto no Brasil. A outra parte é do governo e do empresários que controlam o governo.

A ideia é bem simples: se falta poder de compra ao Real, de forma que um trabalhador precise levantar R$ 2.761,58 para poder ter uma vida digna, o problema está ou no excesso de dinheiro ou na falta de bens e serviços. O primeiro problema é do governo, o segundo é do grande empresariado e dos sindicatos.

Desde o fim do sistema Bretton Woods (que já não era bom), decretado por Nixon em 1971, que dinheiro na verdade não vale nada. Não tem valor intrínseco porque ele não é garantido por nenhum bem físico, apenas pela força e pela credibilidade de um governo. Falando em "juridiquês", ele não é um título de crédito com garantia real, é sim um título de crédito com garantia fiduciária (fidúcia é confiança, ou seja, a garantia do dinheiro é o governo).

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Sendo um título que varia de acordo com a confiança do governo, que por sua vez é baseada na quantidade de papel que ele roda, quando o custo de vida é muito alto e o valor do dinheiro é muito baixo, é porque o governo está rodando dinheiro demais. E o governo faz isso para financiar seus déficits, engordar o lucro de bancos, via BACEN, e o de grandes empresários, via BNDES, às custas do poupador comum e do trabalhador, que vê a unidade de cada dinheiro seu desvalorizar a cada segundo que a máquina de fazer dinheiro do governo estiver operando.

Se não fosse por isso, talvez com R$ 500,00 se pudesse ter uma vida digna. Há dez ou quinze anos atrás seria esse o caso, mas a inflação governamental destruiu essa possibilidade.

Já do lado da oferta de bens e serviços, eles encarecem na medida que tem pouco deles no mercado. Aqui já é culpa de vários agentes: do governo, que limita a produção econômica com impostos, burocracia e protecionismo; do alto empresariado, que financia o governo para que ele restrinja o mercado, maximizando seus lucros e oligopolizando os serviços; dos sindicatos de empregados privados,  que lutam ao lado dos patrões contra reformas trabalhistas e econômicas que abram o mercado e ponham os empregos dos seus associados em risco; e dos sindicatos de servidores públicos, que patrocinam o sufocamento do mercado com mais impostos para receberem salários mais altos que a média do setor privado.

Destravando todo esse sistema, é certo que para um trabalhador viver com dignidade no Brasil, não precisaria se matar de trabalhar, tendo acesso a produtos baratos com uma moeda forte.

Mas acho que é mais fácil para o Dieese culpar um baixo salário mínimo do que denunciar que seus financiadores também financiam os altos preços de bens e serviços no Brasil.

*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL

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Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

Um comentário em “Dieese e o salário mínimo de R$ 2.761,58

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    22/12/2013 em 9:28 am
    Permalink

    Sugestão: um comparativo entre salário mínimo anual e renda por PEA de diversos países – creio que já ter encontrado algo assim na internet. No caso do salário mínimo, o ideal seria considerar o salário anual bruto, incluindo encargos – FGTS, INSS, férias remuneradas e 13º. Creio que o do Brasil fica na média dos países desenvolvidos, ou seja, o valor está adequado ao nosso PIB.

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