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O Politicamente Correto e a Pseudociência 2 – O perigo da Desinformação

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Marcia Rozenthal *

desinformacao1Todos os textos que publiquei neste blog, com cujas ideias me afino muito, têm como principal foco a responsabilidade, que precisa estar embrenhada no conceito de liberdade, para não deixa-la se degenerar em liberalidade.

Somos liberais.

Já escrevi textos sobre os deveres humanos, sobre o relativismo moral, sobre a forma enviesada como a mídia trata da questão Israelense e sobre nossa postura no aguardo do ano de 2016.

O mote inicial ao escrever este artigo, desdobrado agora pelos comentários que li, foi me deparar na mídia com afirmativas e estratégias visivelmente atrapalhadas, em algum grau circenses ou maldosas, para lidar com a epidemina da Zika. Estas foram formuladas pelo nosso Ministro da Saúde, e posteriormente pela própria OMS, quando chegou a inserir no contexto questões mais profundas como a do aborto. Especificamente este tema foi discutido neste e em vários outros blogs que leio regularmente.

Isso deixou patente o quanto a política se imiscui e define regras dentro da área da saúde e tem o poder até de distorcer conceitos a título do “aparelhamento” ideológico. Não acho que o fazem apenas pela falta de informação, mas por algo que considero muito mais grave, que é a possibilidade de disseminar a desinformação.

Como profissional, tenho um grande privilégio de trabalhar em campos da psiquiatria muito próximos aos das ditas ciências “duras”, que são o da neuropsiquiatria e o da neuropsicologia. Quero externar meu respeito pela medicina, profissão à qual me dedico por vocação e exaltar seus avanços que tenho tido o privilégio de acompanhar de muito perto. Tenho gratidão pelas diversas áreas das ciências que nos cederam tantos avanços tecnológicos, facilitando diagnósticos e tratamentos até pouco tempo impensáveis.

Não raro sinto verdadeiro incômodo com a forma como informações técnicas são veiculados pela mídia leiga. Sei que aqui não escrevo para médicos, e tenho o cuidado de externar algumas destas perplexidades em cima de exemplos mais atuais, numa linguagem acessível.

Se uso o humor como recurso, é porque isso faz parte do meu jeito pessoal. Sem ele, não há vida inteligente na Terra. Bem, essa é minha visão.

No artigo anterior citei o tema da “liberalização” da maconha como um exemplo paradigmático, por ser um caso espantoso. Essa decisão desconsidera os amplos conhecimentos advindos da neuropsicologia e neuropsiquiatria, muito bem fundados cientificamente. Está nitidamente atrelada a sucessivas “marchas  da maconha”, organizadas e frequentadas por artistas e celebridades, no que dizem alguns profissionais isolados. Foi criado no inconsciente coletivo a imagem da maconha como uma substância “verde”, “natural”, que pode ser plantada em vasinhos em casa. Ora! Alguém se propõe a comer urtigas ou cicuta, já que são naturais? Porque a mídia não consulta entidades médicas, como a AMB (Associação Médica Brasileira), a ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) para melhor informar a população, e os potenciais usuários, sobre as reais ações da maconha no cérebro e cognição? Penso que qualquer pessoa poderia, com base em informações claras e científicas, decidir com responsabilidade se deve ou não usá-la, e de que forma. Li apenas uma entrevista séria, nas páginas amarelas da VEJA, onde o professor titular da USP, Valentim Gentil Filho, abordou de forma muito clara e profissional este tema. Certamente, o impacto desta entrevista não pode ser comparado com o foco dedicado a cada manifestação “a favor” da maconha.

Prevalece o conceito de liberalidade, orientada pela desinformação.

Podemos seguir adiante. Quanto não é feito pela proibição do tabaco, e pelo cerceamento do uso do álcool através das leis secas? Mas, pouco (ou nada) escuto falar sobre repressão ao uso de outros entorpecentes no trânsito que são sem dúvida muito deletérios, sendo o mais comum a cocaína. Por que não fazem um simples exame toxicológico para medir também o nível destas substâncias no organismo de pessoas que provocam acidentes?

Tudo isso me faz pensar no escândalo chamado “climagate”. Este foi investigado detalhadamente pelo inglês James Delingpole, que relatou toda sua experiência e ideias a este respeito no livro “Os melancias”. Neste, ele expôs numerosas fraudes científicas e uso indevido de “budgets” para estudos, cujos resultados foram enviesados de forma dolosa. Tudo isso em nome do dito modismo verde, do oportunismo político, e dos “ambientalistas”.

Explicou que escolheu a imagem da melancia para designá-los, justamente por esta ter a casca verde e o interior vermelho.

E concluo: Pior do que uma pessoa pouco informada é aquela desinformada. Porque esta tem certezas.

* Marcia Rozenthal é neuropsiquiatria e professora da Escola de Medicina da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

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