A esquerda odeia visceralmente Eduardo Cunha. O leitor mais ingênuo ou desatento poderia jurar que há alguma ligação com seus escândalos de corrupção, com conta na Suíça, com falta de ética. Mas qualquer pessoa com QI acima de 50 e mais honestidade intelectual que Lula saberá que não é nada disso. O homem é odiado por ser a pedra no sapato do lulopetismo, por estar se empenhando em derrubar Dilma.

Mas há um impasse no ar para essa linda e moralista esquerda: será que seu ódio por Cunha é maior do que seu amor por Dilma ou não? Claro, eles não amam exatamente Dilma, e sim as tetas estatais que ela preserva para a turma, os “pixulecos” que irrigam os cofres daqueles que elogiam o governo mais indefensável da história brasileira. Ainda assim, o que eles preferem: preservar Dilma e Cunha, ou se livrar de ambos?

A jogada tática dessa esquerda é alegar, como fez a própria presidente Dilma, que a oposição que pede o impeachment não tem moral para tanto, pois conta com alguém como Cunha para cumprir seu intuito. Ora, todos sabem que Cunha é apenas o instrumento, o meio para o objetivo verdadeiro, que é se livrar do governo mais incompetente e corrupto que já tivemos. O sonho desses brasileiros decentes é colocar Dilma no olho da rua, e que leve Cunha junto!

Ninguém morre de amores por Cunha, e quando a esquerda finge o contrário é por má-fé. Nenhum brasileiro decente vai derramar uma só lágrima pela queda de Cunha, que já vai tarde. Mas queremos também a queda de Dilma, a responsável pelo estelionato eleitoral em curso, pelas “pedaladas fiscais” ilegais, pela destruição da economia e da Petrobras, assaltada por uma quadrilha liderada pelo PT.

O próprio presidente da Câmara sabe que não passa de um instrumento para essa finalidade nobre, e disse que se tocar o processo de impeachment, logo depois tiram ele do cargo. Ou seja, Cunha usa como moeda de troca a possibilidade de liderar o impeachment de Dilma, justamente porque sabe que ninguém dá a mínima para ele, que o foco é somente derrubar a presidente irresponsável.

O que nos remete ao dilema da esquerda: se o próprio Cunha já disse que cai logo depois que tirar Dilma, então tudo que a esquerda precisa fazer para se livrar do “Capeta” em pessoa é apoiar a queda de Dilma também. Um preço módico a se pagar para eliminar o “Coisa Ruim”, como alguns o chamam, não é mesmo?

Ou será que o ódio que os esquerdistas sentem por Cunha não é mais forte do que o amor pelos “pixulecos”, pelo poder e o que ele representa em termos de recursos desviados?

Rodrigo Constantino