Os jornais de hoje divulgam a notícia de que o FMI projetou que o Brasil não vai cumprir a meta de superávit primário deste ano, que seria de 1,9% do PIB. De acordo com o Fundo, o Brasil, que há quatro meses opera em regime de déficit primário, somente conseguirá poupar para fins de pagamento da dívida pública o equivalente a 1,3% do PIB.

O que isso significa na prática?

Significa que as contas públicas do país estão realmente em total descalabro. O superávit primário de 1,9% já é extremamente baixo para um país que deve o equivalente a 60% do seu PIB. Na prática, estamos apenas criando mais dívida para o futuro, pois se o dinheiro poupado não paga os juros e serviço da dívida, que dirá o refinanciamento dessa dívida.

Diga-se de passagem, com a deterioração das contas públicas, esse refinanciamento fica cada vez mais caro, pois o mercado passa a desacreditar no poder de pagamento do governo brasileiro, criando uma bola de neve de dívida por conta da irresponsabilidade fiscal do Governo brasileiro.

Por isso, o déficit nominal brasileiro deverá chegar a quase 4%, que é o quanto mais estaremos endividados. Visto que estamos também em recessão técnica e que o PIB deste ano dificilmente chegará a 1% de crescimento, estaremos na prática mais pobres. Nosso endividamento crescerá mais que a nossa produção.

Não é de se estranhar que, de acordo com as pesquisas de opinião, quase 70% dos brasileiros querem mudança.