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O esquenta esquentou; em março será maior!

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protestos
Créditos: UOL

Pela quarta e última vez em 2015, milhares de brasileiros foram às ruas para protestar contra o sistema de poder baseado na corrupção institucionalizada e reivindicar o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Novamente tive a felicidade de caminhar pela praia de Copacabana ao lado de outros patriotas, de todas as idades e sexos, desde crianças e jovens até idosos – cujas faces, exibindo as marcas do tempo, não abdicavam da esperança e, muito menos, da responsabilidade pelo legado que podemos deixar às futuras gerações.

A manifestação deste 13 de dezembro, à diferença das manifestações de 15 de março, 12 de abril e 16 de agosto, foi marcada às pressas, com pouquíssimo tempo de divulgação, em um mês sabidamente complicado, no período de final de ano. Por isso, desde a sua concepção, foi chamada de “esquenta”, isto é, uma sinalização para algo maior. Não caberia compará-la em perspectiva de número de participantes com as demais, de vez que foi planejada para ser algo de outro gênero. Não seria exatamente uma das iniciativas e protestos mais localizados que, desde 2014, foram organizados pelo Movimento Brasil Livre, o Vem Pra Rua e os demais movimentos populares que vêm articulando as demonstrações públicas de indignação, já que era de caráter nacional, em capitais e outros centros importantes, mas também não estava planejada para ser classificada junto aos eventos das outras três principais, que carregaram multidões.

O desdém da imprensa, que mesmo assim não hesitou em fazer comparações, já era esperado. Contudo, apesar de nitidamente menor, depois de realizada, observando as imagens, sentindo o que os inúmeros vídeos e fotografias podem transmitir acerca do clima dos diversos lugares, considero agora que não há problema nenhum em ladeá-la das outras três. Foi significativa. As ruas estavam pintadas de verde e amarelo. Os carros buzinavam a favor do impeachment. As janelas se enfeitavam com faixas e bandeiras. E o mais importante: o contingente humilharia, de longe, qualquer pseudomanifestação, em forma de provocação irrisória, como as que os “movimentos sociais” a favor do governo estão acostumados a fazer – por exemplo, o manifesto da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na Cinelândia, no Rio, no meio de semana, que, ao contrário do número sobrenatural divulgado pelos organizadores e repercutido pela imprensa, não faria frente a uma única das que aconteceram hoje nas principais capitais. Na verdade, sequer pensar em compará-las é absurdo; seria menor que um bloco carnavalesco da colônia dos pescadores aqui da minha região!

Entre os detalhes observados neste 13/12, esteve a presença maior de lideranças políticas. Nem todos os manifestantes reagiram bem a isso. Fosse qual fosse o político a subir nos palanques, atraía aplausos e vaias. É normal da democracia. Contudo, antes de criticar os movimentos que permitiram que eles subissem aos carros de som, eu sugeriria uma reflexão: o impeachment é um procedimento que passa pela classe política, por mais críticas que ela mereça. O movimento entra agora precisamente na fase de pressionar as lideranças parlamentares a nos entregar o voto que contempla as nossas aspirações. A presença de políticos que, mesmo por interesses eleitorais, aparecem para anunciar seu apoio à causa é uma forma de sintonizar o processo com eles e impulsionar os outros a fazer o mesmo. Concordo que isso deve ser feito sem que os movimentos se tornem partidários e encampem os protestos sob o rótulo de um partido ou uma liderança, seja ela Jair Bolsonaro, Ronaldo Caiado, Fernando Henrique Cardoso, o PSDB, o DEM, o PPS ou qual ícone da oposição “oficial” seja. É preciso que fique claro, e esses líderes mostrarão valor e bom senso ao assim reconhecerem, que os protestos e o pedido de impeachment têm um autor: o povo brasileiro.

Aliás, os manifestantes também deram um excelente recado nesse sentido, confrontando a narrativa petista de que o processo de impeachment se circunscreve a uma luta rasteira de vingança entre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, alvo de processo na Comissão de Ética da instituição, e o governo Dilma. Cunha, afinal, também foi atacado nas manifestações; tardou para divulgar uma decisão em que mais não fez que cumprir a sua obrigação, depois de usar seu poder sobre ela para fazer uma chantagem ridícula por votos dos petistas a favor do cancelamento das investigações contra ele. Além de Cunha, Renan Calheiros e o STF, em especial Toffoli e Fachin, que hoje estão atrapalhando e emperrando os trabalhos da Comissão Especial eleita para deliberar sobre o impeachment, também foram atacados, demonstrando a consciência da parte dos brasileiros de quais são os inimigos da nação. No Rio, as lideranças peemedebistas locais, como Picciani, Paes e Pezão, opositoras do impeachment, foram lembradas e cobradas.

Faltou Aécio Neves. Onde estava o senador tucano que recebeu cerca de 51 milhões de votos nas últimas eleições? Onde estava o líder que encarnou a oposição no último embate com o PT; que iludiu a muitos, fê-los acreditar que enfim o Partido da Social Democracia Brasileira tinha um candidato aguerrido e decidido a ser firme, a enfrentar a truculência populista e socialista que parasita o Brasil há mais de uma década? Ninguém viu. Segundo O Antagonista, o senador tucano Antônio Anastasia disse que “é uma época”, a seu juízo pessoal, “um pouco adversa a esse tipo de manifestação, porque estamos praticamente em período natalino”. Poderia dirigir a ele os impropérios que merece uma declaração como essa, que dá de ombros perante todos os cidadãos que arregaçaram as mangas e enfrentaram o autoritarismo petista nas ruas. Poderia cobrar de Aécio Neves que ele agisse como um homem de verdade, sem exageros. Não o farei. Cheguei à conclusão, já há algum tempo, de que é melhor que a grande maioria desses tucanos pusilânimes simplesmente se recolha ao segundo escalão da história; seus brilhos, se os têm, são pontuais e efêmeros.

Já você, cidadão brasileiro, apaixonado pelo seu país e cioso de sua liberdade, não tem desculpas. Você eu vou cobrar, porque, como eu, sei que você pode e quer fazer mais. Segundo o MBL e o Vem Pra Rua, a próxima manifestação será dia 13 de março. Acredita-se que o impeachment ainda não terá sido votado. Deve haver agora o recesso parlamentar, e o clima só voltará a ferver em fevereiro. São alguns meses de diferença, mas entendamos; a tendência é a atmosfera apimentar, os índices econômicos lamentavelmente piorarem, e haver mais tempo para divulgação do protesto. Divulgação que deve contar com tudo a que tem direito: manifesto de juristas e personalidades que se conectem com a causa, panfletagem, notas e publicações em veículos de comunicação – os em que for possível, os em que não for feito o uso de malandragens para diminuir a mensagem – e redes sociais, conclamação à presença do povo feita pelos políticos e os partidos de oposição. Tudo isso para garantir o necessário, o imperioso, o fundamental: 13 de março tem que ser, e será, maior! É lamentável, é realmente uma vergonha, que, depois das maiores manifestações da história do país, com todos os malfeitos deste regime apodrecido desvendados às escâncaras, Dilma Rousseff ainda coma o peru de Natal no Palácio do Planalto. É uma vergonha que ela vá completar o primeiro ano de mandato. Não obstante, não desistamos; respeitemos a estratégia e tenhamos paciência, sem perder a disposição.

Se você conseguir, se a degradação social e econômica do país não tiver afetado diretamente suas possibilidades e a sua dignidade, aproveite suas férias, reúna sua família para as festas natalinas, celebre a chegada do ano novo. Mas depois, em março, faça esse ano novo acontecer. Faça raiar a esperança de que, mais do que enxergar um novo número no calendário, possamos enxergar um novo ciclo para o nosso amado país. Que possamos derrubar Dilma Rousseff, o PT e, principalmente, o monarca emérito de nove dedos cuja sombra ainda paira sobre o Brasil.

No ano que vem, às ruas!

 

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

Um comentário em “O esquenta esquentou; em março será maior!

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    14/12/2015 em 1:31 pm
    Permalink

    Lucas, há muito não considero o PSDB oposição a nada. Nem o PMDB, com todo seu fisiologismo, é tão obtuso. Mesmo nas suas diversas alas, algumas são claramente e abertamente opositoras ao governo. Porém, o PSDB insiste neste discurso insosso, de clima, de tempo, de momento, enfim, de todas estas ladainhas já conhecidas de longa data. Posso estar enganado, mas a sociedade brasileira está mais atenta aos passos dos políticos. Ao que parece, o resultado virá nas próximas eleições e nas eleições parlamentares e presidenciais. O PSDB e o PT serão alguns dos partidos que mais perderão representação. O PT pelo conjunto da obra desde a chegada do molusco à presidência; o PSDB pela falta de ousadia na oposição ao governo. Da minha parte, como conservador e tenho certeza, de todos os liberais, torço por isso.

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