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Empresários dependentes do governo precisam ser otimistas, mesmo contra os fatos

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trajano e dilma

O leitor lembra da entrevista de Luiza Trajano no Manhattan Conection, tempos atrás? Ela ficou viral após a empresária, controladora da Magazine Luiza, esbanjar um otimismo impressionante com o futuro da economia brasileira, quando os sinais de desgraça pelas trapalhadas do governo Dilma já estavam evidentes.

Empresário chapa-branca é assim mesmo: depende do governo, então não pode emitir opinião sincera. Deve ser otimista, mesmo contra os fatos. À época, escrevi um texto no meu antigo blog da VEJA, contestando os “dados” utilizados pela empresária para vender um Brasil inexistente, com um céu de brigadeiro que, no fundo, estava podre. Seguem alguns trechos:

A entrevista da empresária Luiza Trajano no Manhattan Conection caiu nas graças da esquerda nacional (eles assistem Globo News e Diogo Mainardi, que fique para os registros). O que celebram é uma suposta detonada que a varejista teria dado nos pessimistas do grupo, especialmente no próprio Diogo Mainardi. Trajano teria mostrado a metade cheia do copo, enquanto a imprensa prefere focar na metade vazia.

E quando um terço apenas está cheio? Como fica? E quando um quarto somente está cheio? Sim, a empresária tentou argumentar com estatísticas, que podem ser a arte de torturar números até que eles confessem qualquer coisa. Mas cá entre nós: chega a ser constrangedora a empolgação dos esquerdistas, quando lembramos que Trajano tem que ser otimista e expressar isso aos quatro ventos!

Ora bolas, não foi ela que foi cotada para integrar até ministério do governo Dilma? Não foi ela a grande beneficiada com o programa assistencialista que distribui recursos para as classes mais baixas comprarem produtos no varejo? Regina Casé foi à televisão divulgar a compra de votos, digo, o programa social do governo Dilma, que inclui até tablet. Alguém quer saber a “opinião isenta” da apresentadora do “Esquenta!” também? Aposto duas mariolas mordidas como já sei a resposta…

Óbvio que Luiza Trajano “está” otimista e enxerga o copo meio cheio. Ela precisa falar isso! Chama-se propaganda eleitoral no meu dicionário, recompensa, retribuição, pagamento, toma-lá-dá-cá, parceria, capitalismo de estado, o nome que for. No mais, ela é importante varejista no país, claro que deseja crer, também, na continuação do modelo de estímulo ao consumo, que estaria longe de ser uma bolha. Seu negócio depende disso.

[…]

Chega a ser irresponsável uma empresária importante vender a ideia aos leigos de que está tudo uma maravilha, quando tantas famílias já se encontram tão endividadas, em um momento em que as taxas de juros sobem, assim como a inflação, e uma crise mais aguda só não ocorre porque a taxa de desemprego ainda está em patamar reduzido. Daqui a dois anos voltamos a conversar…

Voltemos, então, a conversar. Eis a notícia de destaque hoje no GLOBO:

Eliminação de pontos deficitários e redução de custos têm sido o foco da ViaVarejo, dona de Ponto Frio e Casas Bahia. Diante da queda de 22,7% nas receitas no terceiro trimestre, a empresa disse que, de julho a setembro, fechou 31 pontos que dão prejuízo. Desde janeiro, 42 lojas fecharam as portas, enquanto 26 novas foram abertas.

O Magazine Luiza, também forte nas linhas de móveis e eletroeletrônicos, teve queda de 10,1% nas receitas no segundo trimestre e viu seu lucro encolher mais de 80%. Mas a empresa afirmou que não alterou seu plano de abrir até 30 novas lojas este ano e que não fechou nenhum ponto.

Como fica claro, o otimismo da empresária amiga de Dilma era mais do que equivocado; era muito suspeito! Os programas “sociais” do governo encheram seus cofres de dinheiro, e sabemos como essa parte sensível do “corpo humano” pode afetar a clareza do raciocínio. Luiza Trajano não foi exceção, infelizmente. O PT, de esquerda, soube seduzir muitos empresários e banqueiros. Um BNDES na mão dessa gente faz milagres!

É por essas e outras que liberais não defendem negócios, mas sim o mercado. Há uma distinção sutil aqui muitas vezes ignorada pelo grande público. O liberalismo não é pró-business, e sim pró-mercado, ou seja, defende um processo dinâmico de livre concorrência, sem interferência estatal, justamente por compreender que a simbiose entre governo e grandes empresas é prejudicial ao funcionamento do mercado.

Somente empresários independentes do governo podem ser sinceros em suas opiniões econômicas e políticas. Num país em que o governo controla 40% do PIB, além de leis e regras arbitrárias em tudo que é setor, fica claro que isso é muito raro. Todos acabam reféns do Leviatã, e sem liberdade econômica, não pode haver liberdade política ou de expressão, como sabia Hayek.

Apenas o liberalismo permite esse pacote de liberdades – política, econômica e de expressão – tão em falta no Brasil de hoje. Os empresários que vivem, direta ou indiretamente, de verbas públicas precisam dançar de acordo com a música. Precisam achar tudo uma maravilha. Precisam elogiar até mesmo alguém como Dilma Rousseff!

Rodrigo Constantino

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Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Presidente do Conselho do Instituto Liberal e membro-fundador do Instituto Millenium (IMIL). Rodrigo Constantino atua no setor financeiro desde 1997. Formado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ), com MBA de Finanças pelo IBMEC. Constantino foi colunista da Veja e é colunista de importantes meios de comunicação brasileiros como os jornais “Valor Econômico” e “O Globo”. Conquistou o Prêmio Libertas no XXII Fórum da Liberdade, realizado em 2009. Tem vários livros publicados, entre eles: "Privatize Já!" e "Esquerda Caviar".

4 comentários em “Empresários dependentes do governo precisam ser otimistas, mesmo contra os fatos

  • Avatar
    04/11/2015 em 3:26 pm
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    Se Ela fosse uma empresário comum, duvido que estaria tão otimista.
    Estaria fechando todas as suas lojas, isso sim!

  • Avatar
    16/10/2015 em 12:24 am
    Permalink

    Matou a pau Rodrigo.
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    Esses são os empresarios que garantem pilantras como o PT no governo, são aproveitadores tanto quanto a Odebrecht.
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    Também sou pró mercado e como pró mercado nunca compro no Magazine Luiza, abro o olho de todo o mundo que posso sobre o porque de não comprar lá. Também fechei minha conta no Bradesco.
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    Precisamos fechar uma lista de empresarios amigos do governo Lula!!
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    E usar nosso poder de consumidor!
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    PARTIDO NOVO ONTEM!!
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    • Avatar
      16/10/2015 em 12:59 pm
      Permalink

      Amigo, seu comentário foi a cereja no bolo dessa matéria. Concordo totalmente contigo!

  • Avatar
    15/10/2015 em 1:25 pm
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    Claramente esses números divulgados pela Mag Luiza são pura maquiagem.
    Pode até não ter fechado nenhum ponto, mas com certeza absoluta demitiu sim e muuuuuuuuuuuuuito!!!!
    Você pode ate manter uma loja aberta mais tempo pra não perder o ponto, mas acaba demitindo pra cortar custos com pessoal que representa uma fatia grande dos custos no comercio!!!
    Luiza é apenas mais um empresario vendido ao governo, tanto quanto os pelegos da CUT…
    Ambos não valem nada e causam muuuuuuuuuito mal ao país

Fechado para comentários.

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