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Quando o IL incomodou um socialista de plantão…

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Menos MarxUma das evidências de que estamos desempenhando com qualidade o nosso trabalho e de que a perspectiva alternativa que ajudamos a oferecer, junto a outras instituições e nomes que se esforçam por difundir o liberalismo, o libertarianismo ou o conservadorismo (como diz o nosso presidente do Conselho Deliberativo, Rodrigo Constantino, “de boa estirpe”) no país, é o incômodo profundo que já causamos, mesmo ainda em franca desvantagem, aos socialistas de plantão. O texto “Escola Sem Partido” ou escola com “partido único”?, assinado por Damian Melo e publicado no último dia 13 pelo blog esquerdista Junho, além de compartilhado no Facebook pela página do vereador do PSOL Renato Cinco – grande adversário da iniciativa do advogado Miguel Nagib -, é a mais recente prova disso. Diante da publicidade bem-vinda que nos deram em seu espaço, fazendo citações diretas à nossa instituição, me pareceu de bom tom retribuir o favor.

O formato acadêmico, com direito a referências bibliográficas, não confere mais seriedade ao texto, ao contrário do que pode ter sido a intenção do autor; ele elenca um sem-número de distorções, descontextualizações e mensurações estabanadas, em que aplica, desavergonhadamente, dois pesos e duas medidas, de acordo com suas conveniências. A descrição perfeita do comportamento socialista, em resumo. Segundo ele, a “direita obscurantista vem fazendo uma tenaz pregação contra o que chamam de ‘doutrinação nas escolas’”. Os ideólogos da “nova direita brasileira”, como o “astrólogo Olavo de Carvalho” e “os doutrinadores mais empedernidos do liberalismo”, estariam promovendo um “enorme ataque à autonomia pedagógica dos professores”, com base em uma concepção “tacanha” e “perigosa” do processo pedagógico.

De acordo com o texto, nós (e ficarei muito feliz em me incluir no grupo atacado) sustentamos que os professores não devem explicitar seus posicionamentos políticos, e colocamos em uma espécie de Index Prohibitorum os livros e textos de autores como Gramsci e Paulo Freire. Defenderíamos a criminalização da simples menção de fatos políticos em sala de aula. Não entrarei em maiores detalhes, como a associação do projeto de Nagib a um suposto retrocesso ao “obscurantismo do regime militar”. Eu gostaria que o autor demonstrasse que toda a experiência que observamos em sala de aula e nos materiais didáticos – e é daí que extraímos a necessidade de defender nossas pautas, e não das discussões que os “intelectuais” possam travar do alto de suas cátedras – é ilusão e que não se joga um velado Index, isto sim, sobre as NOSSAS referências bibliográficas. É constrangedor quando o algoz se faz de vítima. Nós não queremos que Gramsci ou Paulo Freire sejam censurados. Queremos que Burke, Hayek, Sowell, ou mesmo autores brasileiros, como Joaquim Nabuco e Carlos Lacerda, sejam conhecidos, e não apenas sumariamente ignorados, ou tratados en passant como criaturas alienígenas a serem desprezadas ou combatidas.

O que nos toca diretamente é a passagem em que o autor comenta que a campanha dos “fundamentalistas de mercado”, como ele trata os liberais, se destinaria a “interditar a possibilidade da crítica, da construção do conhecimento crítico, tão caro ao campo científico e ao processo pedagógico”, e que slogans como “Mais Mises, menos Marx” (notem a palavra “menos”; o slogan inocente sequer sustenta que seja proibido ler Marx) possuem “natureza profundamente anticientífica e antidemocrática”. O autor parece ignorar que o próprio conceito de democracia liberal – o nome já diz -, representativa, se consolida a partir do pensamento liberal clássico, descentralizando o poder, rompendo com o absolutismo e estabelecendo ordenamentos institucionais que conferiam cidadania e dignidade.

É aí que ele nos honra pela primeira vez com uma citação, dizendo que tal tipo de campanha, “patrocinada por uma rede de think tanks neoliberais associados à Atlas Network no Brasil, principalmente o Instituto Ludwig Von Mises Brasil, de São Paulo, e o Instituto Liberal do Rio de Janeiro”, “visa fazer penetrar de qualquer modo no ambiente acadêmico as ideias da chamada Escola Austríaca da Economia, especialmente os trabalhos do próprio Mises, além de Friedrich Von Hayek, Murray Rothbard e um sociopata como Walter Block, autores cuja relevância científica é irrisória”. Meu Deus – ou melhor, meu São Marx -, que absurdo! Esses sujeitos querem, de qualquer jeito, que os alunos leiam materiais de correntes de pensamento diferentes e tirem suas próprias conclusões! Isso é inaceitável!

Nosso plano de usar a educação para fabricar militantes descerebrados em série estaria ameaçado! Ainda por cima, usam esses autores sem nenhuma relevância científica, em vez de estudarem as sábias e comprovadas lições de nosso messias barbudo, cujas teorias influenciaram apenas a implantação de regimes assassinos e genocidas, ou de Paulo Freire, cujo brilhante método de alfabetização e educação já produziu tantos gênios da língua – só que não. É um sacrilégio desses liberais! Por que eles não ficam quietos nos seus cantos, não é mesmo? Só nós deveríamos falar! Isso tudo em nome da democracia e da pedagogia, é claro.

Fazendo generalizações, julgando algumas opiniões expressas por Mises ou por Hayek que precisam ser entendidas dentro do contexto em que foram proferidas, o autor tenta desencorajar qualquer um a tentar sequer lê-los para saber o que está sendo criticado, qualificando-os de bestas imorais. Mises proferiu, certa vez, que os regimes fascistas, embora antiliberais, protegiam a propriedade privada e impediam, em um cenário radicalizado, a ascensão dos comunistas, razão por que seriam pragmaticamente úteis. A ilusão de que a condescendência com os fascistas em alguns países europeus impediria a ameaça comunista levou à Segunda Guerra Mundial; sim, esse foi um equívoco importante, mas Mises estava longe de estar sozinho nesse engano. O autor ataca ainda Milton Friedman por contar discípulos na equipe de economia do governo ditatorial de Pinochet, no Chile; mas suas medidas econômicas fizeram do país o quase-oásis de prosperidade que se provou nas décadas seguintes, no mar de inconstância e crise da América Latina. Que moral os socialistas têm para falar sobre vinculação a ditaduras? Francamente, o número de mortes devidas a eles é tão grande que, ao terminar de escrever essas linhas, todo esse parágrafo me chega a soar um desperdício de esforço.

Por fim, o autor comenta diretamente o artigo do nosso colaborador Jefferson Vianna, Sessão de tortura: o evento socialista na UERJ, em que o colunista descreveu o Seminário Internacional Estado, democracia e participação popular na América Latina, do qual tomou parte. Segundo Damian Melo, Jefferson “não teve pudores” ao utilizar o termo “tortura” para expressar a experiência de presenciar aquele evento acadêmico, em vez de fazer uma crítica liberal fundamentada ao conteúdo exposto. Jefferson teria preferido explorar teorias conspiratórias a falar de “coisa séria”. Damian deve ser mau-caráter, porque leu o artigo e deixou de lado o fato de que uma das palestrantes presentes disse exatamente que “líderes da vertente protestante do cristianismo planejam uma conspiração neoliberal no Brasil”, tanto que propõe a perseguição às igrejas como solução. Quem é conspiracionista: o nosso amigo colunista Jefferson ou a esquerda delirante que enxerga agentes da CIA debaixo da cama? Jefferson destaca a frase da palestrante, segundo a qual “a luta se aprende na universidade”. A luta. Não Letras, História, Direito, Engenharia… Mas “a luta”. O relato aterrador de Jefferson, que nos orgulhamos de ter publicado em nosso portal, é apenas mais uma prova do crime que estão cometendo contra a juventude e as esperanças de futuro no Brasil.

Se figuras desse naipe, capazes de distorcer tão despudoradamente o que leem e defensoras das piores causas, estão de fato tão incomodadas com o simples fato de nós existirmos, o Instituto Liberal do Rio de Janeiro, fundado em 1983 e fiel às suas tradições, tem a certeza de estar cumprindo a sua missão.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

5 comentários em “Quando o IL incomodou um socialista de plantão…

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    16/10/2015 em 8:16 pm
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    ONDE ESTÁ A DIREITA? “CADÊ A DIREITA?!”

    Muitas vezes lemos nas colunas de jornais essa pergunta, comumente em tom de deboche. Muito
    simples a resposta. Acompanhe:

    Quem tem tempo de ser esquerdista/comunista/socialista? Quem trabalha diuturnamente, de sol a
    sol, estuda, produz bens e serviços, começa a vida como aprendiz, aluno, faxineiro, ambulante, e acaba tornando-se comerciante, industrial, profissional liberal, lojista, médico, engenheiro e demais profissões que impulsionam e
    carregam um país nas costas?

    Claro que não. Essas pessoas sadias não têm tempo para nada além do seu trabalho e estudos
    para subir na vida.
    Quem tem tempo sobrando para ser comunista/ esquerdista/socialista são:

    1. Sindicalista de esquerda (você conhece algum de direita?). Raramente você encontrará num sindicato de esquerda alguém que trabalhou 10, 20 ou 30 anos na indústria, comércio ou serviço público e depois
    foi para o sindicato.

    2. Líder estudantil mau aluno. Claro, porque se ele fosse bom aluno (daqueles que só tiram nove e
    dez nas provas) certamente viria a ser um excelente profissional dentre os acima citados.

    3. Filósofo de gabinete. Professor da rede pública (principalmente), dos três graus, com vencimentos garantidos no final do mês, que descobriram, num brilhantíssimo insight de suas imensas inteligências, que o comunismo, durante setenta anos, não tendo feito mais que tragédias e extermínios no leste europeu e demais focos pelo mundo, aqui, em terras tropicais e latinas, onde reside uma raça superior (encabeçada por eles) atingirá finalmente a perfeição e transformará a
    América Latina no paraíso na terra, após destruir o “Império do Mal” e o “capitalismo- opressor- dos-fracos-e-oprimidos-em-geral.”

    4. Político profissional. Resultado final da transformação de qualquer das três figuras acima.

    5. Líder de “movimento social esquerdista”. Em público, fala de mansinho, com candura, como um religioso. Para sua turma, fala com ódio na voz, fala duro, incita ao ódio, à destruição da “burguesia”, à depredação da propriedade privada, pregando uma “sociedade sem classes”. Ele mesmo sabe que não existe sociedade sem classes.
    Ou existe a sociedade livre, capitalista, com inúmeras classes, onde você pode mudar de uma para a outra somente com seu esforço, ou a sociedade comunista, onde existem somente DUAS classes: os escravos, que é a maioria da população, e a classe dirigente, onde ficam, para sempre, os ditadores comunistas, os dirigentes, os intelectuais, os chefes, os mandões, os assassinos, os imundos, cruéis e sanguinários. Aquele tipo de gente que você já ter visto nos palanques das FARC, e que vai fuzilar você sem a mínima cerimônia, se você entrar na frente dele. É esse tipo de gente que alega que quer a sua felicidade, que está lutando para consegui-la para você.

    Entendeu, agora, onde estão a direita, os conservadores, os responsáveis por sustentar o país e seus parasitas?

  • Avatar
    15/10/2015 em 7:06 pm
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    ZzzzzZzzzzzZzzzzZzzzz…

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    15/10/2015 em 1:13 pm
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    Caros amigos do IL,

    Primeiramente, me desculpem se o comentário abaixo não estiver no local adequado.

    Sou leitor do site e sou muito grato pelo rico material compartilhado, porém confesso que tenho certa dificuldade em me aprofundar e discutir as “idéias livres” (libertárias, liberais, conservadoras e etc.) com as pessoas que convivo. As vezes, sinto que apenas a leitura não é suficiente, pois falta ambiente para discussão e aprimoramento dos conceitos.

    Logo, gostaria de propor ao IL a possibilidade de oferecer uma espécie de curso (aos sábados, por exemplo. Uma vez que a maioria – se não a totalidade – de nós não é sustentada por verbas estatais) para discutir e desenvolver mais o “pensamento livre” no Brasil e também discutir as idéias esquerdistas/marxistas em geral, afim de refutá-las. Poderiam ser cursos presenciais abertos ao debate e também com divulgação por Skype ou Hangout para tentar atingir a maior cobertura territorial possível.

    O objetivo seria promover mais o rico pensamento divulgado pelo site e desenvolver os interessados, criando um “batalhão” de pessoas com grande base de conhecimento para divulgar nossos ideais de maneira mais ampla.

    Poderiam também ser estabelecidas parcerias com outros institutos (Millenium e Mises, por exemplo) com ideais parecidos.

    Aos amigos do site, que compartilhem da minha sugestão, peço que comentem abaixo.

    Obs.: Caso já exista algo parecido, por favor, me desculpem e me indiquem;

    Obrigado,

    Igor

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      16/10/2015 em 11:16 am
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      Essa ideia do igor é muito boa. Confesso que começei a ficar mais assíduo por aqui a partir da saida do Rodrigo Constantnino da Veja. Gostei da sugestão do colega acima, creio que todas qu esteja mais a direita do espectro político devam se unir, tanto para apreeender e compartilahr conhecimento, quanto se organizar para difundir esse conhecimento. Essa é a única alternativa para vencermos esses comunas.
      Abraços

    • Avatar
      16/10/2015 em 1:11 pm
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      Uau… Amei a idéia. Só conheço o Olavo de Carvalho fazendo isso e os preços são acima do que posso pagar… IL, façam isso e contribuam para o que falta em sala de aula.

Fechado para comentários.

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