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O discurso do falso pragmatismo quer poupar o lobo para sacrificar as ovelhas

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por ERIC ABREU*

lobo ovelhaNestes tempos de crise política e rejeição do petismo, parece haver um consenso entre os formadores de opinião da mídia mainstream, de que é preciso garantir a sustentação do governo de Dilma Rousseff. Esse pensamento converge com os interesses dos grandes monopólios, da blogosfera progressista e dos partidos de esquerda que compõem a linha auxiliar do Partido dos Trabalhadores. Todos se juntaram para pregar a governabilidade, responsabilizando a oposição e o pessimismo pelo momento de crise política, colocando o governo como vitima das circunstancias com um chamamento para que o país se una em torno de uma agenda comum para superar esse momento de crise, acenando para a prevalência dos interesses nacionais em relação às disputas de poder entre partidos. Invertendo a ordem das coisas, chamam a natural responsabilização do PT de “irresponsabilidade política”.

Nada poderia ser mais falso. Para analisar essa situação devemos revisitar o passado do PT e de seu líder máximo, Luís Inacio Lula da Silva. O PT fez uma ferrenha oposição ao presidente Fernando Collor, que inaugurou as primeiras políticas liberais no país. Por ocasião da crise política que culminou no impeachment, o partido se posicionou na linha de frente dos que pediam o afastamento do presidente. Na época, Lula declarou que o impeachment era um instrumento da democracia. Quando o vice Itamar Franco assumiu, o PT continuou fazendo sua oposição sistemática, e não tardou a reivindicar o impeachment de Itamar quando este começou com suas reformas de combate a inflação. Fernando Henrique Cardoso (que foi Ministro da Fazenda de Itamar Franco) promoveu reformas importantes para estabilizar a economia por meio do Plano Real e das privatizações (contrariando seus principios socialdemocratas), e também foi alvo das saraivadas do Partido dos Trabalhadores, que mobilizava a Une, a CUT e outras associações pelegas contra o que chamava de “medidas neoliberais”. Na prática, o PT e Lula se posicionaram contra tudo o que era feito a favor do Brasil, insistindo em uma pregação de ódio e proselitismo ideológico. E foi o tal neoliberalismo que deu a Lula a oportunidade de assumir um país em ordem.

O radical sindicalista teve então a oportunidade de governar com um cenário quase perfeito, colhendo os resultados das reformas tucanas e se alimentando dos lucros do gigante chinês, (que registrava taxas de crescimento do PIB superiores a 7% e se alimentava de commodities brasileiras). Pouco tempo depois, se soube que Lula conseguiu garantir a aprovação de medidas impopulares através da compra de votos de parlamentares, o esquema conhecido como Mensalão. Este atentado à democracia beneficiou seu partido, foi descoberto ainda por ocasião de seu segundo mandato, mas o imponderável se fez presente mais uma vez: lá estava o senhor Fernando Henrique Cardoso para salvar Lula, demovendo o PSDB da ideia de pedir o impeachment. “Um impeachment de uma figura como Lula dividiria o país de maneira irremediável”, disse aquele que os formadores de opinião de hoje chamam de responsável.

A fraqueza de Fernando Henrique Cardoso resultou em desastre para o Brasil. O legado de Lula não foi só a cooptação dos mais pobres sob o pretexto de que ele era o Pai dos Pobres, mas também a eleição de Dilma Rousseff, o endividamento do país, a consolidação de um sistema de alianças escusas com empresários por meio de repasses do BNDES (uma versão petista do zaibatsu do Japão imperial), o aumento vertiginoso dos gastos públicos, financiamento de obras nos mais diversos países com ideologia socialista, o lucro absurdo dos bancos, o aumento da criminalidade, a construção das faraônicas arenas de futebol para a Copa do Mundo (que seria a apoteose do petismo, não aconteceu  porque o socialismo não funciona),além da nada saudável aproximação ideológica do Estado com a ideologia dos vizinhos bolivarianos. Por pouco o PT não logrou uma vitória maior censurando a imprensa por meio de algum dispositivo semelhante a Ley de médios argentina. Ainda assim, jornalistas foram censurados, enquanto a opinião divergente passou a ser cada vez mais criminalizada. Para não falar da classe artística e jornalística que vendeu seu apoio ao governo em troca de repasses de dinheiro público. Pouco antes das eleições de 2014, a Polícia Federal descobre que um posto de gasolina e um lava jato em Brasília servem de fachada para um esquema de saque do dinheiro público que, para a surpresa de todos, passou a ser considerado como o maior esquema de corrupção em um país democrático na história moderna. Não ficou por aí, infelizmente.

Acuados por estar denúncias, os petistas reagiram de acordo com sua natureza: mentiram, maquiaram as contas públicas (as famosas pedaladas fiscais), e o que é pior: partiram para o uso do discurso do ódio e do medo, chantageando beneficiários de seus programas sociais, demonizando seus adversários alegando que estes tirariam a comida do povo e governariam para as elites. Atribuíram aos seus adversários no jogo democrático o rótulo de fascistas, racistas, homofóbicos, machistas, inimigos dos pobres.  O PT abriu a Caixa de Pandora do ódio e da divisão, seguindo os passos de ditadores como Juan Domingo Péron, Adolf Hitler, Getúlio Vargas, Lenin e Hugo Chávez. Em uma disputa sem precedentes com o candidato Aécio, a presidente Dilma Rousseff chegou até a acusá-lo de consumir drogas em um debate televisivo. Em toda parte se ouviam casos de familiares, amigos e vizinhos que rompiam relações, pois se instalou um sentimento de que o outro era o inimigo. João Santana, o Goebbels petista, se sagrou vitorioso (ainda que em uma disputa alvo de suspeitas por conta da inédita apuração secreta do ex-advogado do PT Ministro Dias Toffoli). Ao final, Lula e Dilma apareceram de branco para pregar a união. Era tarde, a semente do mal já havia sido plantada.

Sim, a vitória de Dilma foi uma vitória de Pirro. O PT teve que colher os frutos amargos e as ervas espinhosas que plantou durante os anos anteriores. Imaginemos que, se Aécio fosse o vencedor, o país estaria enfrentando um acirramento político ainda pior. As centrais sindicais, os movimentos sociais, as entidades de classe, jornalistas e artistas, todos contra o presidente que tomou medidas impopulares. Todos questionando o porquê da crise que ele herdou de sua antecessora. Ninguém cobraria parcimônia e moderação do PT. Aliás, é justamente a postura que estes setores consideram como “responsável e acima dos interesses partidários” que nos conduziu até as ruínas da Nova República.

Quem hoje responsabiliza a oposição e prega sustentação do governo de Dilma Rousseff por meio de editoriais, entrevistas, artigos ou mesmo posturas cretinas (como os governadores tucanos Marconi Perillo e Geraldo Alckmin), estão no fundo premiando a irresponsabilidade, a incompetência e o crime. Estão justificando a postura fascista assumida pelo governo do PT, querendo que outros paguem o preço por suas atrocidades. Do povo não há o que se cobrar, já que são sempre os mais pobres e a classe média que mais sofrem nesse contexto. Porém o mínimo que se exige é que os monstros sejam tratados por seus criadores. Ocorre que os formadores de opinião no Brasil são majoritariamente medíocres ou convenientes, infelizmente. Há um sincronismo entre os artigos como o de Bernardo Carvalho, apontando o discurso de ódio onde não há, ou das Organizações Globo pedindo sustentação ao governo Dilma, fatos que são reproduzidos pela mídia governista como sinais inequívocos de que a presidente que mentiu nas eleições deve ser apoiada. Isso seria o mesmo que aconselhar o marido traído de que ele deve comprar pérolas para a mulher flagrada com o amante. Ser pragmático e zelar pelos interesses do país, é bom que se diga, é justamente lutar contra o atraso, a corrupção e tudo o mais que comprometa nosso futuro e democracia. Responsabilizar o PT por seus erros dentro dos limites da democracia seria a melhor saída para o país, e não deveria ser alvo de censura por quem quer que seja.  No fundo, o que há de verdadeiro é que todos esses grupos querem manter o status quo. A eles não interessa nem um pouco que esta hegemonia política e cultural da esquerda seja ameaçada pelos ventos de mudança que sopram sobre a república, com seus inconvenientes valores liberais e conservadores. O que está em jogo não é só a cadeira ocupada por Dilma Rousseff, mas sim a cultura política e social do Brasil. Os novos agentes não devem vacilar em seus propósitos; quem quer manter Dilma são os que lucram com o modelo estatista e socialista do PT. Neste momento, poupar o lobo significa sacrificar as ovelhas.

*Eric Balbinus de Abreu é estudante de Relações Internacionais e criador do blog O Reacionário.

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