fbpx

Faustão, SUS e a inveja tupiniquim

Print Friendly, PDF & Email

Este humilde colunista ficou inativo por alguns dias. Fiz ligadura elástica de varizes no esôfago, uma delas acabou rompendo e vomitei bastante sangue. Além disso, tenho anemia. Resultado: fiquei internado por duas semanas. Dias difíceis pelo temor de algo mais sério acontecer comigo, mas graças a Deus deu tudo certo. Estou me recuperando bem.

Nos dias que passei no hospital, pude acompanhar pela mídia a saga de Fausto Silva por um novo coração. Todos já sabem do desfecho. Fiquei muito feliz que Faustão possa retomar a sua vida, pois a corrida contra o tempo pelo transplante era bastante aflitiva para ele e sua família. Como qualquer pessoa, ele teve de esperar na fila do SUS pelo procedimento. Deu tudo certo.

Porém, houve algo que chamou a minha atenção pelos piores motivos: a quantidade enorme de pessoas dizendo que Faustão furou a fila do SUS pela sua condição financeira privilegiada. É de embrulhar o estômago. Um homem lutando pela vida, em uma situação de grande fragilidade e sem tempo a perder na busca por um novo coração é mero detalhe para os podres de espírito. Sim, pois quem acusa outra pessoa sem ter prova alguma com a sua saúde fragilizada tem a alma putrefata.

Eu não me surpreendo com essas coisas, ainda que enojem qualquer pessoa decente. No Brasil, o sucesso é uma ofensa pessoal, já dizia Tom Jobim. Faustão é rico, bem-sucedido e famoso. Cumpre todos os requisitos para atrair a inveja dos fracassados odientos. Esses indivíduos acham que a culpa das suas respectivas situações pecuniárias é daqueles que venceram na vida pelo próprio esforço. É ridículo. A economia não é um jogo de soma zero. Quer bonanças? Batalhe e dê duro por isso. Praguejar contra terceiros não é o caminho correto – a não ser que você entre na política e milite em algum partido de esquerda.

Também vi muito progressista enragé dando vivas ao SUS pelo desfecho positivo do caso. É a velha sinalização de virtude que não engana mais – se é que um dia enganou. Tenho certeza de que a maioria esmagadora dos falsos estoicos tem plano de saúde e busca os serviços privados de saúde. Faustão não é um deles, e, se teve acesso ao transplante pelo SUS, foi por ser um cidadão como qualquer outro que cumpre suas obrigações e paga caro por isso através dos impostos.

Não sei se meus caros leitores chegaram a ler um artigo publicado na Folha tratando como pecado mortal o questionamento ao SUS. Bom, a mera desconfiança ao sistema público de saúde foi tachada de ‘’ataque à democracia’’ – como se um programa governamental fosse um dos pilares de um regime de governo. Vou dar um desconto ao bom senso, pois a autora daquelas linhas é uma deputada petista. Não se pode esperar muito. Porém, é patético que neste país não se possa contestar um serviço pago com dinheiro do povo. Patético e muito revelador dos tempos em que vivemos, meus caros.

A inveja tupiniquim é um dos traços da nossa história. Triste traço. A penetração do ideal marxista da luta de classes foi profunda na alma nacional, e o resultado está aí: o primado do econômico acima de qualquer coisa, aliado ao ódio mortal a quem está no andar de cima. Um cidadão como qualquer um de nós luta pela vida, consegue superar uma situação bastante adversa e é obrigado a ler uma acusação pérfida e infundada por sua condição financeira. É deprimente, mas não surpreende. Quantas pessoas são odiadas em Pindorama pelo crime hediondo de conseguir sucesso em suas respectivas áreas? A lista é grande.

Eis o resultado de décadas de verborragia esquerdista: uma horda de cidadãos que não assumem suas responsabilidades, dependente do Estado em absolutamente tudo e que nutre um ódio mortal a quem não depende de governo nenhum para viver. Lembro-me de um artigo magistral de Olavo de Carvalho intitulado ‘’O Bem e o Mal segundo Olívio Dutra’’. Não tenho muito a acrescentar, basta-me recordar uma das partes daquele texto:

“O governador Olívio Dutra, como qualquer outro político de esquerda, tem uma consciência moral deformada por um uso falso da linguagem. Ele ouviu dizer na infância: “Lucro egoísta”, “justiça social”, e impregnou-se de tal modo desses símbolos verbais do mal e do bem, que pôs sua vida a serviço do que lhe parece uma nobre causa: combater as coisas que têm nomes feios e louvar as que têm nomes bonitos. Uma coisa que criou as nações mais prósperas e livres da Terra deve ser muito má, pois tem o nome hediondo de “lucro egoísta”. Uma coisa que matou cem milhões de bodes expiatórios e reduziu à escravidão e à miséria um bilhão e meio de outros inocentes deve ser ótima, pois leva o belo nome de “justiça social”.”

Tais cacoetes mentais não povoam apenas a mente do sr. Olívio Dutra ou dos acólitos esquerdistas, mas de muita gente que sequer tem conhecimento da luta ideológica. Inveja e ódio de quem é bem-sucedido: eis os imperativos morais tupiniquins.

Referências:

1.https://www1.folha.uol.com.br/blogs/saude-em-publico/2023/08/faustao-nao-furou-fila-questionar-a-universalidade-do-sus-e-um-ataque-a-democracia.shtml

2.https://olavodecarvalho.org/o-bem-e-o-mal-segundo-olivio-dutra/

Faça uma doação para o Instituto Liberal. Realize um PIX com o valor que desejar. Você poderá copiar a chave PIX ou escanear o QR Code abaixo:

Copie a chave PIX do IL:

28.014.876/0001-06

Escaneie o QR Code abaixo:

Carlos Junior

Carlos Junior

É jornalista. Colunista dos portais "Renova Mídia" e a "A Tocha". Estudioso profundo da história, da política e da formação nacional do Brasil, também escreve sobre política americana.

Pular para o conteúdo