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O fim da economia como a conhecemos

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Já não há mais dúvidas de que a chamada “Lei de Anistia da Dilma”, que absolve a presidente do crime de responsabilidade pelo não cumprimento da lei orçamentária, será aprovada definitivamente, com todos os destaques, e promulgada até o fim da semana que vem. É necessário que façamos uma análise desse fato a partir de uma perspectiva familiar, nacional e internacional, para que saibamos os reais efeitos práticos da aprovação dessa lei.

De uma perspectiva familiar, imagine que você, caro leitor, cidadão brasileiro comum, tenha uma receita mensal de R$ 3 mil, impondo a si próprio esse limite de gastos, e que ao fim do mês se contasse que você gastou R$ 4 mil. De onde veio esse dinheiro extra? As alternativas são duas: ou você tinha esse R$ 1 mil poupado, e teve de perder essa poupança; ou alguém lhe emprestou esse dinheiro a juros, que é o que bancos normalmente fazem. Quanto mais endividado o leitor fica, mais difícil é para conseguir empréstimos que refinanciem esse prejuízo, e o resultado final do processo é, inevitavelmente, a falência e a pobreza.

É exatamente este o processo pelo qual a presidente está fazendo toda a nação passar, com o beneplácito do Congresso Nacional, que se aprofunda com novos empréstimos e novos gastos, a serem pagos eventualmente de algum jeito. O jeito tradicional é com a obtenção de empréstimos, através da venda de títulos para o mercado, cujos juros são cada vez maiores porque a falta de confiança no governo é cada vez maior. O segundo jeito é com a cobrança de impostos, motivo pelo qual a porcentagem do PIB abocanhada pelo setor público está em recorde histórico, de quase 40%, sufocando a iniciativa privada e inviabilizando investimentos de longo prazo para o aumento da produtividade nacional.

O terceiro jeito é através do financiamento estatal por meio da inflação. O governo cria dinheiro novo, do nada, no Banco Central e o usa para comprar títulos da dívida através de corretores, diluindo o poder de compra do dinheiro velho que está nos bolsos da população. O governo já multiplicou a quantidade de dinheiro no mercado por seis durante o período PT. Tristemente, o governo brasileiro está hipotecando o futuro do país, através dos três meios citados, para bancar a farra populista dos gastos públicos atuais, e sendo anistiado pelos nossos representantes.

A principal justificativa dos congressistas para sancionar essa gastança desenfreada é o argumento de que todos os países do mundo estão correndo suas contas em déficits, e isso é mesmo uma verdade. A maioria absoluta dos países está incorrendo em dívidas públicas recordes, mas isso é um problema mundial que não pode servir de desculpa. Se todos os países estão errados, não precisamos estar também. A economia mundial está a alguns passos da maior crise financeira da história: a crise da dívida pública. Quando um país médio qualquer quebrar e os investidores em todo o mundo entenderem que nenhum país conseguirá sustentar o pagamento desse débito multitrilionário, estaremos diante da maior liquidação de maus investimentos da história, cujo resultado na vida de cada cidadão ainda não está bem claro nem sequer para quem já anteviu esse cenário.

Neste exato momento, nosso governo está promovendo uma generosa má contribuição para esse fim, e caberá à sociedade civil brasileira lutar contra isso.

* Artigo publicado originalmente no jornal A Gazeta do Povo.

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Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

2 comentários em “O fim da economia como a conhecemos

  • Avatar
    13/12/2014 em 2:56 am
    Permalink

    Bernardo, você poderia aprofundar mais (se já não estiver fazendo-lo) a respeito disso: “… todos os países do mundo estão correndo suas contas em déficits, e isso é mesmo uma verdade. A maioria absoluta dos países está incorrendo em dívidas públicas recordes…”?

  • Avatar
    12/12/2014 em 9:56 am
    Permalink

    Somente o governo, via Banco Central, é capaz de criar dinheiro do nada. Assim, o dinheiro dexa de ser um meio facilitador de trocas e um título de crédito para tornar-se um fim em si mesmo. Ou seja, o “fabricante” de dinheiro passa a adquirir bens e serviços no mercado SEM DAR NADA EM TROCA QUE NÃO O DINHEIRO. Assim, obviamente o dinheiro perde a sua função de facilitar trocas entre bens e serviços pois que é dado como um bem em si mesmo. Ora, “fabricar” é uma atividade pífia e nociva, pois que o fabricante pode consumir da sociedade sem NADA dar em TROCA dos bens e serviços que dela consome. Ou seja, o “fabricante” de dinheiro EMPOBRECE a SOCIEDADE produtiva.

    É fácil perceber isso se considerarmos que riqueza são bens e serviços que podem ser trocados entre si através de “títulos de credito” para aquisição de bens e serviços, já anteriormente trocados por estes “títulos”. Assim, percebe-se que o dinheiro não é um valor, mas apenas um titulo correspondente a um valor produzido. Quando alguém “fabrica” o título do nada, sem nada ter produzido, isso significa que está trocando o “titulo” por bens e serviços, sem que este título seja lastreado em qualquer bem ou serviço. Ou seja, quem fabrica “vales” consome dos demais sem que tal vale possa ser restituido por si mesmo, cabendo aos demais responder pelo vale emitido pelo consumidor safado, ESTELIONATÁRIO. Pois que recebe de outros dando-lhes em troca o “vale” de um bem que NÃO POSSUI e nem mesmo existe. Assim, se consome sem nada produzir, esta de fato EMPOBRECENDO TODOS AQUELES QUE PRODUZEM BENS E SERVIÇOS ÚTEIS.

    Eis a razão da INFLAÇÃO de MOEDA empobrecer a sociedade produtiva, mesmo oferecendo-lhe muito dinheiro. Este simples raciocinio demonstra que DINHEIRO NÃO É RIQUEZA, se não for representativo de algum bem ou serviço existente ou disponível para ser exigido.

    A inflação de moeda não tem provocado a inflação de preços por conta, presumo, da produção de “bens de papel” que são adquiridos como reserva de capital, mas inexistem consumíveis. Assim, o dinheiro adquire títulos que prometem bens específicos, mas que inexistem e nem mesmo poderão existir no futuro em sua totalidade.

    Há muito ricaços, através de bancos sobretudo, com pretensos quantitativos de bens disponíveis no futuro. Contudo tais bens inexistem e tão pouco serão produzidos na quantidade correspondente. Assim, os preços se mantêm porque moeda falsa tem comprado bens falsos e estes “bens de papel” não pderão ser entregues no futuro prometido porque não existirão.

    …Vai ser lindo quando esta bolha estourar!!!! …acumular promessas de riqueza através de “bens de papel” em nada difere de acumular moeda falsa. Os fabricantes de dinheiro não criariam elevação generalizada de preços se os recebedores de tal dinheiro entesourassem sob colchões o dinheiro recebido, sem nada consumir através dele. A diferença é nenhuma em relação a estocar outros papéis. Apenas se faz uma “corrente da felicidade” ou “Piramide” que precisa ser continuamente alimentada sem que se possa saber quando será quebrado tal esquema.
    O fato é que muitos ricos se descobrirão sem riqueza alguma em alguma época, sobretudo quando a inflação de preços acelerar.

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