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O remédio amargo necessário

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Karl Arthur Bolliger Vieira*

remedioruim“Se o remédio é amargo, mas o paciente precisa dele para conseguir sobreviver, devemos suspender remédio?” – Indagou a ex-premiê Britânica Margaret Tatcher (1979-1990) ao confrontar a esquerda retrograda, quando no início de seu mandato, em situação de crise econômica que avassalava o país, teve que promover a elevação dos juros e corte nos gastos públicos.

Infelizmente no Brasil, principalmente nos últimos anos, tal lógica de que certos ajustes, mesmo que impopulares, são necessários para se colocar o país nos eixos, não prospera. Prova disso, vimos recentemente, quando durante a crise financeira que abalou as economias mundiais, o governo federal optou por manter uma política econômica populista de incentivo ao consumo, principalmente por meio de programas sociais – assistencialistas.

Ao curto prazo esta política econômica deu resultados satisfatórios, pois o país continuou a crescer, mesmo em época de uma das mais graves crises financeiras que o mundo já vivenciou. O sucesso desta política econômica refletiu no campo eleitoral ao conseguir o governo eleger sua candidata à sucessão presidencial.

Por outro lado, o governo não fez o dever de casa, pois não investiu em infraestrutura e não promoveu incentivo para aumento da capacidade da produção. O resultado não poderia ser outro, senão desastroso com o descontrole da inflação e a saída de investimentos estrangeiros do país.

Este tipo de erro do governo é comum ao longo da história de nosso país, pois nossos governantes não possuem a coragem necessária para enfrentar tais problemas sem pensar no abalo político (leia-se votos) que tais medidas podem causar. Nossos governantes não entendem que governo e povo não são a mesma coisa. Nem sempre as decisões necessárias a se tomarem vão de encontro com os anseios do povo, mas são necessárias para a construção de um futuro.

Margaret Tatcher é o melhor exemplo de como um líder pode comandar seu país sem se preocupar com o abalo político que suas convicções podem refletir, como quando viu sua popularidade despencar ao persistir com sua política liberal de combate a inflação por meio do aumento de juros e corte dos gastos públicos, além de quando declarou guerra aos sindicatos e setores improdutivos da economia que até então eram tratados a pão de ló pelo governo. Esta grande líder salvou a Inglaterra e a colocou nos eixos da prosperidade até os dias de hoje.

Contudo, no Brasil, ainda prospera na cabeça de nossos governantes a lógica inversa, a de que bom político é aquele que está ao “lado” do povo, de forma a tomar decisões ou votar em matérias que atendam ao “interesse do povo”. Tal lógica se explica, pois nada mais querem este tipo de político do que se perpetuar no poder, angariando votos durante os anos de seu mandato.

Ao invés de termos uma gestão pública eficiente e qualificada, ficamos reféns de líderes  incompetentes. É preciso urgentemente mudar esta lógica e passarmos a produzir líderes com visão de futuro.

Para isto, é de máxima urgência que os partidos políticos estimulem o debate interno, estimulem o surgimento de novas lideranças que oxigenem a política, bem como sejam fiéis a princípios e ideologias que guiem estes novos líderes. Não podemos perder as esperanças, o futuro a nós pertence, mesmo que para isso o gosto do remédio seja amargo.

*ADVOGADO, COM BACHARELADO EM DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

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