fbpx

Breve resumo do segundo mandato de Lula

Print Friendly, PDF & Email

lula dilma posse

Continuando o resumo do governo Lula…

2007.

No gramado em frente ao Congresso não se contava nem 10 mil pessoas, uma fração do que foi registrado quatro anos antes. Na câmara, dos 513 deputados, apenas 107 estavam presentes. No senado, apenas 23 dos 81 senadores.

A cerimônia de posse foi marcada por um gesto de grande simbolismo: Gilberto Gil, então Ministro da Cultura, beijou a mão de Lula. A mensagem foi transmitida: Lula deveria ser tratado como uma santidade. Foi. É.

O discurso do presidente reeleito foi curto, porém, forte. Abandonou a estampa “paz e amor”, relançou o bordão do regime militar “Brasil, ame-o ou deixe-o” e com toda arrogância festejou sua vitória contra as elites preconceituosas. “Deixe o homem trabalhar, senão o país não cresce como precisa crescer”, finalizou. No dia seguinte, Lula foi descansar na Bahia, onde ficou por dez dias.

De volta ao palácio, Lula lançou o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, uma jogada de marketing para se dar nome ao orçamento anual da União. Mérito de João Santana, que já vinha assessorando todos os passos midiáticos de Lula desde sua campanha a reeleição. Dos R$ 500 bilhões anunciados, apenas R$ 11,5 bilhões referiam-se a novos investimentos. O governo incluiu na conta até projetos da iniciativa privada.

O programa não se sustentava na calculadora, mas foi festejado pela militância petista, pela mídia e especialmente pelos grandes empresários, certos de que teriam acesso a muito dinheiro. O povo acreditou que Lula estava construindo um futuro de prosperidade econômica e social.

O PAC foi anunciado, mas Lula não havia se dado ao trabalho de compor o quadro ministerial. Algumas semanas se passaram…

Em 14 de março, os nomes foram anunciados. Novos ministérios e secretarias foram criados para abrigar os aliados. Uma semana depois, Lula promoveu uma cerimônia totalmente fora dos padrões para recepcionar o senador Fernando Collor. Trocaram elogios. Desculparam-se um com o outro pelas agressões de outros tempos. Selaram uma forte aliança.

O ex-terrorista Franklin Martins ganhou a Secretaria de Comunicação Social, com a qual passou a organizar a rede de imprensa oficial e não-oficial em defesa do governo.

Muito dinheiro estava entrando no Brasil. O dólar chegou a ser cotado abaixo de R$ 2. Poucos percebiam o aumento dos gastos públicos. Menos ainda percebiam que, enquanto o governo distribuía migalhas aos pobres, despejava montanhas de dinheiro no bolso dos bancos e das maiores empresas do Brasil que estavam financiando o PT por trás das cortinas.

Em paralelo ao deslumbre econômico, a corrupção envolvendo o governo continuava tomando o noticiário.

Em maio, a Polícia Federal deflagrou a Operação Navalha, que desbaratou um esquema de desvio de dinheiro público. Cinco ministérios estavam envolvidos.

Duas semanas depois, outra operação da Polícia Federal enquadrou um dos irmãos de Lula, acusado de ser membro de um esquema de facilitações de contratos entre governo e empresas.

Maio não havia terminado quando descobriu-se que uma amante de Renan Calheiros, então presidente do senado e já importante aliado do governo, era sustentada por uma grande empreiteira. Dias depois, Evo Morales mandou o exército boliviano ocupar as instalações da Petrobrás em seu país. Lula apoiou Morales.

Foi nesse ano que a petista Martha Suplicy, então Ministra do Turismo, gravou seu nome na história ao lançar a expressão “relaxa e goza”, seu conselho para as pessoas que se revoltavam com os problemas nos aeroportos.

Em julho, ocorreu o acidente com o voo da TAM em Congonhas, no qual morreram 199 pessoas. Lula restringiu-se a emitir uma nota de pêsames, enquanto eram denunciadas as péssimas condições da pista do aeroporto.

Neste mesmo mês foram realizados os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro que custaram nada menos do que dez vezes o valor do orçamento inicial. O petista Agnelo Queiroz, então Ministro dos Esportes, foi acusado de improbidade administrativa e superfaturamento. Durante os jogos, dois atletas cubanos deserdaram, mas o pedido de asilo foi negado pelo governo brasileiro, que tratou de mandá-los para Cuba num avião oferecido por Hugo Chávez.

No mês seguinte, o inquérito 2.245 chegou ao STF, transformando-se na ação penal 470, mais conhecida como Mensalão. Lula continuava dizendo que tal esquema nunca havia existido ao mesmo tempo em que lançava, nos bastidores, a ideia do projeto de lei que lhe possibilitaria concorrer a mais uma eleição.

Em outubro, o Brasil foi escolhido como sede da Copa do Mundo de 2014, anunciado por Lula como a comprovação de que seu governo estava colocando o país no hall dos países desenvolvidos.

Ao final do ano, Lula anunciou que o Brasil não apenas se tornaria autossuficiente em petróleo, mas também um país exportador. O povo acreditou.

2008.

No começo de fevereiro caiu a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial da Igualdade Social, flagrada esbaldando-se com o cartão corporativo de sua pasta. R$ 171 mil em gastos em padarias, bares e restaurantes.

Sua farra pessoal evidenciou a farra de muitos outros. Em cinco anos de governo Lula, o número de funcionários do governo com direito a cartões corporativos passou de pouco mais de 3 mil para quase 12 mil.

Bem ao estilo “lanterna de popa”, já descrito por Roberto Campos, a reação do governo foi lançar na imprensa um dossiê sobre os gastos corporativos do governo FHC, o que acabou sendo um tiro no pé, pois evidenciou que sob o governo Lula tais gastos tiveram um aumento de mais de 900%, a maior parte sendo saques em dinheiro.

Apesar dos pequenos, médios e grandes absurdos, Lula e seu governo viviam um bom momento. O povo continuava feliz e otimista. Tanto, que Lula e João Santana começaram a trabalhar a imagem de ex-terrorista Dilma Rousseff para lançá-la a presidência, já que José Dirceu estava sendo julgado no processo do Mensalão. Lula levava a então ministra à praticamente todos os eventos, sempre apresentando-a como a futura presidente do Brasil. Numa visita ao Complexo do Alemão, Lula referiu-se a ela como a “mãe do PAC”.

Na mesma semana em que Lula disse que o Brasil vivia um “momento mágico”, foi levado a público mais um esquema de corrupção, desta vez, envolvendo o Ministério dos Esportes e o PCdoB.

Em maio, Marina Silva, então Ministra do Meio Ambiente, pediu demissão. Justificou falta de condições para desenvolver seus projetos.

A crise internacional eclodia. Tranquilizando o povo brasileiro, Lula disse que nada abalaria o Brasil. O Ministro da Fazenda Guido Mantega estava mais otimista. Disse que o Brasil se fortaleceria com a crise internacional. Disse isso na mesma semana em que o próprio governo anunciou que o PAC atingiria apenas 15% das metas previstas originalmente.

2009.

O ano começou com o governo brasileiro acolhendo o terrorista italiano Cesare Battisti.

Em março, foram noticiadas diversas irregularidades no Senado. Nepotismo, pagamento indevido de horas extras, excesso de diretorias, apartamentos funcionais cedidos a filhos de funcionários etc. Completando o quadro, explodiria o escândalo dos atos secretos, esquema de não publicação de atos administrativos que beneficiavam políticos e partidos. Foram citados 37 parlamentares, dos quais 12 eram do PMDB, 6 do PT, 5 do PSDB e 5 do DEM.

Descobriu-se também que o senado pagava a 350 funcionários salários acima do teto constitucional. O presidente do Senado, José Sarney, foi criticado por seu envolvimento, mas Lula tratou de defendê-lo: “Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum”, disse.

Houve um movimento pedindo a renúncia de Sarney. Pesquisa Datafolha publicada em 15 de agosto registrou que 70% dos entrevistados queriam sua saída. Lula não queria. Em reação, mandou tirar da gaveta uma denúncia contra o líder do PSDB, acusando-o de desviar dinheiro para pagar um tratamento médico para sua mãe. Um acordão foi feito entre petistas e tucanos para se abafar os dois casos.

Por conta do episódio, o petista Aloizio Mercadante anunciou que deixaria o governo “em caráter irrevogável”. Mais um acordo foi feito. Dias depois ele anunciou que renunciava à renúncia. Marina Silva se desligou do PT.

Naqueles dias, Dias Toffoli foi nomeado ministro do STF tendo no currículo pouco mais do que seu trabalho como advogado do… Partido dos Trabalhadores. Ele havia sido reprovado duas vezes em concursos para juiz em São Paulo.

No cenário internacional, Lula cedeu a embaixada brasileira de Honduras à Manuel Zelaya, líder da esquerda local, para que ele organizasse movimentos contra o governo daquele país.

Quando o TCU mandou paralisar quinze obras do PAC por causa de irregularidades, Lula propôs a criação de uma instância superior e “tecnicamente intocável”.

2010.

Em 1° de janeiro estreou nos cinemas Lula, Filho do Brasil, filme sobre o então Presidente da República, retratado na obra como um herói, exemplo incontestável de caráter e de abnegação.

Mesmo não tendo cumprindo as promessas do PAC, Lula lançou o PAC 2. Mais uma festa. Mais uma dúzia de discursos. Mais exaltação de si mesmo.

Foi lançado também o 3° Programa Nacional de Direitos Humanos, que na verdade era um programa político que tratava de temas que iam do financiamento de campanha à taxação de grandes fortunas. No programa, era lançada a ideia de se criar um órgão do governo para fiscalizar e avaliar o posicionamento dos veículos de comunicação em relação aos direitos humanos.

Em março, Lula chegou à Cuba para sua 4° visita em meio a uma greve de fome de presos políticos. Um deles morreu enquanto o presidente brasileiro jantava com o ditador comunista.  “Imagine se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade”, foi o comentário de Lula sobre o caso, certo de que ninguém mais se lembrava de que ele próprio havia forjado uma greve de fome quando era líder sindical − não morreu porque mantinha um esquema que fazia chegar comida a ele sem que alguém percebesse.

Em agosto, o mundo se comoveu com o caso de uma iraniana, acusada de adultério, que foi condenada a 99 chibatadas e à morte por lapidação. Presidentes de muitos países se manifestaram contra a atrocidade. Lula não. Muito pelo contrário. Defendeu o direito de cada país ter suas leis e fazê-las cumprir. “Se começarem a desobedecer as leis deles para atender o pedido de presidentes, daqui a pouco vira uma avacalhação”, disse. Naquele mesmo ano, o Brasil e a Turquia foram os únicos países do mundo a votar contra as sansões da ONU contra o Irã.

Os esforços do governo em plantar Dilma na cabeça e no coração de eleitorado fazia com que Lula transformasse em festa de inauguração até simples lançamentos de editais para futuras obras. Foi assim com o lendário trem-bala entre Rio e São Paulo, cuja ideia foi apresentada como sendo de Dilma, que prometeu realizá-la.

Lula não apenas ignorava a lei eleitoral, que regulava as manifestações e ações do Presidente da República em favor de um candidato. Lula debochava. Ridicularizava. Como se fosse pouco, boatos e falsos dossiês sobre José Serra, então candidato tucano à presidência, foram plantados na mídia. O sigilo fiscal de uma de suas filhas foi violado para se “provar” que ela era sócia de uma fábrica de picolé, o que, aos olhos do PT, era evidência de corrupção.

Enquanto o caso era esclarecido sem os devidos pedidos de desculpas, verdades nada surpreendentes vinham a público. O filho da ministra Erenice Guerra – que atualmente está sendo investigada por ter montado um esquema de corrupção nas obras da usina de Belo Monte – havia criado uma empresa especializada em intermediar negócios com o governo, recebendo 6% do valor de cada contrato assinado. Mais uma vez, uma pequena tropa de petistas estava envolvida.

Com desenvoltura e muito dinheiro gasto em propaganda, Lula conseguia manter o povo crente de que o Brasil vivia seu melhor momento da história, devidamente preparado para um grande salto rumo ao desenvolvimento. Dilma seria a mola desse salto.

Meticulosamente adestrada por João Santana e Lula, Dilma venceu as eleições.

Ainda em dezembro, acatou os pedidos de Lula e loteou os 37 ministérios entre os partidos da base, com o PMDB sendo agraciado com seis.

“Foi gostoso passar a Presidência da República e terminar o mandato vendo os Estados Unidos em crise, vendo a Europa em crise, vendo o Japão em crise, quando eles sabiam de tudo para resolver os problemas da crise brasileira…”, disse Lula.

Este breve resumo resgata apenas algumas notícias da época, coisa pequena se comparada aos esquemas de corrupção e a degradação institucional que hoje estampam os jornais.

Durante todo seu governo, Lula conseguiu esconder a dimensão do aparelhamento do estado, dos desvios de dinheiro de empresas estatais e até hoje consegue manter os contratos do BNDES sob sigilo. O que Lula não conseguiu manter escondido é o resultado do jeito petista de governar: A inflação, o desemprego, a recessão e a completa falta de credibilidade do governo que prejudicam principalmente os mais pobres. Lula também não conseguiu manter escondido que tanto ele, quanto o PT, vivem para si mesmos e para o projeto continental que se comprometeram a liderar no Foro de São Paulo. Eles não respeitam a sociedade brasileira. Não respeitam o povo. Aos olhos de Lula e do PT, não somos nada mais do que aqueles que trabalham para sustentá-los. Escravos.

Dois dias atrás, aconteceram as maiores manifestações contra um governo na história desse país. Cinco milhões de pessoas, em 337 cidades, pedindo o afastamento de Dilma e a prisão de Lula. Indiferente, o ex-presidente da república discutia com seus companheiros se assumiria ou não algum – qualquer um − ministério para ter direito a foro privilegiado diante das investigações que estão lhe encurralando.

O mais doloroso é que, apesar de tudo, Lula ainda é defendido fervorosamente por uma legião de fanáticos ideológicos da classe média que compartilham as mais cretinas retóricas como forma de justificar a liberdade e o poder de um bandido.

Faça uma doação para o Instituto Liberal. Realize um PIX com o valor que desejar. Você poderá copiar a chave PIX ou escanear o QR Code abaixo:

Copie a chave PIX do IL:

28.014.876/0001-06

Escaneie o QR Code abaixo:

João Cesar de Melo

João Cesar de Melo

É militante liberal/conservador com consciência libertária.

Pular para o conteúdo