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Quem foi Karl Marx, o criador do “socialismo científico”

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Karl Heinrich Marx nasceu em 1818 em Trèveris, na Prússia, um dos muitos reinos fragmentados da Alemanha. Ao longo de sua trajetória, criou as bases da moderna doutrina comunista, ideologia crítica ao capitalismo e à economia de mercado. Sua filosofia teve influência em diversos movimentos do século XX, que culminaram em governos centralizados, autoritários e tirânicos.

Bases ideológicas e formação

O pai de Karl Marx foi advogado e conselheiro da justiça. Em virtude de sua descendência judaica, o governo absolutista de Guilherme III o perseguiu, motivo pelo qual a família converteu-se ao cristianismo. Sua família era de classe média alta, e Marx cursou Direito na Universidade de Bonn após concluir seus estudos no Liceu Friedrich Wilhelm em 1835.

Em sua faculdade, participou dos conflitos políticos estudantis. Ao fim de 1836, transferiu-se para a Universidade de Berlim para estudar Filosofia. No período, estavam em ascensão as ideias de Georg Wilhelm Friedrich Hegel, filósofo alemão e um dos criadores do sistema filosófico denominado idealismo absoluto.

Na época, os “hegelianos de esquerda” estavam mais voltados para a análise de questões sociais, com base na discussão das transformações necessárias na burguesia alemã, uma linha seguida por Marx.

Em 1841, Karl Marx escrevia artigos para alguns jornais enquanto estava na Universidade de Jena, na Prússia. Já em 1842, assumiu a direção do jornal Gazeta Renana, onde conheceu Friedrich Engels, filho de um empresário de família abastada, dono de fábricas na Prússia, e que passou a escrever junto com Marx. Juntos, ambos foram os responsáveis pela fundação do socialismo científico, ou marxismo. Porém, o jornal produzido por ambos foi encerrado pelo governo prussiano após a publicação de um artigo crítico ao absolutismo russo.

Em seguida, Marx casou-se com Jenny von Westphalen, a filha do Barão de Westphalen, e mudou-se para Paris, em 1843, onde fundou a revista Anais Franco-Alemães. No final de 1844, ele passou a escrever para outro jornal francês, o Vorwaerts. Porém, suas opiniões contrárias à administração de Frederico Guilherme IV, Imperador da Prússia, fizeram com que o governo francês o expulsasse. Por isso, em 1845, Marx e Engels se mudam para a Bélgica.

Em Bruxelas, por sua vez, eles passam a descrever teses que abordam mais a fundo o sistema político socialista. Mais próximos do movimento operário europeu, eles fundam a “Sociedade dos Trabalhadores Alemães”, e passam a fazer parte da “Liga dos Justos”, uma entidade comunista secreta alemã com filiais em toda a Europa.

O Manifesto Comunista, de Karl Marx

Marx redigiu o Manifesto Comunista em 1848, tomando por base também o trabalho de Engels Os Princípios do Comunismo. O manifesto fazia críticas ao capitalismo e tinha objeções em relação a algumas divisões do socialismo. A obra tinha por objetivo servir de apelo para os operários do mundo se unirem em favor da causa, como uma forma de convocação.

Ele traçou panoramas históricos e aborda o que chamaria de “revolução burguesa”, que ele mesmo admite ter sido uma das mais fortes da história da humanidade. Porém, para ele, era necessário derrubar esta força, mesmo que haja uma razão de ser para a força da revolução burguesa.

O que Marx não reconheceu, porém, é que a utilidade das transformações que vieram com ela melhoraram a qualidade de vida da população mundial. Embora o que se fale sobre este período seja apenas os maus tratos nas fábricas, nunca mostra-se como a realidade era pior antes, quando as pessoas morriam de fome trabalhando de forma improdutiva no campo e tendo muito menos condições de trabalho e de geração de riqueza.

A regra na história do mundo até aquele momento era a pobreza extrema, mas foi exatamente com a chegada do Iluminismo, da Revolução Industrial e do liberalismo econômico que a renda mundial disparou, melhorando sobremaneira as condições de vida da população.

Nesse sentido, a fase posterior à tal revolução burguesa que Marx condenou foi exatamente uma das fases de maior progresso no mundo até então.

Vida e morte de Karl Marx

Marx não tinha uma fonte de renda muito clara. Ele escrevia sobre suas ideias e acabava por se manter também com o apoio da família de sua esposa. Apesar de defender os operários e o proletariado, ficou bem claro que ele não fazia parte do dia-a-dia do dito proletariado.

Para piorar, nem mesmo em sua vida pessoal ele demonstrou tantas virtudes assim. Há registros de que ele mantinha um caso com a empregada da família, Helene Demuth, e inclusive a teria engravidado. Frederick Demuth, o filho bastardo, que nasceu em 1851, foi para a adoção, e, após ter crescido, tornou-se amigo de sua meia-irmã Eleanor, que descobriu a traição do pai.

Apesar de todas as atitudes duvidosas, a glorificação de sua figura virou uma regra nas décadas que se seguiram e sua vida “intelectual” acabou se destacando.

Nesse âmbito, além das produções escritas já mencionadas, ele fazia parte de alguns movimentos políticos. Em 1864, fundou a “Associação Internacional dos Trabalhadores”, ou “Primeira Internacional”, por meio da qual reuniram-se membros de todos os países europeus em função da causa socialista. A organização dissolveu-se em 1873, após divergências internas.

Antes disso, Marx também já havia participado de outras organizações. Em 1852, esteve no conhecido julgamento de Colônia, conduzido pelo governo do antigo Reino da Prússia contra onze membros da Liga dos Comunistas, os quais eram suspeitos por terem feito parte do levante revolucionário ocorrido em 1848. Com isso, a Liga dos Comunistas dissolveu-se após o término do julgamento.

Ao fim da vida, o filósofo e sociólogo passou por dificuldades financeiras, falecendo em 1883, em Londres, sozinho e acometido por um problema na garganta que o impedia até mesmo de falar.

Apenas três dos sete filhos de Marx chegaram à idade adulta, e uma filha faleceu dois meses antes do pai, com câncer na bexiga. A esposa também morreu antes dele, em 1881.

Conceitos trabalhados por Marx: onde ele errou

Na teoria marxista, as classes sociais seriam mais uma forma pela qual as classes dominantes estariam exercendo controle sobre a força de trabalho de outras classes, caracterizando uma luta constante por interesses opostos, o que para ele teria sido o motor da história até aquele momento. Esta seria a essência de sua teoria do materialismo histórico.

Nesse sentido, ele desenvolveu constantemente a lógica de explorados e exploradores nas relações em sociedade. Nestas, o proletário estaria empregando seu tempo na produção de determinado produto, pelo qual seu patrão receberia quase que integralmente o valor da mesma.

Para Marx, esta é uma abordagem exploratória, pois o trabalhador deveria receber o equivalente à sua produção, sendo que o montante que exceder esta quantia é chamado de mais-valia, basicamente o lucro do empregador. É a teoria do valor do trabalho.

Contudo, o teórico esquece-se de um pequeno detalhe: na ausência de um excedente, qual incentivo teria um cidadão para criar uma empresa e gerar empregos e renda? O trabalhador não teria uma forma de produzir riqueza se antes não houvesse meios de produção aptos para gerá-la, e isso apenas é possível por meio da livre iniciativa e da não condenação do lucro.

É por esse motivo que os países que tentaram instaurar um sistema socialista colecionam fracassos. Como ocorreu no caso da União Soviética, enquanto a riqueza do sistema capitalista anterior ainda está disponível, a distribuição ocorre relativamente bem, mas, após alguns anos sem incentivo à geração de novas riquezas, não há muito mais o que distribuir.

O que é o Marxismo

Com base nas ideias e nos escritos de Karl Marx, criou corpo um conjunto de ideais políticos, filosóficos e sociais. Desse modo, formaram-se algumas correntes que hoje fazem parte do Marxismo, também com a colaboração de Engels.

Com base nisso, as ideias que Marx e Engels originaram e/ou disseminaram ganharam relevância na prática em diversos projetos de poder e de formação de Estados ao longo do século XX. É o caso de União Soviética (URSS), China, Cuba, entre outros, os quais, embora não reproduzam completamente a teoria Marxista, foram a única manifestação prática possível da teoria, e demonstraram seu fracasso na aplicação em um estado real.

Principais obras de Karl Marx

O Manifesto Comunista (1848)

Trabalho Assalariado e Capital (1849)

O 18 Brumário de Luís Bonaparte (1852)

Contribuição à Crítica da Economia Política (1859)

O Capital (1867)

Guerra Civil na França (1871)

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Luan Sperandio

Luan Sperandio

Analista político, colunista de Folha Business. Foi eleito Top Global Leader do Students for Liberty em 2017 e é associado do Instituto Líderes do Amanhã. É ainda Diretor de Operações da Rede Liberdade, Conselheiro da Ranking dos Políticos e Conselheiro Consultivo do Instituto Liberal.

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