Salários públicos acima da média
BERNARDO SANTORO*
O Correio Braziliense noticia que os salários dos funcionários públicos brasileiros são, na média, 84,5% maiores que os salários médios dos empregados na iniciativa privada. Isso se dá por conta de uma distorção ocasionada pela estrutura política de distribuição de bens e serviços.
O sociólogo Franz Oppenheimer, em obra clássica, distinguiu duas maneiras de se distribuir bens e serviços, a via pacífica, a qual ele chamou de mercado, e a via violenta, a qual, de maneira organizada, ele chamou de estado.
A via de mercado está baseada no mecanismo de preços. A via de estado está baseada na alocação de verbas.
Um preço é obtido através da constante e dinâmica troca de informações entre prestadores e consumidores de bens e serviços. No final das contas, o preço é um resultado dessa livre interação e “diz” para a população em geral se um determinado produto é mais ou menos importante e mais ou menos raro.
A verba, pelo contrário, é recebida através da pressão política. E como a pressão política não é uniforme como um preço, mas sim disforme, de acordo com a organização do setor político interessado na verba, ela não reflete verdadeiramente a utilidade e a escassez do bem, mas apenas a força do grupo de pressão envolvido na sua produção ou consumo.
Como o grupo de pressão dos servidores públicos é extremamente organizado, seus salários acabam por ser maiores, na média, do que os salários do mercado, mas isso acaba trazendo um grave prejuízo social, visto que, em condições de mercado, a sociedade, espontaneamente, não pagaria tal soma a essas pessoas, o que as transforma em PRIVILEGIADOS.
E o privilégio é flagrante em outros temas, como a estabilidade de emprego, regime previdenciário diferenciado, e por aí vai.
Enquanto isso, outros setores da economia que poderiam estar recebendo esse dinheiro que está indo indevidamente para o custeio da máquina pública, acabam subvalorizados e não gerando a riqueza social que aumentaria o bem-estar de todos.
Eventualmente essa discussão terá de ser travada em nível político, mas até o momento parece que todos os partidos políticos têm medo desse tema. O que é ruim para todo o país.
*DIRETOR DO INSTITUTO LIBERAL