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Liberalismo e futebol

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Brasileirao-serie-A-300x281O que seduz bilhões de pessoas numa Copa do Mundo?Erra quem diz que é o amor ao esporte, já que apenas uma pequena parte do público entende de futebol.

O que as move é o culto a vitória. Vitória de alguns sobre muitos.

A exemplo de todas as outras espécies de animais, o homem procura suas referências nos mais fortes e talentosos. Assim como cada espécie tem sua forma particular de identificação de seus indivíduos alpha, o homem tem as suas, sendo o esporte uma delas.

Quanto mais gols um jogador faz, mais aplausos recebe sem que ninguém fique com pena do time ou da torcida adversária.

A vitória de uma seleção agrega valor à imagem de seu país. O mundo o enxerga melhor, descobrindo belezas até entre as piores mazelas; seu povo infla-se de autoestima porque enxerga na vitória de uns poucos jogadores, suas possíveis vitórias.

O povo ama apenas os vencedores.

Não há sequer um ser vivo que não queira ser reconhecido como um vencedor.

Fora dos gramados, os socialistas argumentam que o problema do mundo é a má distribuição de renda. Culpam a ganância dos agentes capitalistas por eles se negarem a dividir seus lucros com os mais pobres. Afirmam que a pobreza de muitos é resultado da riqueza de poucos – “toda riqueza é injusta!”, gritam. Apontam questões raciais e sociais como justificativa para o fracasso de indivíduos. Insistem que o Estado deve arbitrar sobre a distribuição das riquezas através de um pequeno grupo de pessoas com poder para tirar de uns e entregar a outros.

Diante disso, lanço outras perguntas:

Qual torcedor apoiaria a criação de uma instituição que se dedicasse a tornar o futebol um esporte igualitário, acabando com a concentração de títulos e aplausos num restrito grupo de jogadores, clubes e seleções?

Qual torcedor apoiaria um pequeno grupo de pessoas, que nunca pisou num gramado de futebol,com poder para arbitrar as seguintes normas:

1 – Jogadores só podem fazer dois gols por partida, para assim não tirar a oportunidade de outros jogadores também fazerem os seus gols e receberem os aplausos do público;

2 – Todos os torneios devem ter um sistema de taxação progressiva sobre as equipes que acumulam vitórias, para que seus pontos sejam distribuídos entre as equipes com piores colocações na tabela;

3 – Toda vez que uma equipe marcar dois gols de diferença, deve permitir que a equipe adversária marque um gol, para que esta possa voltar a ter chances de competir com igualdade;

4 – Toda equipe com pelo menos um jogador afrodescendente deve obrigatoriamente ser dirigida por um técnico também afrodescendente para, assim, eliminar qualquer suposição de dominação racial;

5 – Os patrocínios capitalistas devem ser eliminados para que o esporte não fique refém da ganância de empresários;

6 – Todas as equipes devem ser financiadas com dinheiro público, com todas recebendo os mesmos valores, para que nenhuma tenha vantagem sobre as outras;

7 – Não deve haver distinção salarial entre jogadores, técnicos e comissão técnica, para que ninguém se sinta mais importante que o outro;

08 – Os ingressos dos jogos devem ser cobrados apenas da classe burguesa capitalista, para que a renda seja usada para financiar os ingressos da classe trabalhadora;

09 – Todas as equipes devem destinar 50% das vagas para jogadores afrodescendentes, indiodescendentes, gays e provenientes da classe trabalhadora como forma de reparação pela histórica discriminação e exploração que sofreram;

10 – Filhos de membros da diretoria da Confederação Revolucionária de Futebol (CRF)também devem ter prioridade de vagas nas equipes, porém, sendo imunes a penalidades, afinal, representam os heróis revolucionários do futebol;

11 – Em todos os estádios devem ser ostentadas imagens do líder da CRF para que o povo sempre tenha a oportunidade de reverenciar o responsável pela revolução do futebol;

12 – Os hinos dos clubes devem fazer referência à revolução e a igualdade no futebol;

13 – Todos os uniformes devem ser na cor vermelha, contanto que alguns sejam mais vermelhos que outros.

Qual amante do futebol aceitaria isso? Nenhum. Nem aquele que se diz socialista.

Quais as diferenças conceituais da proposta acima em relação ao sistema político, social e econômico implantado em Cuba e na Coreia do Norte? Apenas os itens 04 e 09.

Por mais idiotas que sejam astreze (com trocadilho)propostas acima, elas representam a essência do socialismo que, em pleno século XXI, ainda insiste que o Estado devecontrolar os talentos, os desejos e as ambições humanas.

Se o sistema descrito acima fosse implantado, obteria os mesmos resultados obtidos pelos países que adotaram o socialismo: desmotivação produtiva. No futebol, atletas perderiam a motivação de jogar bem e o público perderia o interesse pelo esporte por não vê-lo mais como uma vitrine de talentos.  Na economia, empresários perderam a motivação de produzir e o consumidor hoje se vê diante de prateleiras com cada vez menos produtos a preços cada vez mais altos.

É imprescindível entendermos que todos os comportamentoshumanosestão correlacionados.

Quando Ludwig von Mises diz que o liberalismo econômico oferece um “plebiscito diário e contínuo” sobre os produtos, ele remete à nossa característica de desejarmos apenas o melhor para nós; e nosso poder de identificação do que seria o melhor depende da  diversificação da oferta, que depende de liberdade produtiva, que é movida pelo lucro que os produtores enxergam poderem obter.

Não é um decreto presidencial que indica o craque de um time ou de um campeonato. É o público, avaliando seus resultados em campo, independentemente da raça ou origem social do jogador. O público quer gols! Muitos!Seja lá de quem for.

Não é o desejo de ver o público feliz que motiva um jogador a fazer seus gols, mas sim as recompensas materiais que receberá.

Sem a possibilidade de se tornar rico como jogador de futebol, umjovem provavelmente tentará ser um empreendedor ou um profissional de sucessomas, se não tiver talentos relevantes, só lhe restará tentar ser ativista, sindicalista ou político – quem sabe, presidente do Brasil!

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João Cesar de Melo

João Cesar de Melo

É militante liberal/conservador com consciência libertária.

3 comentários em “Liberalismo e futebol

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    19/07/2014 em 3:49 pm
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    O esporte, que inclui aí o futebol, pertence à indústria do entretenimento. O seu objetivo é afastar o tédio. E como atrai multidões há sempre aqueles que procuram tirar dividendos políticos nestes nossos tempos de intervencionismo. E é isto que desgosta uma grande parte do público. A copa do mundo simula uma guerra entre nações em que será declarada vencedor aquele que mais pontuar seguindo as regras do torneio. No final não há destruição como nas guerras de verdade, pois é apenas espetáculo. É muito conveniente e salutar em nosso tempo de nacionalismo agressivo pois serve para arrefecer a violência inerente na espécie humana direcionando para uma comemoração esportiva onde há congraçamento geral. ´Tudo é esporte e uma maneira de matar o tédio. Findo o espetáculo todos tem a chance de voltar incólume para a realidade que a cooperação pacifica baseado na divisão do trabalho. Quem não gosta de esporte ou confunde com a politica que dele quer tirar proveito, ou é doente do pé ou ruim da cabeça.

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    18/07/2014 em 12:54 pm
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    DENTRO DO CONTEXTO FUTEBOLÍSTICO, NÃO SEI SE FOI VERDADE, MAS LEMBRO DE UMA REPORTAGEM REFERENTE AO JOGO ENTRE BRASIL E CORÉIA DO NORTE, OCORRIDO NA COPA DA ÁFRICA DO SUL EM 2010, JOGO ESTE QUE O BRASIL VENCEU POR 2 A 0. A TELEVISÃO ESTATAL DA CORÉIA DO NORTE NÃO MOSTROU O JOGO AO VIVO E SIM DEPOIS APÓS O TÉRMINO, ONDE A PARTIDA MOSTRADA FOI EDITADA. SIMPLESMENTE TIRARAM OS 2 GOLS DO BRASIL E DETERMINARAM PARA A POPULAÇÃO QUE O JOGO FOI 0 A 0. SE ISSO FOI VERDADE, GOSTARIA DE SABER O QUE FIZERAM COM OS OUTROS JOGOS QUE A CORÉIA DO NORTE PERDEU E, OBVIAMENTE, AO NÃO SE CLASSIFICAR, QUAL FOI O ARGUMENTO DO GOVERNO DELES PRA JUSTIFICAR QUE A SELEÇÃO NORTE COREANA DE FUTEBOL FOI PRA COPA JOGAR SOMENTE 3 JOGOS NAQUELE MUNDIAL… MUITO DOIDO ISSO, IMAGINEM O QUE MAIS NÃO SE MANIPULAM POR LÁ… É FATO QUE O SOCIALISMO PREGA O FIM DA ECONOMIA CAPITALISTA (CHAMAM OS E.U.A. DE DIABO OCIDENTAL) PARA BITOLAR SEU POVO A SE CONTENTAR COM O ESSENCIAL (PARA NÃO DIZER O MÍNIMO, A MISÉRIA), FAZENDO DISSO UMA DAS FACILIDADES PARA QUE SEUS PODEROSOS USUFRUAM DO MELHOR DA VIDA…

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    18/07/2014 em 9:41 am
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    Parabéns ao autor pelo magnífico artigo, com cujo teor concordo “em gênero, número e grau”. Futebol e liberalismo (melhor ainda, “anti-socialismo”) são dois temas que acompanho há muitas décadas (das quase 7 que já vivi) e pelos quais nutro grande apreço.
    Em 19/12/2011, após a vitória do Barcelona sobre o Santos, produzi o texto abaixo, divulgado, à época, em alguns jornais. Penso que, embora já transcorridos 2 anos e meio de sua edição, ele ainda guarde alguns pontos de contato com o artigo ora em apreço e com o melancólico desfecho, para a Seleção, da XX Copa do Mundo.

    Muito além do futebol
    19/12/2011

    Muito mais do que uma aula de futebol, o Barcelona nos deu ontem uma demonstração de sua imensa capacidade gerencial. Sim, de Planejamento e Gestão Estratégicos – como organizar, comandar, coordenar e controlar recursos humanos, materiais, financeiros e tecnológicos na busca de um objetivo comum, que a todos engrandeça.

    Aula de Gestão pelo Conhecimento (“Knowledge Management”), em suas duas vertentes – a do Sistema, ou Inteligência Negocial (Bussiness Intelligence, saber de seus pontos fortes e fracos) e a do Ambiente, ou Inteligência Estratégica / Competitiva (conhecer as variáveis e os atores do ambiente e as oportunidades e ameaças que oferecem).

    Aula de eficiência – jogar bonito; de eficácia – ganhar o jogo; e de efetividade – manter-se permanentemente apto a jogar bonito e a ganhar o jogo.

    Aula de Qualidade Total, de Reengenharia, de “Just-in-time”, de Equipes “Zapp” (“Empowering Teams”). Aula de “benchmarking”, eloquentemente definida por seu técnico Guardiola, ao dizer que treinou o time para jogar dessa maneira – tocando magnificamente a bola -…porque seus pais e avós sempre lhe disseram que “era assim que os brasileiros jogavam”.

    Aula de humildade, de desprendimento, de saber colocar o interesse coletivo muito acima do individual, sem estrelismos, sem individualismos, num esquema tático de futebol total, holístico – o “3-7-0” que de repente vira “3-0-7” ou “10-0-0”. Não há escalações típicas – zagueiros, meias, pontas, centroavantes – todos fazem de tudo, o que há é um time de 112 anos chamado Barcelona.

    Muito mais do que nos ensinar a jogar futebol, como reconheceu Neymar, o Barcelona nos abriu os olhos para o primado da Educação – sim, seus jogadores são preparados, desde as equipes dentes-de-leite, não apenas técnica e fisicamente, mas também filosoficamente, de forma a compreenderem o real significado do encantamento que o esporte proporciona.

    Essa Educação que já tivemos no Brasil, não só no esporte, mas em tudo, do Maternal à Universidade, e da qual um dia nos afastamos, tornando-nos esse Reino de Avilan que a mídia retrata diuturnamente, com seus mensalões, sanguessugas, nepotismos, propinas, superfaturamentos e sabe Deus mais o quê.

    E antes de perguntar ao Barcelona, como fez um repórter hoje, “que futebol invencível é esse, afinal?”, caberia mais indagar se seus jogadores são admitidos por meio de quotas para alguma “minoria”, ou por indicação de algum político, ou por pressão de algum sindicato, ou por exigência de algum partido, ou por conchavos entre empresários corruptores e dirigentes corruptos, ou por alguma dessas “espertezas” que vicejam no Brasil que “adora levar vantagem em tudo”. E que, logo após o jogo, foram deixadas a nu pelo próprio Muricy Ramalho, técnico derrotado do Santos: “se algum time brasileiro jogasse com o esquema do Barcelona, seria caso de polícia”. Sim, Muricy, casos de polícia são os que mais têm frequentado nossos noticiários, na política, na economia, no social, no ambiental, na ciência e tecnologia… e no futebol.

    Ou aprendemos essa lição de vida agora, com o Barcelona, ou continuaremos a levar, em todos os nossos campos de atividade – particularmente na Copa de 2014 – chineladas ainda mais dolorosas que a do gol de Ghighia, no Maracanã, em 16 de julho de 1950.

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