Djokovic e a questão da liberdade
Não se deixem enganar, não é Djokovic versus Austrália. É Djokovic, um indivíduo que vive de uma raquete, versus Scott Morrison, um indivíduo que vive de uma caneta ligada ao poder coercitivo.
O juiz desse confronto, Anthony Kelly, deu ponto para o sérvio por considerar irracional sua detenção, mandando o governo libertá-lo imediatamente.
Scott Morrison nem pediu o replay, porque sabe que a bola do Djokovic foi dentro. Preferiu avisar que vai pular a rede e expulsá-lo sumariamente.
Quando um político mantém a população de seu país refém de políticas irracionais, somente um intocável pode colocar abaixo a farsa. Djokovic era o intocável com coragem para fazê-lo.
O governo australiano tem o dever de proteger a integridade física de seus cidadãos e visitantes, isso é indubitável. Porém isso não pode ser feito à revelia da razão, da ciência, dos fatos, dos direitos individuais e da justiça.
Não foi apenas Djokovic que ganhou um ponto nesse game; todos os que defendem uma sociedade livre ganharam.
Quem diz que uma lei imoral não pode ser contestada e que não se deve tentar evitar a sua aplicação de todas as formas é tão imoral e autoritário quanto ela.
Djokovic não apenas tem o direito de contestar a lei draconiana que exige passaporte vacinal, como tem o dever de defender suas convicções se quiser ser um sujeito íntegro, com uma atuação exemplar, que todos os ídolos deveriam praticar, por sinal.
O mundo tem descambado para o arbítrio porque os medíocres não são peitados pelos excepcionais desde que o politicamente correto se tornou contagioso.