Futebol, alegria, vaias e xingamentos: Dilma no Itaquerão

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Raiva_iconeÉ infantil a reação do PT em face das vaias e xingamentos de que foi objeto a presidente Dilma no Itaquerão, na abertura da Copa do Mundo de Futebol. Quem planta colhe.

E o PT dedicou-se, ao longo destes últimos doze anos, a plantar desgoverno e desrespeito às instituições democráticas. Queriam o quê os cardeais petralhas? Colher louros, depois de terem escarnecido a sociedade brasileira, se apropriando da máquina do Estado como se fosse bem de família, a fim de favorecer familiares, amigos e apaniguados? O PT está colhendo o que plantou. Nem adianta afirmar, como diz com cinismo Lula, que a reação irada da população em face do “poste” que ele próprio colocou no cenário nacional, foi causada pela imprensa. Ou dizer, como frisou comunicador-puxa-saco de cadeia esportiva internacional a serviço dos interesses petralhas, que a descompostura foi coisa de “classe média branca”. Não. A sociedade brasileira, de cima até a base da pirâmide social, está cansada de tanta arrogância e de tamanhas incompetência e corrupção.

Diante da insatisfação popular, qual é a resposta do governo federal? Eis a sábia saída do Planalto: o Decreto 8243/14, ora em debate no Congresso Nacional, expedido pelo Executivo para implantar a ditadura gramsciana no Brasil, instaurando o esdrúxulo “Sistema Nacional de Participação Social”, que estabelece a forma em que nós, brasileiros, podemos participar ativamente na gestão do Estado. Como? Obedecendo caninamente às determinações do Partido dos Trabalhadores. Como bem frisou o candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves, trata-se de mais uma tentativa do “Partido Totalitário” para se perpetuar no poder.

A tentativa de substituir a democracia representativa por uma “democracia popular” ou cooptativa, não é nova no cardápio de burrices constitucionais do PT. Lembremos o malfadado Decreto Nº 7037 de 21 de dezembro de 2009, preparado pela Ministra Dilma e assinado pelo Lula, que estabelecia o “Programa Nacional de Direitos Humanos”.

  • À luz da denominada “Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade civil como instrumento de fortalecimento da democracia participativa”, o decreto estabelecia praticamente uma ditadura chefiada pelo Executivo e intermediada pelos denominados “movimentos sociais”, deixando de fora o Legislativo (substituído pela consulta plebiscitária), e a própria Justiça (anulada pelos “tribunais populares”).

Esse seria o passo anterior para uma escancarada “ditadura do proletariado”, nos moldes defendidos pelos comunistas. A revisão da Lei de Anistia deveria ocorrer, certamente, por conta desses “tribunais populares”, no contexto de uma verdadeira aberração jurídica.

Em artigo que publiquei na época no jornal O Estado de S. Paulo, escrevi:

“O papel atribuído aos sindicatos e aos tais movimentos é hegemônico, segundo o texto do decreto, como se essas organizações fossem as únicas responsáveis pelas mudanças que consolidaram o exercício da democracia no Brasil, desde o fim do regime militar até os dias de hoje. Para a petralhada, a única versão de democracia que vale é a que Benjamin Constant de Rebecque chamava de democracia dos antigos, a exercitada na praça pública mediante plebiscito. Os constitucionalistas do PT desconhecem a democracia representativa das nações modernas. Ora, sem ela não há democracia. Daí a necessidade de aperfeiçoar, não de achincalhar o Congresso, como Lula e os petistas fazem”.

É necessário tirar o PT do poder. As próximas eleições serão, como frisa Aécio, uma tsunami que varrerá com todo esse cinismo, a fim de reconstruir o país, que ficou esfacelado em doze anos de maus governos. Será necessário um projeto que vise a reconstruir o Brasil no econômico, no cultural e no político.

A crise não é apenas política. É também da economia e da cultura. Em boa hora o PSDB apresenta uma reação à altura, com o lançamento da candidatura de Aécio à Presidência. Espero que o candidato continue colocando as questões em alto e bom som, apresentando uma plataforma que atenda às necessidades da sociedade brasileira. O PSDB e os outros Partidos da oposição têm condições de costurar uma proposta coerente, criativa e empolgante.

Por entre as frestas da incompetência e da corrupção do atual desgoverno, a sociedade encontra a forma de se alegrar com a grande festa do futebol. Não conseguirão os malfeitos da petralhada empanar a alegria popular, fruto não dos burocratas de Brasília, mas do esporte das multidões. O futebol é uma grande celebração que se sobrepõe a cartolas e governos corruptos.

Não tem cabimento, e os brasileiros não aceitamos, a instrumentalização populista da alegria do povo. A bola correndo livremente, essa é a grande mágica que se instalou no Brasil nestas semanas. Após a festa, já haverá tempo suficiente para ajustar contas com os devedores, de forma cívica, mediante a opção do voto e a aplicação rigorosa da lei. Os petralhas não tardam por esperar.

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Texto originalmente publicado no blog do Autor

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imagem: wikipédia

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Ricardo Vélez-Rodríguez

Ricardo Vélez-Rodríguez

Membro da Academia Brasileira de Filosofia e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, professor de Filosofia, aposentado pela Universidade Federal de Juiz de Fora e ex-Ministro da Educação.

Um comentário em “Futebol, alegria, vaias e xingamentos: Dilma no Itaquerão

  • Avatar
    17/06/2014 em 11:49 am
    Permalink

    Imaginar a Dilma recebendo uma grande vaia na final do campeonato ou até mesmo a perspectiva de ela se acovardar a comparecer ao evento, me dá uma motivação para torcer com ainda mais afinco pela nossa seleção canarinho. Espero que essa Copa marque o fim definitivo da exploração da política do pão e circo!

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