O Mensalão
ARTHUR CHAGAS DINIZ*
Tal como era de se presumir, a redução temporária do IPI sobre automóveis resultou na desova dos pátios das fábricas e das revendedoras. Embora Dilma Rousseff tenha a pretensão de substituir o mercado como fator decisório no processo de compra e venda, novamente ele confirmou sua dinâmica: baixou o preço, aumentou a demanda.
A Presidente bem poderia concluir que, se as alíquotas fossem mais baixas, a aquisição de bens e produtos seria aquecida. O problema é que as despesas fixas do governo consomem quase 100% (cem por cento) da arrecadação e, como se sabe, os salários dos funcionários públicos não podem ser reduzidos.
O que domina o noticiário agora é o julgamento do Mensalão pelo STF. Como seria de se supor, o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, advogado de um dos réus, tentou separar os réus em 2 (dois) grupos: os comuns e os membros do Poder Legislativo, sendo, portanto, o grupo dos réus comuns remetidos à primeira instância. Rejeitado o pedido pela maioria do Supremo, ficaram evidentes as intenções de, em primeiro lugar, separando os réus, desqualificar o crime de quadrilha e, em segundo, de retardar o julgamento, tendo em vista que os principais membros da quadrilha são petistas relevantes.
A transmissão do julgamento, que os representantes dos réus tentam diluir ao longo do tempo, pode ajudar a camarilha petista nas próximas eleições municipais.