O impacto da guerra na economia da Rússia
Quando começou o conflito na Ucrânia, escrevi que a economia russa era frágil e que o desastre iria chegar com força. Motivos? A economia do país de Putin era frágil pois dependia muito de importação de tecnologia ocidental (componentes, peças, softwares e etc) e, com os boicotes, tal importação ficaria bem complicada.
Pois bem, passado cinco meses do conflito, podemos ter noção do tamanho do tsunami que, por sua vez, ainda não atingiu o nível máximo de destruição.
Os dados a seguir são todos oficiais do governo russo e as comparações são em sua maioria entre junho de 2021 e junho de 2022.
- O PIB da Rússia encolheu 4,9%;
- Produção de carros: -89%;
- Produção de caminhões: -40%;
- Geladeiras e Freezers em torno de 50%;
- Gás natural: -23% (este é mais relacionado à mudança nas matrizes energéticas europeias que necessariamente problemas na produção devido à importação de peças, mas uma hora esse problema vai bater à porta);
- Cigarros: -32%;
- Amônia: -21% ano a ano;
- Potássio: -32,1%;
- Computadores e eletrônicos: -39.6% (essa uma hora vai parar de vez);
- Vendas no varejo: -9.6%;
- Faturamento do atacado: -18.3%.
Outro índice interessante para se perceber o desempenho econômico é em relação ao preço dos fretes. Desde o final de fevereiro eles caíram entre 30 e 40% e uma boa ilustração está no site de “bolsa de cargas” ATI(ponto)SU. No portal, pode-se ver que as taxas na rota entre Moscou e São Petersburgo despencaram 34,3%.
E porque o frete está caindo? Ora, por causa da velha lei da oferta e demanda. Menos comércio = menos transporte e menos procura = queda dos preços. Porém, faço aqui mais uma previsão: o preço do frete vai subir. Motivo? Vai faltar peças de reposição para fazer os caminhões continuarem rodando, o que vai levar a uma diminuição na oferta (volte na produção de caminhões).
Enfim, a economia russa ainda vai piorar muito antes de melhorar.
* Artigo publicado originalmente por Conrado Abreu na página Liberalismo Brazuca no Facebook.