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O México quer tomar o lugar do Brasil no esquema vermelho

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Quando os partidos e movimentos ligados ao Foro de São Paulo estavam predominando na América Latina, o Brasil ocupava uma posição especial no contexto do poderio esquerdista no continente. Os governos do Partido dos Trabalhadores, membro-fundador do Foro, ajudaram financeiramente os regimes autoritários estabelecidos pelos parceiros em países como Venezuela e Cuba.

Fazia total sentido: o país maior e mais robusto funcionava como núcleo econômico da operação, empregando recursos obtidos com o BNDES e com a corrupção para sedimentar o processo de tomada do poder, colorindo a região de vermelho. Os bolivarianos e seus aliados levaram seus países a tamanho ponto de saturação que um fenômeno de reação começou a acontecer em alguns deles, com a ascensão, apesar das diferenças e dos contextos distintos, de líderes como Macri, Duque e Piñera.

O evento mais significativo, contudo, é a chegada de Jair Bolsonaro ao poder do Brasil. A nação mais poderosa e influente da região, sabotada pela própria predileção pela mediocridade e o nanismo diplomático, pela obsessão terceiro-mundista de desfilar como aliada dos ditadores árabes e socialistas e por marcar posição dentro dos BRICs, optou por uma alteração drástica dessa representatividade.

O abandono unilateral de Cuba do programa Mais Médicos no Brasil, que já comentei aqui, foi, antes mesmo da posse de Bolsonaro, um primeiro e notório sinal das consequências disso. O presidente deixou claro que não toleraria o acordo espúrio, em que os médicos – aqueles que efetivamente o fossem, já que sequer passavam pelo processo de revalidação do diploma -, privados de viver com suas famílias, recebiam quantia insignificante de seu salário, indo o resto alimentar as contas da ditadura dos irmãos Castro e do partido único comunista que domina a ilha caribenha, menina dos olhos do socialismo destes calientes trópicos.

Houve quem dissesse que Bolsonaro deveria ter aceitado manter os termos originais, porque a consequência de ter insistido em recusá-lo foi que os cubanos foram forçados a voltar ao seu país, não tendo sua condição de vida melhorada sob qualquer aspecto – um raciocínio, a meu ver, despropositado, porque excessivamente utilitarista, a um ponto em que faz parecer que um governo não deve jamais tomar suas decisões com base em princípios.

Do fato de Bolsonaro, que aliás ofereceu asilo aos médicos que assim o desejassem, não poder resolver a vida de todos os afetados, não se segue que o governo brasileiro deva, moralmente, em nome do povo que representa, dar sua chancela a um abuso como aquele. O Brasil mudou para melhor ao passar a limpo esse acordo nefasto, apenas mais um mecanismo para irrigar financeiramente a ditadura de que o PT era capacho.

Há, porém, quem tenha preferido um governo de esquerda, interessado em construir essa parceria e, de imediato, substituir o Brasil no apoio a Cuba. Foi o caso do México, outro grande país americano ao sul dos Estados Unidos, com importância geopolítica e territorial suficiente para ser considerado também uma nação-chave da região.

O novo presidente do México, López Obrador, está negociando desde setembro e prestes a fechar um acordo com Cuba para receber pelo menos 3 mil médicos cubanos que estavam trabalhando no Brasil. O modelo será basicamente o mesmo que funcionava aqui – que chocava Bolsonaro e os brasileiros de bem, mas, ao que parece, não causa qualquer espécie a Obrador, assim como não causava a Dilma Rousseff.

Visivelmente, Cuba sabia que os esquemas bolivarianos perderiam espaço no Brasil de Bolsonaro e já estava tramando essa articulação com a esquerda mexicana no poder. Lázaro Cárdenas Batel, coordenador de assessores de Obrador, tem relações com o PT há muito tempo e sua família defende a inocência de Lula desde que a Operação Lava Jato alcançou o ex-presidente brasileiro. O Movimento Regeneração Nacional (Morena), partido em que Obrador se elegeu, é integrante do Foro de São Paulo.

O cenário político latino-americano é claro quanto ao realinhamento de forças. Cuba e os bolivarianos perderam o Brasil – pelo menos por enquanto, espera-se que por muito tempo -, mas ganharam o México. A ver que sina aguarda a terra dos mariachis

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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