9 de Janeiro na história: Dia do Fico
Há 202 anos, dava-se o Dia do Fico. Segue trecho de meu livro “Os Fundadores: O projeto dos responsáveis pelo nascimento do Brasil”, editado pela Almedina/Edições 70:
“(..) D. Pedro considerava atender às ordens das Cortes.
Os brasileiros se mobilizaram para recolher assinaturas e clamar que ficasse. Em carta de 14 de dezembro, vemos o príncipe dizer ao pai: ‘Dou parte a Vossa Majestade que a publicação dos decretos fez um choque mui grande nos brasileiros e em muitos europeus aqui estabelecidos, a ponto de dizerem nas ruas: se a Constituição é fazer-nos mal, leve o diabo tal coisa, havemos fazer um termo para o príncipe não sair sob pena de ficar responsável pela perda do Brasil para Portugal, e queremos ficar responsáveis por ele não cumprir os dois decretos publicados; havemos fazer representações junto com São Paulo e Minas e todas as outras províncias que puderem”.
O tom era de queixa, mas também de compromisso; D. Pedro estava advertindo o pai de que, embora ferido em sua honra e em seu orgulho, se submeteria às exigências das Cortes se, e apenas se, isso não fizesse com que sangue brasileiro e português fosse vertido.
No dia seguinte, D. Pedro já dizia em nova carta que os brasileiros demandavam sua permanência sob a ameaça de declararem por si mesmos a independência, desfazendo o sonho, a essa altura já quase morto, da conciliação. (…) No dia 9 de janeiro de 1822, vinha a notícia do ‘desafio revolucionário’ às Cortes:
o Fico.” (p. 133-134)