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A tragédia e a responsabilidade

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Às 18:47, do dia 04/05/24, o nível do Guaíba, em Porto Alegre, atingiu 5,12 metros. Recorde histórico e trágico. A cota de inundação é de 3,00 metros, como o muro da Mauá tem também 3 metros. Em tese, o centro da cidade e os bairros adjacentes deveriam estar protegidos, mesmo o nível do rio chegando a pouco menos de 6 metros.

Ocorre que o sistema de proteção contra enchentes não pode se basear apenas na contenção das águas do rio pelo muro. É preciso bombear água acumulada com as chuvas ou que extravasam de arroios e córregos que passam pela cidade para o rio Guaíba. Para isso, existem 19 estações de bombeamento, muitas delas fora de funcionamento ou funcionando precariamente. Além disso, os pontos de evasão da água bombeada podem ficar submersos e passarem a drenar água do rio jogando-a nas ruas da cidade, funcionando ao reverso.

Além disso, para permitir o acesso ao cais do porto e outros pontos que ficam além-muro, há duas dezenas de comportas, que são apenas placas metálicas que servem de portões para impedir a passagem da água. Ocorre que tais comportas não vedam totalmente as entradas, e muita água verte por baixo e pelos lados. A solução encontrada para melhorar a vedação foi a utilização de sacos de areia, que se mostrou uma tentativa precária. A fragilidade e falta de manutenção das comportas ficaram demonstradas com a derrubada de uma das placas metálicas pela força da água.

Então, o muro resistiu bem, mas as bombas de recalque e as comportas comprometeram totalmente o sistema. Nas ruas alagadas, muitas casas e estabelecimentos comerciais foram inundados porque os responsáveis  não pensaram em usar sacos de areia ou outros sistemas que isolam e mantém secos o interior das suas propriedades.

Muitos moradores se recusam a deixar suas casas, enquanto há tempo para fazê-lo em segurança, recorrendo à ajuda de amigos, parentes ou voluntários dedicados à defesa civil nestes momentos desastrosos. Muitos desses acabam perdendo tudo, quando não perdem também animais domésticos ou crianças, ou deficientes incapazes de se protegerem em situações dramáticas como essa.

Em regiões dos EUA, quando há alertas que determinam que a população evacue seus lares, aqueles que se recusam são avisados de que terão que se virar sozinhos porque não haverá quem lhes preste socorro. É uma falta de responsabilidade com a própria vida que pode acabar se transformando em sacrifício da vida de terceiros que abrem mão do que é seu para ajudar irresponsáveis.

No Brasil, não costumamos levar ideias racionais a sério. O número de mortos e feridos é devido à irresponsabilidade do povo e dos governantes perante a dimensão dos fenômenos que enfrentamos com imprevisibilidade pela nossa própria leniência. Na realidade, se conseguimos sair com perdas reduzidas, isso se deve apenas à sorte.

Sim, um país e um estado têm que ter sorte quando sabemos, por exemplo, que a ministra do governo federal e a secretária do governo estadual para a pasta de Minas e Energia foi, por anos a fio, Dilma Rousseff, em ambos os casos.

Como ateu, como alguém que dá primazia à realidade e sabe que a razão é um absoluto, eu tomo a liberdade para desabafar dizendo: “Que Deus nos ajude!”.

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Roberto Rachewsky

Roberto Rachewsky

Empresário e articulista.

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