A moléstia da “empatia” tribal
A empatia pode ser caracterizada como a capacidade de compreender e compartilhar os sentimentos de outros “calçando os sapatos” de outras pessoas. Adam Smith, em sua seminal obra Teoria dos Sentimentos Morais (1759), argumentou que o nosso espectador interior, nosso juíz moral, auxiliaria-nos a regular nossos próprios sentimentos e comportamentos, ou seja, nosso processo decisório. A simpatia smithiana, semelhante à empatia, exigiria o uso da imaginação, requerendo que o indivíduo se colocasse no lugar do outro.
Logicamente, a empatia pode fortalecer os laços sociais, incrementando conexões emocionais e sendo o pilar de nossos julgamentos morais. Para a “tropa da (des)elite progressista”, as “vítimas da sociedade” necessitam chamar a atenção emocional a fim de empurrarem seus desejos e vontades goela abaixo.
No entanto, agora, a sociedade ocidental se encontra aprisionada a essa moléstia caracterizada como empatia.
Vive-se a cultura do parecer ser, do repugnantemente falso altruísmo, da peçonhenta sinalização de virtude e, tristemente, da narrativa ideológica dos “vítimas da sociedade”. Todos somos “racistas e opressores”, que precisam dissimular, não se utilizando do aparato cognitivo-psicológico a fim de não ofender as crenças erguidas pelo sectarismo ideológico e pela construção social de suscetibilidades à flor da pele. Tudo ofende a todos! Grotesco – e risível.
O excesso de empatia opera na contramão, uma vez que fez os indivíduos perderem as balizas da razão e da objetividade, em que os sentimentos e as emoções direcionam o pensamento e a ação. Criou-se, então, o ciclo vicioso e a mentalidade da vitimização social, deixando-se de lado a natural imperfeição humana, das experiências traumáticas e de seus riscos e perigos associados. Além disso, do senso de discernimento, de pensamento crítico e de responsabilidade individual. O precipício é inevitável.
Voltamos à era tribal, em que os instintos se sobrepõem à razão e ao conhecimento, à realidade pragmática.
Tudo isso não passa de mais uma manipulação ideológica da trupe esquerdista, que explora a tal “empatia social” para alcançar seus objetivos tribais.
O grotesco chamado da tribo à empatia, sob a retórica de justiça social aos grupos marginalizados, gestou a deletéria cultura da vitimização, fazendo com que esses grupos se tornassem, por default, “vítimas da sociedade”. Escafederam-se o juízo e a responsabilidade individual. Eles se escondem sob o manto da condição de “vítimas”, para não se responsabilizarem por absolutamente nada! Tudo que ocorre, naturalmente, sempre é culpa dos outros, de seus inimigos.
No contexto vermelho, verde-amarelo, o crime passou a compensar mais do que nunca! Afinal, a construção da narrativa manipula e cega, em especial, os “privilegiados”, desejosos de jogar para fora seus nobres sentimentos culposos. Escárnio.
Será sorte e/ou o positivo cansaço emocional coletivo que fez reacender a chama da razão e da assertividade dos brasileiros? Quase ninguém – sempre há os marxistas adoentados – aguenta mais as narrativas falaciosas do progressismo do atraso petista.
Os brasileiros, ao que parece, não desejam mais serem manipulados por tal ideologia política sectária. O discurso mequetrefe do “é para o seu bem” vem sendo rechaçado majoritariamente pela sociedade brasileira. Assim como verdadeiros punguistas que são, eles tentaram emplacar a fiscalização do Pix. Como em outras circunstâncias, se colar, colou. Não deu, felizmente para nós!
Não há, meu juízo, nenhuma surpresa, haja vista esse desgoverno perdulário, irresponsável e incompetente, que só pensa – e age – em tributar e gastar ideológica e eleitoreiramente. O fardo petista vai justamente para os bolsos, os pratos e as mentes esvaziadas dos mais empobrecidos. A cruel, mas risível retórica das “vítimas da sociedade”, parece, estafou os brasileiros, que não suportam mais ser manobrados por políticas públicas ideológicas e contraproducentes.
Os próprios membros de alguns desses “grupos marginalizados” aparentam ter acordado dos frenéticos devaneios de uma noite de verão… A pergunta que não quer calar em minha “garganta rouca”: a notória e asfixiante ideologização da empatia, dos fervorosos sentimentos, no ápice de seu lado negro das emoções, começa a ser substituída pelos velhos e saudáveis guias da razão e do conhecimento?
Eu espero, veementemente, que essa “verdade progressista transitória” suma do mapa em definitivo.